Aleteia logoAleteia logoAleteia
Domingo 02 Abril |
São Francisco Coll y Guitart
Aleteia logo
Atualidade
separateurCreated with Sketch.

O Papa Francisco não faz nada a respeito da Venezuela?

VENEZUELA

Shutterstock-David Ortega Baglietto

Francisco Vêneto - publicado em 25/01/18

Assim como ocorreu contra Pio XII, supostos católicos acusam Francisco de omissão, covardia e até, pasmem, cumplicidade

O atual regime ideológico da Venezuela, autoproclamado como “o socialismo do século XXI“, tem demonstrado reiteradamente que não apenas não dialoga como ainda tenta esmagar a oposição de todas as formas possíveis. Esse esmagamento inclui entre seus alvos, como sempre ocorre sob regimes ditatoriais, os bispos católicos que denunciam os seus crimes.

VENEZUELA
Andrés E. Azpúrua-(CC BY-ND 2.0)

O chavismo continuado por Nicolás Maduro tem agora mirado contra os bispos dom Antonio López Castillo (foto abaixo), que, numa recente homilia, arrancou veementes aplausos dos fiéis ao pedir que a Venezuela seja salva da corrupção, e dom Victor Hugo Basabe, que rezou publicamente para que a Venezuela se livre da “praga corrupta” que leva “milhares de venezuelanos a fuçarem no lixo à procura de lavagem para matar a fome”. O ditador Maduro os acusou de “crimes de ódio” – por dizerem o óbvio.

LOPEZ CASTILLO
Conferencia Episcopal Venezolana

Monseñor Antonio López Castillo, Arzobispo de Barquisimeto
HUNGER
(Photo by Roman Camacho/NurPhoto)
Venezuelanos vasculham lixo em busca de comida

Como a Igreja tem lidado com o regime chavista?

Os assim chamados “ataques diretos” não costumam fazer parte do modo de agir do Vaticano, porque a encrespação dos ânimos sempre gera riscos de represálias contra a população católica.

Por isso, episcopado venezuelano e representantes do Vaticano na Venezuela têm procurado mediar o profundo conflito que sangra o país há anos, enfrentando uma sinuca semelhante à que teve de ser encarada pela Santa Sé em relação ao nazismo alemão na primeira metade do século passado.

O dilema, naquele e neste contexto, é basicamente o mesmo: como equilibrar conteúdo firme e forma conciliadora para, ao mesmo tempo, opor-se a um regime opressor e evitar que o regime se torne ainda mais brutal contra os oprimidos?

Este dilema se repete em quaisquer países opressores nos quais o risco do confronto aberto derramaria mais sangue inocente. É o caso, por exemplo, da China, de Cuba, do Vietnã e de todos os países africanos e asiáticos que sofrem grande influência do fanatismo islâmico.

A opção da Igreja costuma ser, por isso mesmo, a ação mediadora nos bastidores, juntamente com declarações pontuais mais fortes, mas sem provocar ruptura total. Essa fórmula tem sido considerada a menos passível de provocar piora drástica na já dramática situação que caracteriza os regimes autoritários.

pio12
© DR

Tanto o PapaPio XII (diante dos regimes opressores dos anos 1930 e 1940) quanto o PapaFrancisco (diante dos regimes ditatoriais da nossa época) têm de pagar o preço de ser acusados de omissos, covardes ou até cúmplices – inclusive, como se não bastassem os ataques de fora, por parte de supostos católicos mais propensos a crucificar o Papa do que a propor estratégias responsáveis, sensatas e realistas.

O caso finlandês

É muito recomendável e instrutivo que os críticos conheçam a história de Carl Gustaf Emil Mannerheim, líder da Finlândia durante a Segunda Guerra Mundial.

web-carl-gustaf-emil-mannerheim-public-domain-via-wikipedia
Portrait de Carl Gustaf Emil Mannerheim © wikipédia

Mannerheim tinha o desafio quase impossível de manter a Finlândia livre, ao mesmo tempo, do domínio da Alemanha nazista, por um lado, e da invasão da União Soviética e sua ditadura comunista, por outro. Ele precisou encarar um delicado jogo de equilíbrio visando o bem do seu povo – a mesma coisa que tinha de ser feita pelo Papa Pio XII e com o mesmo objetivo.

No entanto, apesar de terem se baseado na mesma e sensata lógica, Mannerheim é até hoje um herói na Finlândia, enquanto Pio XII ainda é bombardeado pelos que, tergiversando a realidade, o acusam de ter sido o “Papa de Hitler“. E isso que Pio XII salvou muito mais judeus do que Mannerheim e, obviamente, muitíssimo mais do que aqueles que lhe apontam o dedo…

Para saber mais sobre estes dois líderes e entender melhor a complexidade da sua situação, leia este artigo:

“Presidente de Hitler” não, mas “Papa de Hitler” sim?

Tags:
comunismoditaduraHistória da IgrejaIdeologiaMundoPapa FranciscoPolítica
Apoiar a Aleteia

Se você está lendo este artigo, é exatamente graças a sua generosidade e a de muitas outras pessoas como você, que tornam possível o projeto de evangelização da Aleteia. Aqui estão alguns números:

  • 20 milhões de usuários no mundo leem a Aleteia.org todos os meses.
  • Aleteia é publicada diariamente em sete idiomas: inglês, francês,  italiano, espanhol, português, polonês e esloveno
  • Todo mês, nossos leitores acessam mais de 50 milhões de páginas na Aleteia.
  • 4 milhões de pessoas seguem a Aleteia nas redes sociais.
  • A cada mês, nós publicamos 2.450 artigos e cerca de 40 vídeos.
  • Todo esse trabalho é realizado por 60 pessoas que trabalham em tempo integral, além de aproximadamente 400 outros colaboradores (articulistas, jornalistas, tradutores, fotógrafos…).

Como você pode imaginar, por trás desses números há um grande esforço. Precisamos do seu apoio para que possamos continuar oferecendo este serviço de evangelização a todos, independentemente de onde eles moram ou do quanto possam pagar.

Apoie Aleteia a partir de apenas $ 1 - leva apenas um minuto. Obrigado!

PT300x250.gif
Oração do dia
Festividade do dia





Envie suas intenções de oração à nossa rede de mosteiros


Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia