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Pesquisa aponta: 83% das crianças se sentem trocadas pelo celular e 56% querem ser um

Mãe e filha na mesa com seus telefones

Por Syda Productions/Shutterstock

Papo de pai - publicado em 12/02/18

Uma pesquisa global realizada pela AVG Technologies, que viralizou recentemente, mostrou o quanto os filhos estão invisíveis dentro de casa

Uma pesquisa global realizada pela AVG Technologies, que viralizou recentemente, mostrou o quanto os filhos estão invisíveis dentro de casa. Cerca de 83% das crianças entrevistadas disseram que se sentem trocadas pelo celular e outros 56% gostariam de ser um celular, afirmando que confiscariam os aparelhos dos pais se pudessem.

Para o estudo foram ouvidos 316 brasileiros de um total de 6.117 entrevistados de países como EUA, Austrália, Canadá, República Tcheca, França, Alemanha, Nova Zelândia e Reino Unido.

“Vivemos uma realidade de violência virtual, que se dá por meio de abandono dos pais”, afirma Luci Pfeiffer, que é Pediatra, Psicanalista e Coordenadora do Programa DEDICA. “A negligência, que é a falta do cuidar, é uma das piores formas de violência. Ela é velada, não deixa marcas evidentes, mas destrói a estruturação de personalidade de uma criança. Por isso é grave.”

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Segundo a especialista, até os seis anos, crianças constroem todos os valores éticos e morais, que são aprendidos por espelhamento e estímulo dos adultos. “Portanto, se o Pai e a Mãe não largam o celular em casa, é esse comportamento que estarão ensinando”, diz. “Isso tomará o tempo de atividades que valorizam o contato, gerando problemas como isolamento e vício.”

Luci critica ainda a maneira perversa como os desenhos atuais têm segurado a atenção das crianças, como se fossem os próprios pais. Os olhos grandes dos personagens, por exemplo, estão lá porque os bebês procuram o tempo todo o olhar dos adultos, as risadas recorrentes é o sinal de aprovação que eles sempre buscam nos responsáveis pela sua criação, as frases repetidas é o método mais eficaz de fazê-los aprender a falar.

“O problema é que nenhuma tecnologia substitui abraço, carinho, sorriso e olhar de aprovação”, conta. “O que está acontecendo é uma grave terceirização do cuidar, que não tem afeto nem calor.”

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Antes, Luci lidava com um barulho imenso no consultório, por conta das crianças brincando. Agora, quando vai à sala de espera, cada Pai usa seu smartphone e a criança fica no tablet. Em casa, os adultos interrompem qualquer brincadeira para se ocupar das mensagens que chegam por WhatsApp, e o celular está presente até na hora das refeições

E quando o aparelho por acaso é esquecido em casa? A pessoa volta para buscá-lo imediatamente. “Isso se chama nomofobia, uma consequência grave da dependência de eletrônicos”, conta.

Como agir no dia a dia?

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Na prática, as associações de pediatria nacionais e internacionais recomendam mudanças por parte de todos os membros da família.

Aos filhos: até os dois anos, é aconselhado que a criança não tenha contato com nenhuma tela. Esse é o momento de aprender com o toque, o paladar e troca interpessoal. Dos 3 aos 6 anos, a recomendação de uso do aparelho eletrônico é de, no máximo, uma hora por dia. Dos seis em diante, os filhos devem usá-los até duas horas por dia.

Aos pais: se estiver na companhia dos filhos, deixe o telefone de lado, preste atenção no que ele tem a dizer e brinque o máximo possível. Além disso, dê preferência à comunicação oral. Levar trabalho para casa também não deve virar rotina. É preciso aproveitar as trocas e a vida em família.

(Imagens e texto via Papo de Pai)

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