Não fiquem no balcão da vida, coloquem os tênis, saiam com a camiseta de Cristo e lutem por seus ideais, diz o PapaO Papa Francisco enviou neste sábado uma mensagem em vídeo aos jovens argentinos que se reuniam no Encontro Nacional na cidade de Rosário.
“Obrigado pelo entusiasmo contagiante – onde há jovens, há barulho – pelo amor por Cristo e pelos irmãos que nestes dias certamente aumentarão! Mas que não seja apenas espuma, que não seja apenas espuma. Que seja sabão que faz espuma, mas que seja sabão”, disse o Papa.
“Quando pensei em vocês – continuou – e no que poderia compartilhar com vocês para este encontro, três palavras vieram à mente: presença, comunhão e missão”.
A primeira palavra é “presença”. Jesus está conosco, ele está presente na nossa história. Se não nos convencermos disso, não somos cristãos, (Jesus) caminha conosco! Mesmo que não o conheçamos. Pensemos – disse Francisco – nos discípulos de Emaús. Jesus se fez nosso irmão, ele convida também nós a nos encarnarmos, a construirmos juntos esta linda palavra, “a civilização do amor”, como seus discípulos e missionários, aqui e agora: em casa, com seus amigos, nas situações que vocês vivem todos os dias. É por isso que é necessário estar com Ele, ir ao encontro d’Ele na oração, na Palavra, nos sacramentos. Dedicar-lhe tempo, fazer silêncio para ouvir a sua voz. “Fazer silêncio – destacou o Papa – , não é fácil. Experimente”.
No entanto, quando você encontra Jesus, é uma graça; O Bom Samaritano – sublinhou o Pontífice -, que se aproxima para ajudá-lo, Jesus, tudo se renova, você se renova e pode, com Jesus, renovar a história. “Eh, padre, não exagere! Como fazemos para renovar a história? “Você pode renovar a história. A renovou uma menina de dezesseis anos que em Nazaré disse “sim”. Você pode renovar a história”.
“O bom samaritano é Cristo que se aproxima dos pobres, dos necessitados. O Bom Samaritano é você também quando, como Cristo, se aproxima dos que estão perto de você e sabe descobrir o rosto de Cristo. É um caminho de amor e misericórdia: Jesus nos encontra, nos cura, nos envia para curar os outros”.
Mas para seguir esse caminho para ajudar os outros a se levantarem, – frisou Francisco – não devemos esquecer, precisamos de encontros pessoais com Jesus, momentos de oração, de adoração e, acima de tudo, escuta. A Palavra de Deus.
A segunda palavra é comunhão. “Nós não escrevemos sozinhos a história – alguns acreditaram nisso, pensam que sozinhos ou com seus projetos vão construir a história. Nós somos um povo e a história constroem os povos, não os ideólogos, os povos são os protagonistas da história. Somos uma comunidade, somos uma igreja. E se vocês querem construir, como cristãos, vocês devem fazê-lo no povo de Deus, na Igreja, como povo. Não em um grupinho “chique e cheio de estilo”, separado da vida do povo de Deus. O povo de Deus é a Igreja, com todas as pessoas de boa vontade, com seus jovens, seus adultos, seus enfermos, seus sãos, seus pecadores, que somos todos nós! Com Jesus, a Virgem, os Santos que nos acompanham. Caminhe como povo. Construir uma história de povo”.
Francisco recordou ainda que “sabemos que, como Igreja, estamos em um tempo muito especial, no ano do Sínodo dos Bispos, que tratará do tema dos jovens. Vocês, jovens, serão o objeto das reflexões deste Sínodo. E também receberemos contribuições de vocês; Já há aquelas da Assembleia pré-sinodal que foi realizada em Roma, com 350 jovens de todo o mundo – cristãos, não-cristãos e não-crentes – da qual participaram também 15.000 (jovens), através das redes sociais. Eles elaboraram uma proposta, estudaram uma semana: brigando, discutindo, rindo. E esta contribuição chega até nós no Sínodo. E agora vocês. Com esta contribuição vamos para frente”.
Convido-os – disse – a serem partícipes, protagonistas do coração deste importante evento eclesial. Não fiquem à margem, comprometam-se, digam o que pensam.
Vocês sabem melhor do que eu que os computadores, os celulares precisam ser atualizados para funcionar melhor. Também a nossa pastoral precisa se atualizar, renovar-se e rever a conexão com Cristo à luz do Evangelho.
Dissemos, portanto, presença e comunhão. A terceira palavra é missão. Somos chamados a ser igreja em saída, em missão. Uma igreja missionária, não fechada em nossos confortos e esquemas, mas que saia ao encontro do outro. Uma Igreja Samaritana, misericordiosa, numa atitude de diálogo, de escuta. Jesus nos chama, nos envia e nos acompanha para nos aproximarmos de todos os homens e mulheres de hoje.
“Vão, não tenham medo! – pediu o Papa. Os jovens têm a força da inquietude, do inconformismo: sejam inconformistas, façam barulho, não deixem que a história seja escrita fora enquanto vocês olham da janela, não “fiquem na varanda da vida”, coloquem os tênis, saiam com a camiseta de Cristo e lutem por seus ideais. Vão com ele curar as feridas de muitos dos nossos irmãos que estão à beira da estrada, vão com Ele para semear esperança nos nossos povos e cidades, vão com ele para renovar a história.
“Muitas vezes vocês ouviram que vocês são o futuro, neste caso o futuro da pátria. O futuro – afirmou Francisco – está em suas mãos; é verdade, porque nós paramos e você continuam. Mas atenção: um futuro sólido, um futuro fecundo, um futuro que tenha raízes.
O Santo Padre concluiu sua mensagem convidando os jovens a olharem também, nestes dias, para Maria, a Virgem do Rosário, que soube permanecer perto do seu Filho, acompanhando-o nos seus mistérios de alegria e de dor, de luz e de glória. “Que Ela, Maria, Mãe da proximidade e da ternura, Senhora do coração aberto e sempre disponível para ir ao encontro daqueles que têm necessidade, seja sua Mestra no modelo da vida e de fé”.
(Com Vatican News)