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País muçulmano restringe São Valentim (dia dos namorados) por ser “festa cristã”

Paquistão restringe São Valentim

CC

Reportagem local - publicado em 14/02/18

Esse país tem arbitrárias e abusivas "leis antiblasfêmia" que são frequentemente manipuladas para perseguir cristãos, condenando-os sem provas

No dia 7 de fevereiro de 2018, a agência governamental paquistanesa que regula a mídia no país proibiu qualquer transmissão que fizesse referência à festa de São Valentim, equivalente ao Dia dos Namorados na maioria dos países (o Brasil é uma exceção: o dia dos namorados é celebrado em 12 de junho por ser a véspera de Santo Antônio, que, na cultura luso-brasileira, é considerado o “santo casamenteiro”).

A festa de São Valentim é celebrada em 14 de fevereiro. Segundo a tradição popular, ele teria sido um bispo que, apesar das proibições impostas pelo imperador romano, continuou celebrando casamentos clandestinamente. Recusando-se a renunciar à fé cristã, Valentim teria sido martirizado em um dia 14 de fevereiro. Não há, porém, comprovações históricas desse relato, o que levou a Igreja a retirar essa festa do calendário litúrgico em 1969, mantendo-a apenas como memória facultativa.

O Paquistão, que é um país majoritariamente muçulmano, está combatendo esta celebração do dia dos namorados precisamente por causa das suas origens cristãs.

O Tribunal Supremo do Paquistão confirmou uma ordem restritiva emitida em 2017, baseada na alegação de que as celebrações de São Valentim seriam “contrárias à doutrina islâmica”.

A sentença despertou os protestos da Pakistan Minorities Teachers Association (PMTA – Associação de Professores das Minorias), que observou:

“Proibir qualquer referência ao Dia de São Valentim em lugares públicos e na mídia é uma violação do artigo 28 da Constituição do Paquistão e limita os direitos humanos fundamentais”.

Em declarações à agência vaticana Fides, o presidente da PMTA, Anjum James Paul, declarou:

“A situação está piorando e o Paquistão está perdendo o pluralismo e a diversidade. O espaço social para as minorias religiosas está sendo cada vez mais reduzido. As minorias religiosas paquistanesas temem ser obrigadas a viver de acordo com o artigo 31 da Constituição do Paquistão, que menciona o estilo de vida islâmico. Esta é a razão pela qual o número das minorias religiosas diminuiu no país: em 1947 eram 23% e agora são menos de 5%”.

Perseguição religiosa no Paquistão

Paul faz um alerta: a restrição à celebração de São Valentim também poderia estender-se a outras celebrações próprias da fé cristã, configurando aberta perseguição religiosa.

O Paquistão é tristemente célebre no mundo por suas abusivas leis “antiblasfêmia”, que são frequentemente manipuladas de modo a dirigir acusações falsas contra inimigos políticos e a promover prisões e até condenações à morte sem provas conclusivas.

O caso mais clamoroso foi o da mãe de família católica Asia Bibi, que passou quase dez anos no corredor da morte paquistanês por ter supostamente “blasfemado contra o islã“. Ela foi condenada à morte sem quaisquer provas reconhecidas pela comunidade internacional. Graças à persistente pressão mundial, ela finalmente foi absolvida no final de 2018, mas precisou sair quase fugida do próprio país, com a família, para não ser assassinada por setores radicais contrários à sua absolvição.

Saiba mais sobre o seu caso, aberrante e indignante, acessando o seguinte artigo:

A católica que vive há 3.000 dias no inferno à espera do enforcamento

Asia Bibi
Asia Bibi © YouTube
Asia Bibi

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MuçulmanosPerseguição
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