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Venezuela: radiografia de um país rico, mergulhado em uma crise

VENEZUELA

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Agências de Notícias - publicado em 18/05/18

País com as maiores reservas de petróleo do mundo, a Venezuela celebra eleições presidenciais no domingo, mergulhada em uma de suas piores crises política e socioeconômica.

Um total de 20,5 milhões dos 30,6 milhões de venezuelanos estão habilitados para escolher o presidente por um período de seis anos.

As presidenciais normalmente são realizadas em dezembro, mas o governo as antecipou, provocando o repúdio da oposição e de governos de América e Europa.

Veja a seguir uma radiografia do país:

– Política:

Com a eleição do tenente-coronel Hugo Chávez, em dezembro de 1998, a Venezuela passou a ter um sistema socialista. O carismático líder morreu de câncer em março de 2013 e, um mês depois, seu herdeiro político Maduro venceu as eleições por uma apertada margem.

Rompendo uma hegemonia de 16 anos, a oposição teve um ótimo resultado nas parlamentares de 2016, desatando um choque de poderes em meio ao qual foi bloqueada em seu objetivo de retirar Maduro do poder.

Entre denúncias de ruptura da ordem democrática, a Venezuela viveu quatro meses de violentos protestos opositores em 2017, que deixaram 125 mortos e foram desativados com a polêmica eleição de uma Assembleia Constituinte governista.

Com poder absoluto, a Constituinte, desconhecida pela comunidade internacional, adiantou as presidenciais e aumentou o isolamento: vários governos impuseram sanções e desconhecerão o resultado das eleições, acrescentando que não serão livres nem justas.

– Economia:

A Venezuela depende do petróleo, que fornece 96% da renda. Tem reservas de 300 bilhões de barris – as maiores do mundo -, mas a produção caiu para 1,5 milhão diários, contra os 3,2 milhões de 2008.

O desabamento dos preços em 2014, a corrupção e as ineficiências geraram escassez de bens básicos, uma queda do PIB em 15% e uma hiperinflação que o FMI projeta em 13.864% para 2018.

Desde 2003, o governo monopoliza as divisas e controla os preços, avivando um voraz mercado negro do dólar e de produtos, o que Maduro denuncia como “guerra econômica”.

De fevereiro a abril de 2018, o bolívar desvalorizou 95%, enquanto o dólar está cotado 10 vezes mais no mercado paralelo, marcador de muitos bens e serviços, o que dispara o custo de vida.

Com reservas internacionais de 9,871 bilhões de dólares, segundo o Banco Central, e uma dívida externa estimada em 150 bilhões, o país e sua petroleira Pdvsa caíram em default parcial por pagamentos atrasados, sem muita margem de renegociação por sanções impostas pelos Estados Unidos.

– O social:

A renda mínima (salário e bônus de alimentação) é de 2,6 milhões de bolívares (37 dólares na taxa oficial e 3,2 no mercado negro), valor de um quilo de carne. O governo entrega vales e caixas de comida subsidiadas em bairros populares.

A pobreza aumentou para 87% em 2017, assinala uma pesquisa das principais universidades do país, mas o governo assegura que está perto de 23%.

Segundo a Federação Farmacêutica, a escassez de remédios comuns é de 85%, e de 95% para doenças crônicas, como câncer e HIV. A ONG Médicos pela Saúde detalha que nos hospitais falta 79% do material médico cirúrgico e nenhum laboratório tem reativos.

Pesquisas de universidades locais estimam que desde 1999 emigraram entre três e quatro milhões de venezuelanos, boa parte a partir de 2014.

A insegurança é outro grande problema. A Venezuela tem uma taxa de 89 homicídios a cada 100 mil habitantes em 2017, 14 vezes a média mundial, de acordo com a ONG Observatório Venezuelano de Violência.

– Presença militar:

A Força Armada tem vasto poder em setores estratégicos, como petróleo e alimentos, e está dotada de armamento russo e chinês.

Conta com 365.315 efetivos (terrestre, naval, aéreo, guarda nacional, reserva), segundo a Rede de Segurança e Defesa da América Latina.

Existem 400 mil milicianos, membros de um corpo civil armado, que Maduro espera elevar a um milhão.

Dos 32 ministros de gabinete, 14 são militares. A participação militar no governo aumentou de 25% em 2014 para 43,75% em 2018, de acordo com a ONG Controle Cidadão.

(AFP)

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