Inicio, hoje, uma série de artigos sobre os Sacramentos. Têm fim catequético: ajudar o (a) leitor(a) a melhor conhecê-los para, mais dignamente, recebê-los.
É preciso, aqui, relembrar (ou aprender) importantes verdades sobre a qual nem sempre meditamos. Deus se revelou a nós por meio de pessoas escolhidas por Ele ao longo da história e, na plenitude dos tempos, pelo Seu próprio Filho (cf. Gl 4,4). É a história da salvação.
Ora, esse convite generoso do Senhor para que participemos do Seu grande plano de amor por nós vem acompanhado das verdades reveladas ou do patrimônio de fé no qual devemos crer. Tal patrimônio está contido na Escritura e na Tradição Divino-Apostólica (vem de Cristo pelos Apóstolos) interpretadas pelo Magistério da Igreja.
No entanto, não basta saber o que Deus quer de nós. É preciso responder, generosamente, a esse grande apelo (nunca exigência forçada) de amor. Nessa resposta, apesar da nossa fraqueza, podemos contar com dois valiosos auxílios da graça divina: os sacramentos (que vou tratar nesta série) e a oração (a ser abordada em um momento oportuno). Aqui já vêm as perguntas básicas: Que é graça? Que é sacramento?
“A graça é o dom gratuito que Deus nos dá para nos tornar participantes da sua vida trinitária e capaz de agir por amor d’Ele. É chamada graça habitual ou santificante ou deificante, pois nos santifica e diviniza. É sobrenatural, porque depende inteiramente da iniciativa gratuita de Deus e ultrapassa as capacidades da inteligência e das forças do homem. Escapa, portanto, à nossa experiência” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, n. 423).
Parece oportuno reforçar que a graça é presente (não pode ser exigida) de Deus oferecido (não imposto) a cada um de nós para nos tornar santos e, por consequência, participantes da sua vida divina como filhos adotivos, em Cristo, na Igreja. A participação começa já, neste mundo, pelo Batismo, e se prolonga na eternidade. É sobrenatural (está além da natureza criada), por isso foge à nossa observação comum. Só pode ser conhecida pela fé.
“Os sacramentos são sinais sensíveis e eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, mediante os quais nos é concedida a vida divina” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, n. 224). Vejamos cada ponto desta importante definição.
Sinais sensíveis: somos psicossomáticos (compostos de corpo material e alma espiritual), por isso o próprio Deus, livremente, escolheu nos dar graças invisíveis (espirituais) por meios visíveis (materiais). Daí se falar que o sacramento, via de regra, tem matéria e forma: no Batismo, por exemplo, a água derramada é a matéria, porém só possui significado sacramental, se for acompanhada das palavras “Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”, que são a forma. Matéria e forma são, portanto, sinais sensíveis (ou visíveis) da graça invisível.
Instituídos por Cristo: é de fé que Cristo, em sua vida terrena, instituiu todos os sacramentos da Nova Aliança. Isso é muito lógico, pois nenhum poder humano tem a força de unir o natural (água e palavras, no Batismo) ao sobrenatural (a graça divina).
Vida divina: é a íntima união com Deus que habita em nós. Os sacramentos dão – cada um a seu modo – a quem os recebe dignamente, primeiro, a graça santificante e, em segundo, a graça sacramental própria de cada qual deles. A Eucaristia é o maior dos sacramentos, pois contém o próprio Autor de toda graça.
– Ver: Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 1999, n. 1996-2005 (a graça) e 1114-1134 e 1210-1211 (os sacramentos). Online: www.vatican.va.
Padre Bruno Roberto Rossi, Paróquia São Francisco de Assis.