O herói Arnaud era católico, tinha uma história de conversão, se preparava para casar na Igreja com Marielle e foi vítima do terror covardeAo condenar o ataque terrorista deste 23 de março, que matou 4 pessoas e feriu 16 na França, o Papa Francisco prestou tributo ao gesto heroico do tenente-coronel Arnaud Beltrame, que ofereceu a própria vida para proteger a dos reféns.
Em telegrama enviado ao bispo de Carcassonne e Narbonne, dom Alain Planet, o Papa se declarou triste, mas unido à oração e à dor dos familiares das vítimas, além de confiante na misericórdia de Deus para com as pessoas que perderam a vida no atentado perpetrado por um criminoso vinculado ao fanático bando Estado Islâmico.
O terrorista assaltou um supermercado, matou um policial, um açougueiro e um cliente e fez vários reféns a quem ameaçava executar. Foi nesse contexto que o tenente-coronel Arnaud Beltrame, da Gendarmaria Francesa, se ofereceu para ficar no lugar de uma mulher refém. Arnaud acabou covardemente executado. Sem alternativa, a polícia francesa abateu o agressor.
O Papa Francisco declarou:
“Saúdo particularmente o gesto generoso e heroico do tenente-coronel Arnaud Beltrame, que deu a vida para proteger as pessoas. Expresso a minha proximidade e bênção aos seus familiares, bem como a todas as pessoas atingidas por este drama, e peço ao Senhor que lhes dê o repouso e a consolação”.
Francisco também reforçou a condenação ao terrorismo:
“Condeno mais uma vez esses atos de violência indiscriminada, que tanto sofrimento provocam, e, pedindo a Deus com fervor o dom da Paz, evoco sobre as famílias em sofrimento e sobre todos os franceses os benefícios das bênçãos divinas”.
Arnaud Beltrame: a conversão, a fé católica e a covardemente interrompida preparação para o Matrimônio
Nascido em uma família estatisticamente “católica”, mas pouco praticante, o jovem, esportista, inteligente e extrovertido Arnaud começou a viver uma história de renascimento na fé aos 33 anos de idade, a partir de 2008. Após dois anos de catecumenato, ele recebeu em 2010 a primeira Comunhão e a Confirmação.
Dando prosseguimento ao longo e complexo caminho de conversão e reconciliação com a fé, ele também se preparava para receber o sacramento do Matrimônio e regularizar perante a Igreja a sua união com Marielle, a mulher com quem estava civilmente casado desde 2016.
Para esse fim, o casal frequentava encontros de formação e preparação na abadia de Lagrasse, conforme testemunha o pe. Jean-Baptiste, um dos cônegos do local. O sacerdote esteve no hospital de Carcassone para acompanhá-lo em suas últimas horas neste mundo. Marielle estava lá: firme, respondia às orações enquanto Arnaud se apagava, inconsciente. O pe. Jean-Baptiste conseguiu permissão da equipe médica para colocar no ombro dele a Medalha Milagrosa de Nossa Senhora, que o acompanhou na hora derradeira.
Arnaud partiu desta vida recebendo a Unção dos Enfermos do mesmo sacerdote que poderia ter celebrado o seu Matrimônio – um matrimônio que foi impedido pela covardia e pelo fanatismo de um terrorista que berrava agir “em nome de Deus”.