Ele conseguiu combater a violência e o tráfico de drogas na escola em que trabalha e é finalista do principal prêmio de educação do mundoA roda de leitura acontece debaixo de uma frondosa árvore, com bancos e muro recentemente pintados com muito capricho. Mas nem sempre foi assim. O local onde hoje funciona a “praça da leitura”, na parte da frente da Escola Municipal Darcy Ribeiro, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, era um ponto de tráfico de drogas. O muro estava pichado e com vários buracos por onde a droga entrava na escola.
Esta foi só uma entre as muitas transformações promovidas pelo educador Diego Mahfouz Faria Lima desde que assumiu a direção do colégio. A realidade da escola era desafiadora. O bairro em que ela está localizada é marcado pela violência e pelo tráfico de drogas – uma situação que também era comum dentro da sala de aula. Alguns alunos já foram, inclusive, flagrados com armas dentro da unidade escolar, que também registrava altos índices de evasão escolar.
Uma das primeiras ações do educador foi tentar entender o motivo pelo qual muitos alunos não queriam frequentar a escola. Por isso, quando o diretor detectava a falta, ele ia até a casa do estudante para conversar com ele e com os pais. Um dos principais motivos apontados para o abandono escolar era a violência, já que as crianças tinham medo de se envolver em brigas. Com o trabalho de mediação de conflitos realizado pelo professor, o problema foi resolvido.
As famílias também foram convidadas a ajudar a melhorar a estrutura da escola e transformá-la em um ambiente agradável. Os pais pintaram paredes e consertaram carteiras. “Houve um resgate do sentido de pertencimento da comunidade à escola”, diz o professor.
Diego ainda conta que, no primeiro dia de trabalho, os alunos colocaram fogo no banheiro e jogaram água e lixo nele. Foi aí que ele mostrou força e amor à profissão. Desistir nunca passou pela cabeça de Diego. Ao contrário: decidiu dar voz aos alunos, aos pais e professores e transformar a escola em um ambiente de paz, conversas, entendimento, ajuda e aprendizado verdadeiro. “Falar do Diego é falar de amor, de doação. Ele acompanha o aluno e não o abandona. Esse olhar bondoso, acolhedor”, diz Maria Silvia, que trabalha com Diego.
Indicação ao prêmio
Os inúmeros projetos do diretor deram resultado: o educador conquistou a confiança dos alunos e dos pais. Com isso, o tráfico de drogas foi combatido na escola, assim como a violência. O índice de evasão também caiu drasticamente.
O trabalho ganhou o reconhecimento de uma fundação internacional que oferece um prêmio, o Global Teacher Prize, para o melhor educador do mundo. Para concorrer, é preciso comprovar como o profissional conseguiu fazer a diferença na vida dos alunos e da comunidade escolar. A honraria é considerada o “nobel” da educação.
O professor Diego, este ano, é o único brasileiro entre os dez finalistas da premiação. O vencedor ganha US$ 1 milhão, mas, para Diego, o melhor prêmio é outro: “O melhor prêmio que eu tenho hoje é ver tantos jovens deixando o mundo das drogas e da violência e buscando na escola essa transformação de vida”, conclui o educador nota 10.