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Extremistas do Estado Islâmico têm células ativas no Afeganistão

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AP/EAST NEWS

Agências de Notícias - publicado em 10/01/18

Os talibãs continuam sendo a principal ameaça para as autoridades afegãs, mas o EI tem atraído a atenção

O grupo extremista Estado Islâmico (EI) estendeu nos últimos meses a Cabul sua crescente presença no Afeganistão, doutrinando afegãos de classe média e contribuindo para transformar a capital em um dos lugares mais perigosos do país.

O EI, que inicialmente se concentrava no leste do Afeganistão, reivindicou nos últimos 18 meses cerca de 20 atentados na capital, cometidos diante dos olhos das autoridades afegãs e americanas por células locais nas quais havia estudantes, professores e comerciantes.

Esta tendência preocupa tanto civis, esgotados após décadas de guerra, quanto as forças de segurança afegãs e seus aliados americanos, que já se debatem para tentar conter a ofensiva dos talibãs.

“Não é só um grupo instalado em uma zona rural do leste afegão, [também] realiza ataques sangrentos, muito visíveis em plena capital e acho que é algo inquietante”, afirma o analista Michael Kugelman, do Wilson Center, de Washington.

O braço local do EI, denominado EI Jorasan, surgiu na região em 2014 e então era composto em grande parte por ex-combatentes talibãs e de outros grupos extremistas de Paquistão, Afeganistão e Ásia Central.

No verão de 2016, reivindicou seu primeiro atentado em Cabul e desde então multiplicou seus ataques contra a minoria xiita e as forças de segurança.

Candidatos a executá-los não faltam, afirmam os analistas. Há décadas o Afeganistão tem uma influente corrente extremista, presente em todas as camadas da sociedade, incluindo os jovens urbanos conectados.

Estes partidários vivem sem se esconder na capital, onde trabalham e estudam, e se encontram à noite para falar de guerra santa ou planejar ataques em uma cidade que conhecem como a palma da mão.

Eles sabem, por exemplo, detectar medidas de segurança como as que as autoridades tomaram após o enorme atentado, que deixou mais de 150 mortos em maio.

“É uma estrutura que se adapta e reage”, destaca um diplomata ocidental.

Há “20 (células do EI) ou mais” operando na cidade, declarou recentemente à AFP uma fonte de segurança afegã.

– Nova onda –

Segundo Borhan Osman, analista do International Crisis Group, especialista em redes de insurgentes no Afeganistão, suas fileiras se abastecem através do recrutamento por redes sociais, assim como em mesquitas, escolas e universidades.

“Não se pode dizer que sejam todos pobres: alguns procedem da classe média alta de Cabul. Alguns têm diplomas universitários”, além do que, em sua maioria, têm formação religiosa, destaca.

Os talibãs continuam sendo a principal ameaça para as autoridades afegãs, mas o EI tem atraído a atenção da mídia nas últimas semanas matando dezenas de pessoas.

Alguns atentados foram cometidos muito perto das embaixadas estrangeiras ou da sede da missão da Otan.

Os Estados Unidos lançaram em abril sua bomba mais potente, denominada de “mãe de todas as bombas”, sobre uma rede de cavernas e túneis subterrâneos no leste do país, matando 90 membros do EI. Seguiram-se intensos bombardeios aéreos.

Mas esta estratégia não conseguiu destruir o EI. Ao contrário, levou muitos insurgentes a se refugiarem em Cabul, onde é impossível usar tais armas, afirmam os analistas.

A resistência que se opõe ao EI gera temores de que o Afeganistão se transformar em uma nova base para os extremistas que fogem do Iraque e da Síria.

Mas a natureza exata dos vínculos entre o EI no Afeganistão e no Oriente Médio não está clara.

O governo afegão afirma não haver nenhum laço, mas os analistas estimam que existe comunicação como parece ilustrar o recente aparecimento no norte do país de insurgentes franceses ou argelinos, alguns procedentes da Síria.

Seus objetivos parecem pelo menos similares: “provocar muito ódio sunita com relação aos xiitas”, afirma Vanda Felbab-Brown, membro do Brookings Institution.

No entanto, custará ao EI transformar o Afeganistão em uma nova frente de luta inter-religiosa, destaca Kugelman, lembrando que as principais linhas de fissura no país são étnicas e não religiosas.

(AFP)

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