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Cardeal dispara: “Alfie é vítima de totalitarismo e perversão econômica”

Alfie Cardeal Sgreccia

Reprodução

Reportagem local - publicado em 26/04/18

O bebê "foi considerado como uma coisa", por uma ideologia estatista que se apresenta "com aspecto 'humanizado'"

O cardeal Elio Sgreccia, italiano, especialista em bioética e presidente emérito da Pontifícia Academia para a Vida, afirmou que o caso do menino Alfie Evans é consequência de “uma ditadura econômica sobre a vida humana: trata-se de perversão e é assim que deve ser considerado”.

A taxativa afirmação foi feita durante uma entrevista ao site italiano In Terris sobre o caso do bebê de 23 meses que continua lutando pela vida depois de ter sido desconectado do suporte vital, na noite de 23 de abril, por ordem judicial. Após sobreviver nove horas, ele voltou a receber hidratação e oxigênio graças à heroica persistência dos seus pais, Tom e Kate, que desafiaram hospital e justiça em defesa do filho. Alfie tem resistido contra os prognósticos médicos e gerado uma onda mundial de apoio a ele e a seus pais, bem como de veementes questionamentos sobre a fundamentação das sentenças judiciais que, apelando para o subjetivo conceito de “melhor interesse do paciente“, lhe proíbem o acesso a outras perspectivas de diagnóstico.

O cardeal Sgreccia afirmou, contundente e enterrando o dedo na ferida da ideologia que, sutil ou descaradamente, envenena o nosso dia-a-dia:

“A dignidade da pessoa deve ser mantida em cada fase da vida, quando ela está saudável ou quando está prestes a morrer. Entretanto, o benefício econômico é o que está prevalecendo. Deixam uma pessoa morrer porque a assistência custa: deixam morrer para economizar”. “É um ataque à instituição familiar. Mas tudo nasce do estatismo. E nós trememos quando nos lembramos do que os regimes totalitários fizeram na história”. “Esse mesmo estatismo continua presente hoje, mas com uma diferença em relação ao passado: ele é cultivado e apresentado com aspecto ‘humanizado’. Parece que não nos envergonhamos desse estatismo, que decide, com o seu império, por simples motivos econômicos, se o acesso à alimentação deve ser impedido e se os cuidados paliativos a uma criança doente devem ser negados”. “Nós adotamos uma visão baseada em um princípio economicista da vida, que é contrário aos idosos necessitados de assistência, às crianças doentes e às crianças que têm o direito de crescer com o carinho de uma família”.

Ele também afirma que Alfie foi considerado “uma coisa”.

“E uma coisa, como sabemos, nós jogamos fora quando não queremos mais. Foi assim que o conceito de amor foi desnaturalizado; deixou de ser considerado como uma integração entre duas pessoas e agora é uma forma de exploração. Quando não tem mais valor do ponto de vista econômico, é eliminado de modo brusco”.

O cardeal destacou que esta realidade atual pode ser enfrentada com a educação. Mas denuncia:

“A educação desapareceu. Na escola, por exemplo, o termo educação foi substituído pela instrução. Não é a mesma coisa”. “Durante o fascismo, a educação nas escolas estava sujeita ao regime. Hoje nós podemos ver o mesmo processo, mas camuflado pela ‘laicidade’. É necessário educar os jovens com o exemplo para dizerem não a esse estatismo, ao pensamento relativista que se mostra dominante”.

Apesar da gravidade do cenário, há motivos para a esperança.

“Sempre há esperança de que exista vontade. Os verdadeiros atores da história são as pessoas que vivem os problemas na sua própria pele; não devemos esquecê-las. O cristianismo oferece todos os recursos para impedir este caminho furtivo rumo à ditadura. Só é necessário redescobri-los”.
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