Primeiro matou pacientes como enfermeiro, nos anos 1980 e 1990, e depois o fez até 2011
O ex-enfermeiro e diácono de uma diocese na região belga de Flandes admitiu no primeiro dia de um processo em Bruges (noroeste) ter provocado a morte de vinte pessoas.
Ivo Poppe, de 61 anos e apelidado pela imprensa local de “Diácono da morte”, forneceu pela primeira vez uma estimativa do número de suas vítimas, superior às dez mortes atribuídas a ele.
“Foram 10 ou 20, 20 no máximo, aproximadamente”, respondeu o acusado durante o primeiro interrogatório judicial.
“Queria eliminar o sofrimento de pessoas que já não viviam”, afirmou Ivo Poppe, que expressou arrependimento. “Hoje eu chamaria uma equipe de cuidados paliativos”, acrescentou.
A maioria de suas vítimas era de idosos, a quem ele decidiu diminuir o sofrimento físico ou psíquico quando trabalhava como enfermeiro em um hospital de Menin, fronteia com a França.
O método consistia em administrar grandes doses de valium ou injetar ar nas veias dos pacientes.
Primeiro matou pacientes como enfermeiro, nos anos 1980 e 1990, e depois o fez até 2011, depois de ser ordenado diácono.
Durante a investigação, que se baseou em uma lista de 50 mortes suspeitas, admitiu ter reduzido o sofrimento de dois pacientes e de quatro parentes, incluindo sua mãe, mas nega que tenham sido assassinatos e sim “eutanásia ativa”.
Ele foi detido em 2014 depois que seu psiquiatra informou à justiça sobre suas confidências.
O julgamento, que deve durar duas semanas, terá 80 testemunhas. Ivo Poppe enfrenta a prisão perpétua.
Na Bélgica, a eutanásia ativa é autorizada por lei desde 2002 para os pacientes que sofrem de um mal incurável e que tenham feito seu pedido neste sentido de forma voluntária.
(AFP)