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Meus filhos acham que não precisam ir à igreja porque o pai deles não vai. O que eu faço?

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Katrina Fernandez - publicado em 12/04/18
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Uma pergunta que ilustra a grande influência dos pais no processo de crescimento espiritual das crianças Pergunta da leitora:

Que conselho você pode dar a uma mãe, cujos filhos acham que não precisam ir à igreja porque o pai não vai?

Meu marido não é muito religioso. Eu sabia disso quando nos casamos e, para ser honesta, eu também não era muito religiosa na época. Depois que tivemos filhos, porém, tornou-se importante para mim criá-los no catolicismo. Então, nós decidimos que eu lidaria com tudo o que tinha a ver com religião. Funcionou nesses primeiros anos, mas, agora, nossos filhos, de 9 e 13 anos, não querem mais ir à Missa e acham que não é justo que eu os faça ir, quando meu marido fica em casa. O que eu faço?

Resposta:

Sua pergunta ilustra bem a grande influência que os pais têm na educação espiritual das crianças. Eles são o fator crítico que decidirá se as crianças crescerão como frequentadoras regulares da igreja ou não. E isso depende significativamente do fato de o pai ser ou não um frequentador regular da igreja.

Segundo uma pesquisa, “se o pai é católico não-praticante e a mãe é frequentadora regular da igreja, apenas 2% das crianças se tornarão fiéis regulares e 37% comparecerão irregularmente à igreja. Mais de 60% dos filhos serão completamente perdidos em relação à religião”.

É interessante observar que, durante o rito do Batismo, o padre dirige estas palavras aos pais:

“Você pediu para que seu (sua) filho (a) fosse batizado (a). Ao fazê-lo, você está aceitando a responsabilidade de treiná-lo (a) na prática da fé. Será seu dever incentivá-lo (a) a seguir os mandamentos de Deus como Cristo nos ensinou, amando a Deus e ao próximo. Você entende claramente o que você está fazendo?”.

E a maioria responde enfaticamente que “sim”.

Eu digo isso para salientar que a indisposição de seu marido para assistir à Missa não afeta apenas ele. Embora ele não esteja impedindo diretamente que você leve as crianças à igreja, se ele não estiver ativamente reforçando e apoiando suas crenças, ele enfraquece todo o  trabalho que você faz. Ele não está cumprindo sua promessa de “aceitar a responsabilidade de treinar os filhos na prática da fé”. Ao escolher não dar o exemplo, você fica com o peso das consequências.

Seus filhos não valorizaram a frequência regular à Missa porque o pai deles não o faz. É bem possível que ele simplesmente não esteja ciente do impacto que essa atitude gera ou o quanto de contradição ele está criando. Um dos pais diz que ir à igreja é importante; o outro, através de suas ações, diz que a frequência à Missa é irrelevante…

Muitas vezes, um dos pais acha que, desde que não interfira nos esforços do outro, tudo ficará bem. Porém, já imaginou se aplicássemos esse tipo de pensamento em outras áreas da educação dos filhos? Não funcionaria. Ambos os pais devem trabalhar juntos, como uma equipe.

Você já disse a ele como está sendo difícil para as crianças e que elas o estão usando como bode expiatório para não irem à igreja toda semana? Talvez se ele soubesse que os filhos estão usando a figura do pai para manipular a situação, ele estaria disposto a intervir.

Eu sei que você não pode forçar seu marido a ir à igreja, e exigir que ele faça isso pode colocar uma séria pressão sobre o casamento. Porém, talvez você possa tentar um acordo. Algo do tipo: a família toda participa da Missa a cada duas semanas ou, em vez de você, ele passa a ajudar as crianças a se vestirem para ir à igreja pela manhã. No mínimo, você deve ser capaz de esperar o apoio dele e deve poder contar com seu reforço autoritário quando as crianças começarem a dar desculpas e apresentar argumentos contra a frequência à Missa. Desistir das responsabilidades de pai nesta questão simplesmente porque ele escolheu não praticar sua fé é totalmente inaceitável – e você tem o direito de mostrar isso para ele.

Espero que, com o apoio de seu marido, a atitude das crianças mude. É importante não ceder ou desistir. Se você tiver que levar os adolescentes zangados e deprimidos à Missa toda semana, que seja. Pelo menos eles estão indo. E, se eles não acham que ir à Missa é importante, talvez eles precisem de mais formação. Peça ajuda ao seu padre ou ao líder de formação de jovens de sua paróquia.