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Sal, saber e sabor

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Vanderlei de Lima - publicado em 27/02/18

Na Bíblia, o sal é um ingrediente importante que não só tempera, mas também conserva os alimentos

No último final de semana, em todas as Celebrações da Paróquia São Sebastião, de Amparo (SP), houve – em atenção ao Ano Nacional do Laicato, proposto pela CNBB –, a entrega de sal a cada um dos presentes. Daí, a conveniência de explicarmos, ainda que de modo breve, o significado dessa substância na vida do Povo de Deus.

Na Bíblia, o sal é um ingrediente importante que não só tempera, mas também conserva os alimentos (cf. Jó 6,6). Portanto, o sal lembra a conservação da fé que recebemos no Batismo. Conservação que não é de mero estoque, mas de uso: cada um(a) é chamado(a) a partilhá-la conservada (“salgada”), ou seja, pura e íntegra.

Ainda a expressão “comer sal” significa companheirismo, amizade, aliança (cf. Esd 4,14; Nm 18,19; 2Cr 13,5). Desse modo, até hoje se fala que para bem conhecer alguém é preciso “comer um saco de sal junto”. Daí, também os sacrifícios oferecidos a Deus serem temperados com sal, como sinal de aliança (cf. Lv 2,13; Ez 43,24, inclusive o incenso cf. Êx 30,35). Ainda: a criança recém-nascida era esfregada em substância salina por razões religiosas purificatórias (cf. Ez 16,4), também Eliseu purificou as águas de Jericó com sal (cf. 2Rs 2,19-22).

No Novo Testamento, o sal aparece, em particular, como marco da sabedoria e da pureza moral, de modo que ser discípulo de Jesus é ter o compromisso de viver como sal da terra (cf. Mt 5,13; Mc 9,50; Lc 14,34-35). Eis nosso grande chamado: dar sabor e saber a um mundo pragmático marcado pela falta de gosto para com as coisas divinas, em parte porque ignora a beleza do plano salvífico de Deus para a humanidade.

Sim, saber e sabor vêm da mesma raiz latina, o verbo sapo, ere. Daí, sabendo das coisas divinas, se tem maior sabor ou melhor gosto de vivê-las; em complemento, quem gosta de vivê-las, quer, cada vez mais, saber ou conhecer o projeto de Deus a seu respeito e a respeito do próximo. É, portanto, sábio e saboroso (prazeroso) apreciar o mundo com o olhar profundo e amoroso do Senhor. Quem vive isso exerce a caridade fraterna e tem a calma dos pacíficos – veja a Campanha da Fraternidade/2018. É, enfim, sal da terra.

Meditemos, pois, a partir desta reflexão!

Vanderlei de Lima é eremita na Diocese de Amparo.

Tags:
BíbliaEspiritualidadeQuaresma
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