A oração está em um lugar especial da Praça São Pedro e deveria ser usada somente por sacerdotes que enfrentam casos de possessões demoníacas “Existem orações que demonstram a atividade exorcista da Igreja desde o século II”, explica o sacerdote mexicano Cesare Truqui, que escreveu o livro “Profesión Exorcista”, juntamente com a jornalista vaticanista Chiara Santomiero. Por enquanto, o livro só está disponível em italiano.
“Nos primeiros séculos, aparecem em livros litúrgicos orações para exorcizar objetos […] e pessoas, como o ritual do século V para os catecúmenos”, diz o livro.
O autor, que é sacerdote exorcista e ex-aprendiz do padre Gabriele Amorth, confirma que existe uma oração de libertação curta e muito antiga que é usada pelos sacerdotes em casos de suspeita de possessões.
Trata-se de uma oração contra o diabo, que – dizem – é de autoria de Santo Antônio Abade e que o Papa Sisto V a esculpiu na base do obelisco da Praça São Pedro, em Roma. O obelisco foi transportado para lá em 1586, durante o seu pontificado (1585-1590).
A tradição popular afirma que Santo Antônio deu uma oração a uma mulher pobre, que procurava ajuda contra as tentações do demônio. O Papa Felice Peretti achava que essa oração era uma forma eficaz de proteção:
Ecce Crucem Domini! +
Fugite partes adversae! +
Vicit Leo de tribu Juda, +
Radix David! Alleluia!
Traduzindo:
Eis a cruz do Senhor! +
Fugi forças inimigas! +
Venceu o Leão de Judá, +
A raiz de David! Aleluia !
A oração é para uso exclusivo do sacerdote exorcista, mas a devoção popular a considera uma oração comum para afastar o mal.
Turqui explica que o ministério do exorcista segue uma disciplina férrea articulada em um recente ritual, que foi aprovado pelo Papa João Paulo II em 1998.
O sacerdote ainda alerta para o fato de a falta de formação religiosa e a incerteza em relação ao futuro fazerem com que as pessoas consultem adivinhos e confiem em superstições, magia e rituais satânicos, correndo o risco de desencadearem uma série de acontecimentos e efeitos indesejados.
Em 1985, o cardeal Joseph Ratzinger, então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, enviou uma carta para que os bispos vigiem e não permitam que os leigos façam orações contra o demônio ou usem arbitrariamente a invocação da oração de Leão XII contra Satanás e os anjos rebeldes.
Mas quem pode ser exorcista?
Segundo o direito canônico, este ministério pode ser exercido somente por um sacerdote que tenha “piedade, ciência, prudência e integridade de vida”. O exorcista atua em nome da Igreja. Mas todos os fiéis podem rezar e pedir a Deus para que os livre do mal. O Pai-Nosso é um sinal concreto disso.
O exorcismo, como explica Truqui, é uma oração pública e solene, que o sacerdote faz com a autoridade da Igreja Católica e em nome de Jesus.
Lamentavelmente, existem casos de abusos sexuais por parte de impostores que se dizem exorcistas. Truqui também denuncia situações pouco claras como Missas de Libertação que deveriam ser avaliadas pelos bispos e, se for o caso, proibidas.
O experiente exorcista ainda lembra que todos devem desconfiar dos “exorcistas” que pedem dinheiro. De fato, a Associação Internacional de Exorcistas, reconhecida pelo Vaticano, tem o objetivo de compartilhar boas práticas entre os sacerdotes associados.
Recomenda-se precaução, pois calcula-se que só na Itália 10 milhões de pessoas já procuraram um médium, astrólogo ou mago. O problema é que, por trás da prática do esoterismo e ocultismo, abre-se a porta para uma realidade espiritual maligna.
É preciso, portanto, colocar Deus no centro da vida. Esta é a melhor maneira de evitar o contato com o mal e com o demônio.