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Cristão paquistanês é espancado até a morte por médicos e guardas de hospital

PAKISTANI CHRISTIANS PROTEST

RIZWAN TABASSUM / AFP

J-P Mauro - Reportagem local - publicado em 03/04/18

Não houve nenhuma tentativa de salvá-lo enquanto ele agonizava - em pleno hospital, num país em que cristãos são rotineiramente perseguidos

Um cristão paquistanês morreu depois de ser brutalmente espancado por dois guardas e por funcionários de um hospital de Lahore, a capital da província do Punjab e uma das principais cidades do Paquistão.

Sunil Salim, de 26 anos, estava no hospital com a irmã, Kiran. Grávida, ela aguardava a visita de um ginecologista, que, no entanto, pediu que uma enfermeira visitasse a paciente em seu lugar. Kiran insistiu em ser atendida pelo médico especialista em vez da enfermeira: foi este o estopim da discussão que começou então entre a família dela e alguns funcionários do hospital – incluindo médicos.

Johnson Salim, irmão de Kiran, declarou à agência de notícias Fides que a discussão piorou quando um dos médicos deu uma bofetada em Kiran – sim, o médico deu uma bofetada em uma mulher grávida a quem deveria atender e proteger!

Os irmãos dela, Sunil, Anil e Shafiq, protestaram imediatamente, mas foram ameaçados pelos seguranças do hospital. Na briga que teve início, os irmãos de Kiran foram golpeados tanto pelos guardas quanto, pasmem, por pelo menos três médicos (!) Segundo as denúncias registradas na polícia, um dos irmãos, Sunil, foi espancado durante meia hora e deixado sem atendimento, em pleno hospital, até morrer em decorrência das agressões físicas sofridas.

Nasir Said, diretor da ONG Centre for Legal Aid, Assistance and Settlement, dedicada à defesa de cristãos e outras minorias religiosas naquele país oficialmente muçulmano, denunciou em entrevista à agência Fides a violência desenfreada que esses grupos sofrem no Paquistão:

“A brutalidade contra Sunil não tem justificativa de nenhuma perspectiva. Gente demais continua abusando da lei, querendo fazer o que acha que é justiça com as próprias mãos e matando pessoas inocentes com impunidade. Quando algum desentendimento envolve um cristão, os muçulmanos se sentem autorizados a praticar uma violência intolerável, sabendo que não vão ser punidos. Isto não é justiça. É triste ver que o Paquistão, um país criado com o apoio das minorias religiosas, virou um lugar onde as minorias vivem com temor constante pela própria vida. O governo do Paquistão não conseguiu garantir a proteção dessas pessoas. Muitos fogem do país para procurar refúgio em outras nações. A intolerância contra as minorias religiosas no Paquistão chegou a um nível perigoso e existe necessidade urgente de acabar com estas atrocidades”.

A famigerada legislação paquistanesa “anti-blasfêmia”

O Paquistão adota severas leis “anti-blasfêmia”, que preveem punições rigorosas a qualquer pessoa que insulte Alá, o islã, o alcorão, Maomé e outras personalidades da fé muçulmana. As sentenças podem incluir de chibatadas até a pena de morte.

Organizações de defesa de direitos humanos denunciam há anos que esta lei costuma ser amplamente manipulada para atender a interesses pessoais, o que inclui vinganças de todo tipo, inclusive de muçulmanos contra outros muçulmanos. É frequente que a minoria cristã no país seja alvo de acusações de blasfêmia, contra as quais é quase impossível defender-se. Os abusos são facilitados porque até testemunhos sem provas são aceitos pelos tribunais.

O caso de maior repercussão mundial envolvendo as leis paquistanesas anti-blasfêmia é o de Asia Bibi, mãe cristã acusada de insultar o profeta Maomé em 2010. Ela está no corredor da morte e aguarda, presa, o julgamento de um recurso que nunca lhe é concedido.

Saiba mais sobre ela e seu caso dilacerante e indignante:

A católica que vive há 3.000 dias no inferno à espera do enforcamento

Asia Bibi
Asia Bibi © YouTube
Asia Bibi

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MuçulmanosPerseguiçãoViolência
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