Se você está desempregado, precisa ler isso
Quando eu era criança, houve uma época em que meus pais ficaram desempregados ao mesmo tempo. Eu queria comer um pacote de bolacha recheada e não tínhamos dinheiro para comprar. Para um pai e uma mãe, ver um filho pedir algo e não ter condições de lhe dar – especialmente quando este algo é um alimento – é uma dor muito grande.
Com o advento do Capitalismo e, posteriormente, da Revolução Industrial, o trabalho ganhou uma dimensão diferente do que tinha em outros tempos: passa a ser o centro da vida das pessoas. Somos conhecidos pelo que fazemos. Assim, se você não trabalha, é como se não fosse útil para a sociedade.
Este tipo de visão utilitarista e objetificadora em nada tem a ver com a visão cristã do trabalho. O trabalho é um importante meio de santificação, mas o trabalho foi feito para o homem, e não o homem para o trabalho. Isto significa que, embora com a atual crise que vivemos seja muito comum vermos pessoas desempregadas, não é por causa disso que a dignidade delas diminui.
Meus pais viveram este sentimento de culpa e inutilidade próprias de alguém que passa pelo desemprego. As pessoas sugerem orações e novenas – todas elas muito necessárias e importantes -; todavia, o que pesa mais no momento é o desespero de dar de comer aos filhos e pagar as contas que chegam.
Assim como o trabalho pode ser um meio de santificação, o desemprego também pode o ser. Os sofrimentos e desesperos próprios deste tempo são excelentes mortificações que podemos oferecer a Deus. A confiança na Providência também marca este momento. É muito fácil dizer que confia e ama Jesus quando estamos bem e felizes. Dizer que amamos a Jesus e confiamos n’Ele quando sofremos é que mostra o nosso verdadeiro amor e entrega.
Aceitar receber ajuda de outras pessoas também pode ser doloroso e humilhante, mas são meios que Deus providencia para sermos mais humildes, generosos e até nos colocarmos no lugar de outras pessoas que passam, passaram ou passarão pelas mesmas dificuldades que nós.
As privações que eu vivi na minha infância foram realmente difíceis, mas me tornaram alguém muito mais maduro e empático em relação aos meus primos ou colegas que não passaram por isso. Quem tem uma vida “perfeita” não amadurece.
Os tempos de desemprego dos meus pais serviram para o crescimento deles e também para o meu. Hoje não gosto de desperdiçar comida, me importo com os que passam dificuldades financeiras e sempre que ajudo alguém procuro fazer de uma maneira que a pessoa não se sinta humilhada.
Às vezes na vida não entendemos o motivo de passarmos por uma dor. Nos esquecemos de aquilo é apenas uma fase, um pedacinho de tempo perto do que vivemos e teremos para viver. Talvez a fase do desemprego seja ocasião não somente de crescimento espiritual, mas também de crescimento pessoal e profissional.
Não é porque uma parte da sua vida não está bem que todo o resto também não está. Você não é somente o seu trabalho! Valorize as pessoas que estão ao seu lado te apoiando. Veja que são nas dores que descobrimos os verdadeiros amigos.
Use este período para se dedicar mais à Igreja ou à sua família. Aproveite o tempo sem trabalho para buscar aprimoramento ou novas qualificações profissionais… Quem sabe daí não surja uma nova profissão, muito mais lucrativa que a antiga?
Apesar de doloroso, foi muito importante o desemprego dos meus pais para mim e para eles. É por isso que precisamos ter fé, esperança e coragem…. Deus sempre tem um propósito para tudo em nossa vida!
Letícia B., do site Modéstia e Pudor: www.modestiaepudor.com/