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“Deveríamos observar um pouco mais o céu; viveríamos com maior lucidez”

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Zach Dischner-(CC BY 2.0)

Miriam Diez Bosch - publicado em 11/01/18

Uma entrevista com Carles Duarte, que fala sobre o universo, telescópios, poesia e Deus

Faz 30 anos que este poeta, escritor e promotor cultural tem telescópios em casa. Ele se define como “aficionado pela Astronomia”. Uma paixão que culminou em estudos e livros sobre a cartografia lunar. Para ele, existe um triplo motivo de seu interesse pela Astronomia: estético, científico e espiritual.

Carles Duarte dirigiu a Fundação Lluís Carulla, em Barcelona, preside a Comissão de Cultura da Sociedade Econômica Barcelonesa de Amigos do País, é secretário do Círculo do Museu de História da Cidade de Barcelona e patrono da fundação Amigos do MNAC. Também é presidente do Conselho Nacional da Cultura e das Artes da Espanha. Leia a entrevista que ele concedeu à Aleteia:

Poeta, promotor cultural e, quando pode escapar para a varanda, afina o telescópio e observa o Universo. Por quê?

Em nossa vida cotidiana apressada e cheia de preocupações concretas e imediatas que reivindicam constantemente toda a nossa atenção, sinto a necessidade de tomar distância, de deter o relógio dos ritmos recorrentes e de dedicar umas horas à contemplação e ao estudo do universo.

Há 30 anos tenho telescópios em casa e costumo fazer observações com eles. Por exemplo: escrevi, juntamente com o astrônomo Enric Marco, da Universidade de Valência, um trabalho sobre a cartografia e a toponímia lunar, começando pelos estudos do jesuíta do século XVII Giovanni Battista Riccioli até a exploração russa da face oculta da Lua, em 1959 – quando eu nasci.

O Universo nos fala de Deus, do imenso, do infinito. Diante da fugacidade de nossa experiência humana, é a consciência da condição eterna do divino. É certo que, sem recorrer a instrumentos astronômicos, podemos seguir o ciclo anual das constelações. Mas os telescópios nos brindam com a beleza dos planetas do sistema solar (especialmente de Júpiter, Saturno e Marte), das nebulosas, dos aglomerados de estrelas, como as Plêiades, das galáxias…

Existe, pois, para mim, um triplo motivo de meu interesse pela Astronomia: estético, científico e espiritual.

A Bíblia fala sobre estrelas, do firmamento… Quando você a lia antes de ter o telescópio, você valorizava os elementos do céu da mesma forma?

Eu sentia uma grande curiosidade pelo firmamento. E a leitura da Bíblia só aumentou essa curiosidade. Eu desejava compreender o impressionante espetáculo que se abre diante de nossos olhos atônitos e fascinados. E ler a Bíblia foi um poderoso incentivo para que eu adentrasse o campo deste conhecimento tão atrativo e cheio de incertezas.

 O que se pode ver no céu?

Poderíamos dizer que, em boa parte, estamos vendo o passado. A distância gigantesca que nos separa dos astros nos coloca, por mais veloz que seja a luz (300.000 km/s), em condições de observar estrelas que já não existem e fenômenos que aconteceram há milhões de anos. E é preciso recordar que, sob a aparência escura do céu noturno, Marte é avermelhado, Saturno está entre o areia e o amarelo e as nebulosas adquirem tonalidades surpreendentemente mágicas.

Também é preciso dizer que os antigos projetaram no céu a imaginação humana e recriaram mitos, batizando com seus nomes as constelações, como acontece, por exemplo, com Órion.

Por que muita gente chama quem estuda o céu de lunático. Você seria um lunático porque observa a Lua?

Na realidade, até o começo do século XIX, defendeu-se a hipótese da existência de cidades com seus habitantes na Lua. Entendo que os lunáticos são os que não vivem com os pés no chão e pisando com firmeza na Terra, mas aqueles que se refugiam em mundos de sonho, mais imaginários do que reais.

É certo que o ser humano chegou à Lua. Mas também é certo que a Lua é filha da Terra, pois é formada de matérias expulsas de nosso planeta ao se chocar com um protoplaneta durante processo de configuração do sistema solar. Ela é inabitável para nós pela ausência de atmosfera e pelas temperaturas extremas.

A Lua é fixa por força da gravidade exercida sobre ela e sobre a Terra. Por essa razão, não pode girar sobre si mesma. Por isso, sempre vemos a mesma face da Lua. Somente em algumas regiões muito concretas poder-se-ia chegar a estabelecer algum tipo de base lunar. Os dias e as noites na Lua são muito mais compridos do que temos no Mediterrâneo, por exemplo.

A Lua é um lugar pouco recomendado para viver, mas um bom cenário para nossa imaginação.

Deveríamos observar um pouco mais o céu?

Creio que sim. Isso nos ajudaria a viver mais serenamente, com maior lucidez e a nos sentir mais próximos de Deus.

Sua poesia existira sem esta contemplação da natureza, especialmente do céu?

Não. Minha poesia está impregnada das cores das auroras e dos crepúsculos. Mas também da experiência indispensável de me sentir não somente unido ao nosso planeta, mas ao Universo inteiro, e ver nele a obra de Deus.

Tags:
CiênciaLiteratura
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