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Bispo italiano relata o comovente encontro do Papa com Thomas, o pai de Alfie

Papa Francisco e Tom Evans

Vatican Media

Vaticano - Reportagem local - publicado em 18/04/18

Francisco, emocionado, expressou toda a sua admiração pela coragem do jovem pai inglês de 21 anos que batalha pela vida do filho

A notícia surpreendeu e comoveu o mundo: Thomas Evans, o pai do bebê Alfie, chegou na manhã desta quarta-feira ao Vaticano para se encontrar com o Papa Francisco.

Quem organizou esse encontro emocionante foi dom Francesco Cavina, bispo da diocese de Carpi, no centro da Itália (não confundir com a ilha de Capri, que fica no sul do país).

O bispo de Carpi esteve presente no encontro e testemunhou as emoções e a intensidade do colóquio, no qual o Papa expressou toda a sua admiração pela coragem do jovem pai inglês de 21 anos.

Papa e Tom Evans
ANSA, via Vatican News

Thomas, também chamado apenas de Tom, vem lutando bravamente, junto com a mulher, Kate, pela vida do pequeno Alfie, o bebê de quase 2 anos internado no Alder Hey Children’s Hospital de Liverpool. Alfie sofre de uma doença neurodegenerativa desconhecida e os médicos britânicos pedem a suspensão do tratamento para, segundo eles, “melhor defender o seu interesse” – o que soa perfeitamente absurdo para quem entende que ser morto não é do “melhor interesse” de ninguém.

Tom e Kate querem transferir o filho ao Hospital Bambino Gesù, do Vaticano, que se declarou disposto a acolhê-lo para assisti-lo com humanidade e dignidade enquanto a sua vida puder durar. A transferência para Roma, no entanto, foi negada pelos médicos e pelos juízes britânicos. Está sendo aguardado agora o último pronunciamento da Corte Suprema do Reino Unido.

Alfie Evans bebê
Alfie's Army Official

A entrevista com dom Francesco

Dom Francesco relatou ao site informativo oficial Vatican News os detalhes do encontro de Tom com o Papa Francisco. Eis a conversa:

Dom Francesco: O encontro foi decidido na manhã de ontem, depois que eu recebi um pedido de Liverpool questionando se era possível o Santo Padre receber o pai de Alfie, Thomas, pois havia a sentença da Corte de Apelação que reafirmou a decisão do Tribunal de Primeira Instância, de que a ventilação artificial deveria ser desligada, deixando a criança morrer. Devo dizer que, 20 minutos depois, o Santo Padre expressou o seu desejo de encontrar-se com Thomas.

Vatican News: Como foi este encontro de hoje?

Este encontrou durou cerca de 20 minutos e foi de grande emoção. O Santo Padre era consciente do que o pai de Alfie relatou e, a certo ponto, disse: “Eu o admiro pela coragem que o senhor tem, é jovem, mas tem muita coragem para defender a vida do seu filho”. E disse que, de certa forma, a coragem desse pai é semelhante ao amor de Deus, que não se resigna a nos perder. Penso que foi o momento mais comovente.

Vatican News: E as palavras de Thomas?

Ele contou a sua dor, porque este era o desejo dele, dividir com o Santo Padre essa dor. E depois explicou o que está se passando com o hospital que deveria dar os cuidados a Alfie e que não permite que a família dê um tratamento em outro hospital. E ainda relatou ao Santo Padre coisas que ele certamente já conhecia, o que dizem os juízes, ou seja, que a vida do menino seria “inútil”. Thomas rebateu dizendo que “Alfie é filho de Deus e, porque é filho de Deus, tem direitos. Se foi Deus quem lhe deu esta vida, que seja também Deus quem a tire no momento certo“. É exatamente por isso que ele está lutando e está pronto para combater até o fim.

Vatican News: Então o Papa reiterou o apoio ao pai de Alfie. Mas o que saiu desta reunião?

Desta reunião saiu que o Santo Padre me instruiu a manter relações com a Secretaria de Estado para que o Hospital Bambino Gesù faça todo o possível para acolher Alfie nos seus serviços de saúde. E é isso o que estamos tentando fazer agora. Existem grandes dificuldades do ponto de vista legislativo e jurídico. Vamos ver se é possível superá-las.

Vatican News: Quais são as esperanças do pai de Alfie?

O pai de Alfie, devo dizer, saiu muito revigorado. No final da reunião, quando estávamos sozinhos, ele ficou muito emocionado e disse: “Eu não acredito! Não acredito no que o Santo Padre me disse!“, só pela emoção que ele experimentou. Para chegar aqui, hoje, eles fizeram uma viagem absurda: tiveram que ir a Atenas e, depois, de Atenas a Roma: eles praticamente viajaram toda a noite. Estavam fisicamente cansados. Penso que nem tudo está resolvido. Temos que dizer assim.

Se não encontrarmos uma disposição por parte dos juízes e dos hospitais britânicos, tudo ficará muito mais difícil e correremos o risco de permanecer num impasse, como o que já estamos vivendo agora. Nós temos que continuar a orar. Acredito que tudo o que foi alcançado neste período, mesmo a mobilização que ocorreu envolvendo muitas pessoas, é fruto da oração. Temos que dizer, realmente, que o poder da oração é capaz de superar todos os obstáculos que podem ser colocados, para que a dignidade da pessoa seja respeitada.

Vatican News: Como o senhor vê este assunto?

Humanamente falando, é uma coisa inacreditável. Do ponto de vista do bom senso, me parece que estamos além de toda lógica humana. Dois pais estão pedindo para transferir o filho de um hospital para outro, eu não entendo por que isso deveria ser evitado: se não é na Itália, que seja em qualquer outro hospital na própria Inglaterra. É difícil entender uma coisa dessas.

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