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Será que o Vaticano deve vender seus bens e dar tudo aos pobres?

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© M.MIGLIORATO I CPP I CIRIC

24 février 2016 : La Salle Sixtine de la Bibliothèque apostolique vaticane. Vatican.

O Catequista - publicado em 14/02/18

Argumentos sólidos para você responder àquele amigo que acusa sua Santa Igreja

O Dalai Lama é mundialmente reconhecido como uma das pessoas mais humildes e abnegadas do mundo. Entretanto, o que quase ninguém sabe é que, antes de fugir do Tibete, ele viveu durante toda a sua infância e juventude em um enorme e majestoso palácio – o Potala Palace. Em suas dependências, há amplos entalhes e outras decorações feitas com pedras preciosas e ouro.

Em muitos outros países de maioria budista, há uma enorme quantidade de altares e imagens de Buda feitas em ouro maciço. E não se vê ninguém levantar a voz para defender a venda desses objetos para distribuir o dinheiro aos pobres. Tudo é admirado – inclusive pelos turistas ocidentais – com respeito e até devoção. Bem diferente é o olhar dessas mesmas pessoas sobre a riqueza artística dos templos católicos, em especial, do Vaticano!

Certamente você já ouviu mil vezes a história de que a Igreja Católica é trilhardária, e de que as obras de arte do Vaticano deveriam ser vendidas para acabar com a fome no mundo. Isso não passa de mimimi dos anticatólicos recalcados!

A primeira coisa a entender é que a Igreja Católica não é uma ONG, nem uma empresa, nem um clubinho. Somos um povo! E como tal, gostamos de cuidar bem das coisas que são sagradas para nós. Por isso, as nossas igrejas são sempre alvo do olho-gordo alheio, principalmente aquelas que são mais ricamente ornamentadas (só para constar: nós não acreditamos em olho-gordo. Como bem dizia o Padre Quevedo, “Esso non ecziste!”).

Você sabia que o Vaticano é um país? Sabia que é a capital do nosso povo católico? O que deveríamos ter feito? Uma tapera? Acaso Brasília é feita de taperas? Aí você vai me perguntar sobre todas aquelas obras de arte. Pois todas elas foram presentes dados por um povo a Deus, ao longo de cerca de dois mil anos. É justo vender presentes que não são seus e que sabe-se lá com que esforço foram obtidos?

Você já viu alguém propor a venda das obras de arte do Museu do Louvre para dar o dinheiro aos pobres? É… Parece que, aos olhos do mundo, só os católicos não têm direito de manter um rico patrimônio artístico e arquitetônico.

Avisa para o seu amiguinho anticatólico que o terreno sobre onde está construída a Basílica de São Pedro foi “comprado” pelos cristãos com o preço de rios de sangue. Naquele local, um dia existiu o tenebroso Circo de Nero (saiba mais aqui). Então, estamos mais do que do direito de construir e manter ali um templo ricamente adornado.

Mas vamos lá… A causa é nobre: acabar com a fome no mundo! Não vale o esforço de vender toda a riqueza das nossas igrejas? Não. Porque não vai dar certo. Não é essa a maneira de fazer isso. Quantos milhões de dólares já foram enviados a regiões de extrema pobreza, sem sucesso algum? Muitos, não é? A corrupção não deixou que nada fosse feito.

Porém instituições bancadas e lideradas pela Igreja Católica conseguem chegar nesses lugares e fazer muito – como todos deveriam saber, católicos destinam muito dinheiro para a caridade. A Igreja Católica possui a maior rede de filantropia do mundo! Só para dar dois exemplos entre milhares: temos a Pastoral da Criança criada pela Dra. Zilda Arns, que reduz drasticamente a mortalidade infantil por onde passa; e a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (ACN – Aid to the Church in Need), que oferece socorro a pessoas necessitadas em diversos países.

Se vendêssemos tudo, não haveria mais como sustentar essas obras, e o dinheiro acabaria no bolso de algum político. Ainda assim, as doações da Santa Sé aos pobres de todo o mundo são frequentes e volumosas. Quando há um grande desastre em alguma parte do planeta, quase sempre o Vaticano envia uma considerável ajuda em dinheiro.

Só para ilustrar, citamos dois pequenos exemplos: em 2013, a Harley Davidson doou duas motos fantásticas para o Papa Francisco. Uma das motos ficou com a polícia do Vaticano (a Gandemeria), e outra foi leiloada, junto com uma jaqueta. O total arrecadado, de quase 300 mil euros, foi inteiramente destinado a obras de caridade. O mesmo foi feito com um automóvel Lamborghini que o Papa ganhou em 2017: será leiloado e o dinheiro encaminhado aos pobres.

Por fim. Porque os ateus e crentes querem fazer caridade com o dinheiro da Igreja Católica? Porque os ateus não propõem vender as lindas obras do Niemeyer espalhadas por todo país, especialmente em Brasília? Certamente alegarão que não podem ser vendidas porque pertencem ao povo!

Por que os evangélicos que tanto acusam a Igreja Católica não vendem suas redes de televisão? Tenho certeza de dirão algo parecido… Então por que exigem que o nosso povo católico se deixe depenar e se sacrifique sozinho? Aliás, o que todas essas pessoas já venderam ou renunciaram em nome de acabar com a fome no mundo? Quer saber mesmo? Nada. Enquanto os anticatólicos fazem bravata por aqui, a nossa Igreja Católica promove a dignidade humana e salva milhões de vidas nos lugares realmente necessitados.

Os zôio-gordo ignoram ainda que, mesmo se quisesse, o papa não poderia vender as obras de arte do Vaticano. Além de pertencer ao povo católico, o Vaticano foi declarado pela UNESCO como patrimônio da humanidade:

Em 1984, a Cidade do Vaticano foi registrada como um patrimônio cultural e natural mundial em termos da Convenção da UNESCO de 16 de novembro de 1972, que garante a proteção desses locais. O Estado da Cidade do Vaticano também é reconhecido internacionalmente como um patrimônio moral, artístico e cultural, que merece respeito e proteção como um tesouro que pertence a toda a humanidade. (Site do Estado do Vaticano)

Então, da próxima vez que seu amigo lhe aborrecer com esse assunto, mande ele dar o iPhone dele para o mendigo e parar de fazer discurso com o patrimônio alheio!

(via Catequista)

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