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Diretora do Hospital Bambino Gesù: “Papa pediu o possível e o impossível por Alfie”

Papa e Tom Evans
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Vaticano - Reportagem local - publicado em 19/04/18
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A entidade vaticana se mobiliza com todas as forças para garantir ao bebê inglês a plenitude da dignidade em sua luta pela vidaDesde o verão passado, o Hospital Pediátrico “Bambino Gesù”, em Roma, declara estar pronto para receber Alfie Evans e assisti-lo até o fim da sua vida. A presidente da entidade, Mariella Enoc, explica o que o hospital do Papa poderia fazer se as autoridades britânicas autorizassem a transferência do bebê de dois anos que sofre de doença neurológica-degenerativa desconhecida. Alfie está internado no Alder Hey Children’s Hospital, em Liverpool, cujos médicos pretendem desligar os aparelhos que mantém a criança viva porque, segundo eles, isto “seria do seu melhor interesse“. Tom e Kate Evans, os pais de Alfie, estão fazendo de tudo para transferir o filho, mas os juízes ingleses disseram que não. Agora, a última palavra cabe à Suprema Corte do Reino Unido.

Sobre as iniciativas realizadas pelo Hospital Pediátrico do Papa, o Vatican News entrevistou sua presidente, Mariella Enoc. Eis a entrevista:

Vatican News – O que o “Bambino Gesù” está fazendo no caso Alfie?

É importante ressaltar que estamos nos mexendo desde julho do ano passado. Em setembro os nossos médicos foram até lá e nós reiteramos continuamente a disponibilidade do hospital. Ontem conheci o pai de Alfie, Thomas, e pude constatar realmente uma grande determinação em fazer o filho deles viver. Eu falei com os nossos médicos e escrevi duas cartas. Uma carta dirigida ao pai, na qual expresso o nosso desejo de estreita colaboração com os médicos do hospital britânico, pelos quais existe uma grande estima de parte de todos os nossos colegas. Mas pedimos para fazer uma parceria, para podermos continuar pelo menos um percurso diagnóstico, onde, naturalmente, tudo será compartilhado, enquanto mantemos a criança viva. Os nossos médicos fizeram uma nota de aprofundamento – em relação à primeira que tinham feito em setembro – para reafirmar o desejo de cuidar da criança, sempre compartilhando tudo com os colegas ingleses. Eles explicam que nós transportamos muitas crianças, e, portanto, não podemos negar que existe um risco mínimo, mas isso se aplica a todas as crianças… Também podemos ajudar com o transporte aéreo. Tudo está a cargo do Hospital Bambino Gesù, não depende de ninguém. Sobre isso, acabei de pedir uma parceria com os médicos, com o hospital e com as autoridades inglesas. Eu também dei a minha disponibilidade e a de alguns dos meus colaboradores, se necessário, para ir a Liverpool e levar os nossos pensamentos diretamente a eles.

Vatican News – Que tipo de cura o”Bambino Gesù” propõe para Alfie?

Nós não propomos nenhuma cura. Neste momento, a criança não pode ser curada, mas tratada [Cura significa erradicar a doença para sempre, enquanto tratar significa melhorar a qualidade de vida do paciente enquanto a cura não é obtida]. De acordo com o nosso conceito, isto significa cuidar dela (…). Os nossos médicos decidiram colocar na criança uma PEG, para alimentação, e uma traqueotomia para a respiração, caso seja absolutamente necessário… E é claro que poderíamos aprofundar o diagnóstico. Muitas doenças desconhecidas nos últimos anos passaram a ser conhecidas, inclusive rapidamente, e, por isso, não podemos nos render diante do desejo de que a ciência continue os seus avanços. Nós não temos a cura agora. Para Charlie Gard havia uma possibilidade experimental, mas, neste caso, não; até porque a doença ainda não foi diagnosticada com precisão.

Vatican News – Na sua opinião, há alguma esperança para essa transferência?

Eu não sei, porque a nossa não é uma posição de alguém que quer ser melhor que o outro. Mas nós sabemos que nunca desistimos e, depois, quando constatamos que a criança não consegue, então ela é acompanhada, lentamente, até a morte natural.

Vatican News – Você teve a oportunidade de falar com o Papa?

Não. O Papa ontem mandou me ligarem da Secretaria de Estado. Eu falei com o secretário de Estado e com o substituto, com quem mantive contato também pelas duas cartas que enviei. O Santo Padre, mesmo assim, me deu a indicação de fazer o possível e o impossível, disse ele, para que a criança venha ao Bambino Gesù. Foi isto o que o Papa pediu para me avisarem, imediatamente, depois da conversa dele com Thomas. E é o que nós estávamos fazendo. Digamos que ontem eu tentei fazê-lo o mais ativamente possível. O que eu podia fazer era escrever duas cartas e reiterar a oferta da nossa disponibilidade.

A partir de matéria do Vatican News