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Orgias gays envolvendo sacerdotes: sim, é urgente falarmos disto às claras

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Reportagem local - Gelsomino Del Guercio - publicado em 06/03/18

Aleteia Itália teve acesso a conversas escabrosas inclusas no relatório. Todo católico tem o dever moral de combater as posturas opostas ao Evangelho

Um relatório que chegou às mãos do arcebispo de Nápoles e que foi remetido por ele diretamente ao Vaticano contém o que seriam as provas do escândalo que vem estampando manchetes de jornais em toda a Itália. São datas, fotos e postagens em diversos aplicativos de mensagens online referentes a encontros sexuais, inclusive com intercâmbio de dinheiro, envolvendo pelo menos 34 sacerdotes e 6 seminaristas. Em quase todos os casos, trata-se de relações homossexuais.

O dossiê foi entregue à arquidiocese por Francesco Mangiacapra, um jovem na faixa dos 30 anos que já atuou como advogado, mas que, devido à crise econômica na Itália, passou a se prostituir como garoto de programa. Ele é apontado por jornalistas do país como um “gigolô”. Entre seus clientes sexuais, Mangiacapra afirma ter tido desde magistrados e militares até políticos e sacerdotes. O ex-advogado juntou, em seu dossiê, informações obtidas em primeira mão por ele mesmo ou por contatos que mantém nas paróquias e dioceses. Trata-se principalmente de impressões de tela de smartphones que comprovam as conversas de cunho sexual mantidas por clérigos.

O arcebispo de Nápoles, cardeal Crescenzio Sepe, determinou uma investigação minuciosa e já avisou que serão tomadas medidas concretas a respeito dos envolvidos nessa traição contra a confiança dos fiéis e contra os próprios compromissos assumidos perante Deus e a comunidade.

Provas em análise

As mensagens são bastante inequívocas ao revelarem a prática difundida de encontros sexuais e o intercâmbio de imagens eróticas via WhatsApp, Messenger, Telegram e até aplicativos como o Grindr, usado por homens gays em busca de sexo. Os textos citam abertamente numerosos outros religiosos além dos 34 sacerdotes e 6 seminaristas identificados por Mangiacapra, mas, em vários casos, há nomes mencionados de modo paralelo, sem que as pessoas citadas tenham envolvimento no escândalo. Daí a necessidade de uma investigação que separe o joio do trigo.

Como quer que seja, o escândalo pode ser maior ainda. O relatório tem mais de 1200 páginas que apresentam nomes, sobrenomes, telefones, contatos, transcrições de conversas e fotos.

Aleteia Itália teve acesso ao conteúdo de parte das conversas via WhatsApp citadas no informe. O jornalista Gelsomino del Guercio, da nossa redação italiana, observou:

“O índice de perversão é eloquente. Sobretudo no caso de sacerdotes, falar de práticas sexuais de forma tão escancarada é sinal de péssima conduta, para além da ruptura do celibato e independentemente de tendências sexuais, sejam homo ou heterossexuais”.

Dioceses de várias regiões da Itália investigam

Além de Nápoles, várias dioceses envolvidas começaram a tomar medidas. Elas se espalham por diversas regiões do centro-sul da Itália, inclusive Roma.

A diocese de Cosenza, por exemplo, disponibilizou um serviço diário de atendimento, das 9h30 às 12h00, para receber denúncias de abusos cometidos por sacerdotes, mas, para evitar calúnias e injustiças, essas denúncias deverão ser assinadas pelo denunciante. Não serão admitidas denúncias anônimas ou não comprovadas.

O gravíssimo problema da falta de discernimento vocacional

Os últimos Papas têm insistido de modo reiterado na urgência de que os seminários, tanto das dioceses quanto das congregações religiosas, sejam muito mais profundos e responsáveis no discernimento vocacional de candidatos e seminaristas.

De fato, é praticamente indiscutível que, por trás desse tipo de comportamento por parte de sacerdotes e seminaristas, existe muito pouco de vocação sacerdotal autêntica.

Compromisso de todos os católicos

Igualmente urgente é que todos os católicos, e não somente o clero, se engajem no acompanhamento responsável dos seminaristas e sacerdotes. Caso haja desvios de qualquer espécie, é dever moral de todo católico informar à paróquia ou à diocese, com as oportunas provas dos fatos. Se não houver uma resposta clara e objetiva, a denúncia pode e deve ser remetida ao Vaticano. Se ainda assim as medidas tomadas não parecerem adequadas dentro de um prazo justo e prudente, o fiel tem o direito e o dever de tornar a denúncia pública. Naturalmente, todos os casos que configuram crime, como os de pedofilia, abusos sexuais contra mulheres e homens, abusos morais, econômicos e de poder, devem ser imediata e diretamente denunciados às autoridades civis.

É claro que quaisquer denúncias devem ser baseadas em fatos objetivos e provas concretas. Também é preciso reconhecer que, lamentavelmente, existe uma onda de calúnias que é preciso combater com a mesma ênfase com que se combatem os abusos reais.

Os fiéis devem ficar atentos e assumirem a postura de “tolerância zero” reiterada pelo Papa Francisco. É fundamental que os católicos acompanhem e exijam resultados concretos tanto das investigações diocesanas quanto das do Vaticano.

O cardeal Sepe foi enfático:

“Não estou só preocupado. Estou indignado. Por culpa de alguns, o rosto da Igreja fica manchado de sujeira para muitos”.

A limpeza cabe a todos nós, católicos. Basta.

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