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Vista-se dos 4 hábitos cardeais (não, não precisa virar frade, nem freira, nem cardeal)

habitos

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Reportagem local - publicado em 12/03/18

Estamos falando das 4 "virtudes-eixo", que vão tornar você uma pessoa melhor

O que é hábito?

Não estamos falando das vestes dos religiosos, que também se chamam hábitos.

Estamos falando da seguinte definição:

Hábito, basicamente, é uma disposição humana que pode ser desenvolvida por meio da repetição, tornando-se uma postura adquirida e firmemente estabelecida.

O hábito pode nos levar a sujeições indesejadas, mas também às virtudes necessárias a nós mesmos e aos outros. Ou seja: há hábitos maus, que nos conduzem aos vícios, e hábitos bons, que nos levam às virtudes: os bons hábitos nos tornam melhores, enquanto os hábitos ruins nos escravizam.

Hábitos e condicionamentos

Acontece que os hábitos costumam condicionar as nossas decisões: muitas vezes elas são tomadas impulsivamente, sem liberdade interior, justamente por causa dos condicionamentos que os hábitos (bons ou ruins) já criaram em nós. Daí a importância de nos tornarmos senhores dos nossos hábitos, repetindo e repetindo os comportamentos virtuosos para torná-los o nosso padrão.

A mudança de hábitos ruins para hábitos bons depende da decisão pessoal, unida à graça do Espírito Santo, que tem o poder de nos transformar em pessoas novas.

A lei natural e os hábitos

Já existe na consciência de todo ser humano a lei natural que nos afirma que “o bem deve ser feito e o mal deve ser evitado“. Não há um único ser humano que não tenha esta consciência.

O problema, geralmente, está em discernir o que é o bem e o que não é.

Logo, é fundamental formarmos retamente a consciência para não tomarmos por bem o que é mal, nem por mau o que é bom. Junto com a formação da consciência, que é permanente, também devemos ser coerentes com o bem que conhecemos na teoria, vivendo-o na prática: ou seja, habituando-nos aos comportamentos virtuosos.

As 4 virtudes cardeais

Dentre as virtudes ou bons hábitos, há 4 que são chamadas de “virtudes cardeais”, por serem os eixos da vida virtuosa: Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança.

I – PRUDÊNCIA

A prudência é a virtude do saber escolher. Não se trata de escolher entre coisas fúteis: a prudência nos ajuda a escolher os meios adequados para fazer o bem e vencer o mal. Essa escolha crucial precisa ser feita incontáveis vezes ao longo da vida e em meio a todo tipo de circunstâncias. É da prudência que Jesus fala ao nos dizer:

“Eis que vos mando como ovelhas no meio de lobos. Sêde, pois, prudentes como a serpente e simples como as pombas” (Mt 10, 16).

Podemos pecar contra a prudência de dois modos:

  1. Por falta: a imprudência pode ser por precipitação, quando agimos sem refletir, ou por descuido, quando até refletimos, mas ainda assim fazemos mal feito.
  2. Por excesso: trata-se da astúcia maliciosa, quando nos precavemos para ocultar um mal que praticamos, geralmente em relação a cuidados desvirtuados com a vida material.

II – JUSTIÇA

É a virtude que nos leva a dar a cada um o que lhe é devido, incluindo a nós mesmos e a Deus. Por justiça, quando compramos algo, pagamos o seu valor; quando tomamos emprestado, assumimos o dever de restituir; quando contraímos uma obrigação, comprometemo-nos a cumpri-la. Quando se peca contra a justiça, o arrependimento e a confissão não bastam: a lesão cometida contra a pessoa que prejudicamos deve ser reparada.

Do ponto de vista religioso, a justiça está essencialmente ligada à santidade, manifestando-se no cumprimento dos mandamentos, na luta para manter a alma unida à Santíssima Trindade mediante a graça santificante e na fidelidade aos deveres do próprio estado: leigo, sacerdotal, matrimonial.

Na ordem das bem-aventuranças, a justiça é seguida da misericórdia, pois o Coração amoroso do Pai nos inspira a não somente dar o que é devido, mas ir além da obrigação e, com esforço cristão, compreender os defeitos de quem nos rodeia, perdoar setenta vezes sete (sempre), auxiliar para que os defeitos sejam superados e, principalmente, amar a todos, inclusive os que se apresentam cheios de defeitos e até aqueles que nos fazem o mal. É o que rezamos no Pai-Nosso: “…Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.

III – FORTALEZA

É a virtude que nos dota de segurança em tudo o que fazemos, principalmente nas dificuldades e contrariedades, ajudando-nos a vencer o medo. Ela nos dá suporte e constância na procura do bem, firmando em nós a resolução de resistir às tentações e superar os obstáculos na vida moral (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1808).

A força não é virtude apenas dos herós: ela está em cada escolha feita por nós em nosso dia-a-dia.

Na audiência geral de 15 de novembro de 1978, São João Paulo II nos ensinou:

“Segundo a doutrina de Santo Tomás, a virtude da fortaleza encontra-se no homem que está pronto a afrontar o perigo e a suportar a adversidade por uma causa justa, pela verdade, pela justiça, etc. A virtude da fortaleza requer sempre alguma superação da fraqueza humana e, sobretudo, do medo. O homem, por natureza, teme espontaneamente o perigo, os dissabores e os sofrimentos. É preciso, por isso, procurar os homens corajosos não só nos campos de batalha, mas também nas salas de um hospital ou num leito de dor. Tais homens podiam-se encontrar muitas vezes nos campos de concentração e nos locais de deportação. Eram autênticos heróis”.

IV – TEMPERANÇA

É a virtude moral que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados, conforme bem explica o Catecismo da Igreja Católica (cf. nº 1809). Ela é o “freio da alma”, que nos faz usar com moderação os bens temporais: comida, bebida, sono, diversão, sexo, conforto… A temperança nos ensina que para o uso de cada bem há tempo certo, contexto próprio e quantidade adequada.

Quem possui esta virtude tem domínio da vontade sobre os instintos: seus desejos não ultrapassam os limites da honestidade. É chamada também de “moderação” e “sobriedade”, como em Tt 2, 12, onde São Paulo diz que devemos “viver com moderação, justiça e piedade neste mundo”.

São João Paulo II, durante um encontro com os jovens na Basílica Vaticana, declarou sobre a temperança:

“O homem temperante é aquele que é senhor de si mesmo; aquele em que as paixões não tomam a supremacia sobre a razão, sobre a vontade e sobre o coração. Entendamos, portanto, como a virtude da temperança é indispensável para que o homem seja plenamente homem, para que o jovem seja autenticamente jovem. O triste e aviltante espetáculo de um alcoólico ou de um drogado nos faz compreender claramente que ‘ser homem’ significa, antes de qualquer outra coisa, respeitar a própria dignidade, isto é, deixar-se conduzir pela virtude da temperança. Dominar a si mesmo, as próprias paixões e a sensualidade não significa de maneira nenhuma tornar-se insensível, indiferente; a temperança de que falamos é virtude cristã, que aprendemos com o ensino e o exemplo de Jesus, e não com a chamada moral ‘estoica’”.

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