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Trump complica equação com Pyongyang ao retirar EUA de acordo iraniano

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realDonaldTrump - Twitter

Agências de Notícias - publicado em 09/05/18

A decisão de Donald Trump de retirar os Estados Unidos do acordo nuclear iraniano não apenas arruína a credibilidade diplomática de Washington, como complica as negociações com a Coreia do Norte sobre seu arsenal nuclear, avaliaram os especialistas.

O presidente americano tem previsto se reunir nas próximas semanas com o líder norte-coreano, Kim Jong Un, para discutir a questão nuclear, como novo reflexo da distensão histórica na península coreana.

Entretanto, Trump acaba de anunciar a saída dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã, alcançado em 2015, fruto de longas negociações internacionais para evitar que Teerã desenvolvesse a bomba atômica.

A decisão foi tomada enquanto outras as partes signatárias do acordo defenderam até o final o texto, que qualificaram de “histórico”, e destacaram que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) certificou com regularidade que Teerã estava cumprindo com suas obrigações.

O secretário de Estado adjunto do governo de Barack Obama, Antony Blinken, considerou que esta mudança de Washington complica o tema norte-coreano.

“Por que Kim (…) deveria acreditar nos compromissos do presidente Trump se ele rompe arbitrariamente um acordo que a outra parte respeita?”, questionou-se no Twitter.

E esta é uma opinião compartilhada por Vipin Narang, professor no prestigioso Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). “Hoje, o mundo se lembra que os acordos são reversíveis e podem ter data de validade, e que as armas nucleares podem ser um seguro de vida”.

– ‘Loucura’ –

A Coreia do Norte, tecnicamente em guerra por falta de um tratado de paz, sempre justificou o desenvolvimento de programas nucleares e balísticos pela ameaça representada pelos Estados Unidos à sobrevivência de seu regime.

O conselheiro americano de Segurança Nacional, John Bolton, afirmou no final de abril que os Estados Unidos estavam pensando no “modelo líbio de 2003, 2004” para a desnuclearização da Coreia do Norte.

Muammar Kadhafi, que então comandava a Líbia, anunciou em dezembro de 2003 que renunciava a todo o seu programa de desenvolvimento de armas de destruição em massa (ADM), após nove meses de negociações secretas com os Estados Unidos e o Reino Unido.

Mas Kadhafi foi deposto em 2011 por uma rebelião apoiada pelos bombardeios aéreos ocidentais e depois foi assassinado.

Pyongyang citou este exemplo várias vezes, assim como o trágico destino do ex-presidente iraquiano Saddam Hussein, para justificar seus programas militares proibidos.

Segundo o ex-chefe da CIA John Brennan, a “loucura” de Trump “minou a confiança global nos compromissos que os Estados Unidos assumem, alienou os aliados mais próximos, fortaleceu os falcões iranianos e deu à Coreia do Norte mais razões para manter suas bombas nucleares”.

– Aliado chinês –

A imprevisibilidade de Trump gera preocupação na Coreia do Sul. Neste contexto, quão importantes são os esforços de paz do presidente sul-coreano, Moon Jae-in?

De acordo com especialistas, as duas viagens de Kim Jong Un à China mostram que ele busca o apoio de seu tradicional aliado chinês.

Kim se reuniu com o presidente chinês, Xi Jinping, nesta semana pela segunda vez em pouco mais de um mês.

“A Coreia do Norte está plenamente ciente dos riscos de os Estados Unidos renunciarem a qualquer acordo em caso de mudança de governo”, disse à AFP Koh Yu-hwan, da Universidade Dongguk.

“Para se proteger contra essa possibilidade, Kim Jong Un se reuniu duas vezes com Xi Jinping para ter garantias de da China em matéria de segurança antes de entrar em negociações com os Estados Unidos”.

(AFP)

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