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Como se explica que uma criança de rua possa ser feliz?

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Marko Vombergar-ALETEIA

Miriam Diez Bosch - publicado em 25/03/18

Lições aprendidas depois de uma vida pelas ruas de Manila: “Não confunda pobreza com miséria”

O Padre Matthieu Dauchez é um sacerdote francês de 42 anos, conhecido por todas as crianças de rua de Manila. E Manila não é sua cidade. Ele nasceu em Versalhes (França), mas pertence à arquidiocese de Manila, onde ficou ligado para sempre.

Desde 2011, é Diretor Executivo da Fundação Tulay Ng kabataan, que atualmente conta com 24 centros, 1.300 crianças e quatro programas de serviço: crianças de rua, crianças com deficiências mentais, crianças dos subúrbios, crianças dos aterros. Ediciones Encuentro publicou alguns de seus livros.

Entramos em contato com este sacerdote, que afirma que a alegria dos pobres é certamente “o fruto de uma autêntica pobreza que está em nós, e nós sabemos que está profundamente enraizada no Evangelho”.

Mathieu Dauchez foi enviado às Filipinas em 1998. Para ele, “a alegria mostrada pelas crianças de Manila, pobres entre os pobres, é maravilhosa e desconcertante”.

Como explicar que uma criança de rua seja capaz de demonstrar uma alegria tão sincera e transbordante? Só se entende se diferenciarmos a miséria da pobreza, ele argumenta.

Poderíamos nos esconder atrás dessa pobreza e desculpá-la com nossa “caridade morna” falando de sua alegria com mistério: “Oh, se eles são felizes assim… Não!”, responde este jovem sacerdote.

“Isso seria confundir pobreza com miséria”.

Que uma criança tenha que encontrar sua subsistência no lixo de uma cidade “é um escândalo”, sempre. Ele insiste: “Uma criança que cai nas mãos das gangues ou nas redes de prostituição é um escândalo inaceitável”.

“Temos que lutar com uma energia incansável contra a miséria e nunca, jamais, aceitar o inaceitável”, argumenta este padre.

“É preciso lutar contra a miséria porque assim poderemos abraçar melhor a pobreza”. E compreenderemos então que ela é, de fato, aquela que prepara o terreno para uma autêntica alegria.

A pobreza material, que, Dauchez insiste, não precisa ser confundida com a miséria, que seria a privação do mínimo necessário para viver, tem o mérito de oferecer uma “liberdade preciosa”.

Nossa maneira de viver, no turbilhão enlouquecido do materialismo, nos leva a desejos nunca realizados, ele afirma.

Uma “sobriedade exterior” é um preâmbulo necessário para a simplicidade interior.

Não se trata de despojar-se como um monge fazendo votos de pobreza radical, mas as riquezas materiais não podem que destruir nossa liberdade, sugere, convidando-nos a meditar: “Os corações feridos das crianças mostram uma força incrível diante das adversidades, demonstrando verdadeira sabedoria”.

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