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Corredor humanitário em Ghuta Oriental permanece vazio

Red crescent convoy arrives in Fu’ah town of Idlib

© ABDURAHMAN SAYED / GETTY IMAGES

IDLIB, SYRIA - JANUARY 11: Red Crescent convoy, carrying humanitarian aid, pass along the road in Fu'ah town of Idlb, Syria on January 11, 2016. Opposition let the convoy to the town after UNs refugee agency (UNHCR), for its part, said negotiations with the regime concluded with agreement to send a humanitarian convoy into the regime sieged town, Madaya. (Photo by Abdurahman Sayed/Anadolu Agency/Getty Images)

Agências de Notícias - publicado em 28/02/18

Nenhum civil nem comboio de ajuda usou nesta quarta-feira (28) o corredor humanitário instaurado pelo governo sírio e por seu aliado russo no enclave rebelde da Ghuta Oriental, perto de Damasco, apesar da baixa intensidade dos bombardeios.

O corredor, previsto no âmbito de uma trégua de cinco horas por dia – de 09h00 às 14H00 – (04H00 a 9H00 de Brasília), decretado na segunda-feira pela Rússia para permitir o abastecimento de ajuda e a saída de habitantes ou feridos do enclave, se viu necessário depois que os bombardeios aéreos do governo, sobretudo, provocaram a morte de mais de 600 civis desde 18 de fevereiro.

Os combates em terra continuavam nesta quarta-feira (28) no enclave, enquanto Moscou e Damasco acusam os grupos insurgentes de violarem o cessar-fogo, algo que estes atribuem aos primeiros, neste país devastado por sete anos de guerra.

Pelo segundo dia consecutivo desde a entrada em vigor da “pausa humanitária”, nenhum civil percorreu o corredor estabelecido a nível do setor de Al-Wafidin para sair do enclave rebelde, segundo uma fonte militar. Tampouco comboios de ajuda humanitária transitaram na direção contrária.

Soldados eram vistos perto de um “check-point” do governo nas margens de um corredor. Um pouco mais distante, ônibus e ambulâncias vazios aguardavam, de acordo com um correspondente da AFP no local.

Entretanto, os disparos diminuíram de intensidade nesta quarta e apenas foram assinalados bombardeios esporádicos durante as cinco horas de pausa. Mas os ataques do governo antes e depois da trégua mataram oito civis, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Enquanto isso, quarenta caminhões carregados com ajuda humanitária se preparavam nesta quarta-feira para entrar em Duma, na Ghuta oriental, segundo Mark Lowcock, secretário-geral adjunto de Assuntos Humanitários da ONU.

Desde a adoção de uma resolução no sábado passado, exigindo um cessar-fogo na Síria, nada mudou, criticou Lowcock. A ONU se prepara para ir a dez locais atacados, acrescentou.

– ‘Ninguém veio’ –

“Até agora ninguém veio”, indicou à AFP uma fonte militar, acusando os rebeldes “de impedirem a passagem dos que tentam, pressionando-os ou disparando contra eles”.

“A trégua durará três dias, pode ser prolongada, mas não há resultados. Como poderemos continuar?”, advertiu, assegurando que a pausa dos combates pode continuar “se os civis saírem”.

Tratam-se de “acusações mentirosas lançadas pelo governo de Assad e pelos russos, e que negamos categoricamente. Não apontamos para o setor de Al-Wafidin”, respondeu Hamza Bayrakdar, porta-voz do Jaish al-Islam, um dos grupos rebeldes que controla o enclave.

“Nos negamos a sair”, afirmou à AFP Abu al-Majd, um morador do enclave. “Para onde irão os jovens? Irão alistá-los em seu exército para combater no povoado. E nossos vizinhos matarão nossos vizinhos”, acrescentou.

“O que significa uma trégua até às 14h00? Isso significa que podem retomar os bombardeios e o número de mortos aumentará”, criticou.

O setor controlado pelos insurgentes em Ghuta Oriental constitui o último reduto rebelde perto de Damasco.

O governo, que quer retomar a qualquer preço este enclave desde que dispararam obuses contra Damasco, lança uma intensa campanha aérea desde 18 de fevereiro contra o setor.

Segundo o OSDH, 601 civis, entre eles 147 crianças, morreram sob as bombas do governo, que também provocaram grandes danos materiais. No enclave habitam cerca de 400 mil pessoas.

– ‘Os civis têm medo’ –

Segundo a porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha na Síria, Ingy Sedky, é “difícil para qualquer civil percorrer os corredores por falta de garantias suficientes. Os civis têm medo ante a ausência de consenso”. Também lamentou o curto prazo da trégua para transportar ajuda médica e tratar os doentes. A Ghuta Oriental está sitiada pelo governo desde 2013.

A iniciativa da trégua russa foi anunciada dois dias depois que o Conselho de Segurança da ONU votou uma resolução para pedir uma pausa de 30 dias “o quanto antes” em toda a Síria, que também foi ignorada.

Enquanto o OSDH diz que a trégua de cinco horas é quase respeitada, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que sobre Damasco “há, permanentemente, bombardeios procedentes” do enclave, e o chefe de sua diplomacia, Sergeï Lavrov, acusou os rebeldes de “bloquearem a evacuação dos que querem deixar” Ghuta Oriental.

A Rússia apoia o governo desde 2015 e o ajudou a reverter a situação diante dos grupos extremistas que controlaram boa parte do território sírio.

Desde março de 2011, a guerra na Síria deixou mais de 340 mil mortos e milhões de deslocados e refugiados.

(AFP)

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