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Homossexualidade e ordenação sacerdotal (II)

Padres na Índia

NOAH SEELAM | AFP

Padres na Índia. Missa do Crisma em Hyderabad, 22 de março de 2018

Vanderlei de Lima - publicado em 26/03/18

Da parte do candidato, “primeiro responsável pela sua formação”, espera-se firmemente que aja com clareza e lealdade

A “Instrução sobre os critérios de discernimento vocacional acerca das pessoas com tendências homossexuais e da sua admissão ao Seminário e às ordens sacras”, da Santa Sé, cuja análise iniciamos na semana passada, demonstra, no Capítulo 3, o seguinte: a vocação sacerdotal é um chamado de Deus que requer a livre resposta do homem. Contudo, não se pode esquecer que esse chamado se dá por meio da Igreja, na Igreja e para o serviço da Igreja. Desse modo, não basta querer ser padre, é preciso adequar-se às condições propostas pela Igreja para se chegar à ordenação sacerdotal.

Leve-se em conta na formação os aspectos humano, espiritual, intelectual e pastoral do candidato ao sacerdócio, destacando-se a formação humana capaz de fazer com que seja percebida no candidato às sagradas ordens a sua maturidade afetiva.

São chamados, pois, a grande responsabilidade quanto ao que será ordenado o Bispo (no caso dos seminaristas diocesanos) ou o Superior Geral (no caso dos religiosos), o reitor do seminário ou formador de casa religiosa, o diretor espiritual dos formandos, o confessor, e o próprio candidato ao presbiterato.

A Instrução parece enfatizar bem a missão do diretor espiritual que, apesar do segredo da direção, deve tratar com o formando temas como a castidade sacerdotal (celibato), a maturidade afetiva específica do padre e a necessidade de notar no seu dirigido as qualidades primordiais exigidas de quem almeja ser ministro de Deus.

Pela via negativa, o mesmo diretor deve analisar bem as qualidades do candidato em sua personalidade, observando se ele não apresenta “distúrbios sexuais incompatíveis com o sacerdócio”. Caso ele pratique atos ou ao menos tenha fortes tendências homossexuais, o diretor espiritual (e também o confessor) deve desestimulá-lo de seguir o caminho do sacerdócio ministerial.

Da parte do candidato, “primeiro responsável pela sua formação”, espera-se firmemente que aja com clareza e lealdade ante seus formadores, não lhes escondendo a própria homossexualidade que, segundo o Documento, o impede de ser sacerdote.

Na Conclusão, é reafirmado o apelo para que os Bispos, Superiores Gerais e todos os responsáveis pela formação dos futuros sacerdotes estejam atentos, a fim de que os ensinamentos da Igreja – especialmente os contidos na Instrução – sejam seguidos à risca para o bem do próprio formando e da Igreja de Cristo.

Eis, pois, o conteúdo da Instrução aprovada pelo Papa Bento XVI, em 31 de agosto de 2005, e publicada pela Congregação para a Educação Católica em 4 de novembro do mesmo ano.

Em complemento: o sacerdote jesuíta Gianfranco Ghirlanda escreveu a respeito da Instrução um artigo para a conceituada revista La Civiltá Cattolica, edição de 3 de março de 2007, no qual analisa a possibilidade de a Igreja recorrer à Psicologia a fim de obter melhor avaliação dos candidatos às Ordens Sacras.

Ele diz que a consulta psicológica poderia ser realizada como auxílio no discernimento do candidato ao Seminário e às ordens sacras, uma vez que tal recurso está subentendido nos cânones 241,§1; 1029; 1031,§1 e 1051,§1, além de expressamente mencionado para admissões ao noviciado nos Institutos religiosos no cânon 642. Observa, porém, o sacerdote jesuíta que esse acompanhamento psicológico requer autorização do próprio candidato e há de supor “uma psicologia que se baseia sobre uma antropologia cristã”.

Para Ghirlanda se o candidato tem tendências homossexuais, o psicólogo – com prévio consentimento do candidato – traçará, junto com os formadores, uma pedagogia adequada que ajude o jovem a melhor fazer seu discernimento vocacional (cf. Revista Atualização n. 325, mar/abr 2007, p. 169-170).

Vanderlei de Lima é eremita na Diocese de Amparo.

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