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Beata Gabriella Sagheddu: a monja da “Unidade” e dos “Papas”

POPE FRANCIS WANTS EVERYONE TO IMITATE THESE SAINTS

Public Domain

Vanderlei de Lima - publicado em 30/05/18

Seu corpo, encontrado intacto, em 1957, durante o reconhecimento, agora repousa em uma capela junto ao mosteiro de Vitorchiano

A beata Maria Sagheddu nasceu em Dorgali, na Sardenha, em 1914, em uma família de pastores de ovelhas. Depois de participar da Ação Católica, aos vinte e um anos, escolheu consagrar-se a Deus. Entrou, então, para as trapistinas (Cistercienses da Estrita Observância) de Grottaferrata (Roma), uma comunidade pobre de meios econômicos e culturais, governada, na época, pela Madre de M. Pia Gullini.

Sua vida religiosa durou apenas três anos e meio. Foi de oferecimentos pela Unidade dos Cristãos. A abadessa, de fato, era sensível à questão e – a pedido do padre francês Paul Couturier, um dos pioneiros do ecumenismo –, apresentou às monjas uma solicitação de orações e oferecimentos para que o desejo de Jesus (“que todos sejam um”) se cumprisse. Ir. Gabriella, nome religioso de Maria Sagheddu, se ofereceu, então, como vítima expiatória, pela causa da Unidade, consumindo sua breve vida por esse desejo de Nosso Senhor. Faleceu de tuberculose em 1939.

Alguns elementos essenciais dominam o modo de ser de Gabriella: o primeiro e muito visível é a gratidão pela misericórdia com que Deus a envolveu, chamando-a para uma pertença total a Ele: ela gostava de se comparar ao filho pródigo e sabia “agradecer” pela vocação monástica, pela casa, pela superiora, pelas irmãs, enfim por tudo. “Como o Senhor é bom!” é a sua exclamação contínua; e essa gratidão penetrará também os momentos supremos da doença e da agonia; o segundo elemento é o desejo de responder com toda a sua força à graça: que se cumpra nela o que o Senhor começou a realizar, que se cumpra a vontade de Deus, porque aqui está para ela a verdadeira paz.

Na noite de 23 de abril de 1939, Gabriella concluiu sua longa agonia, totalmente entregue à vontade de Deus, enquanto os sinos tocavam alto, no final das Vésperas do Domingo do Bom Pastor, em que o Evangelho proclama: “Haverá um só rebanho e um só pastor”. Sua oferta, mesmo antes de consumada, foi recebida pelos irmãos anglicanos e encontrou profunda correspondência no coração dos fiéis de outras confissões. O afluxo de vocações, que tem sido numeroso nos anos seguintes à sua entrega, é o presente mais concreto de Irmã Maria Gabriella para a sua comunidade que já fundou vários outros mosteiros em diversos países.

Seu corpo, encontrado intacto, em 1957, durante o reconhecimento, agora repousa em uma capela junto ao mosteiro de Vitorchiano, para onde se mudou a comunidade de Grottaferrata. Ela foi beatificada por João Paulo II, em 25 de janeiro de 1983, quarenta e quatro anos após sua morte. Este mesmo Papa a citou depois com estas palavras: “Rezar pela unidade não está só reservado a quem vive num contexto de divisão entre os cristãos.  […] Para confirmar esta exigência, eu quis propor aos fiéis da Igreja Católica um modelo, que me parece exemplar, o de uma freira trapista, Maria Gabriela da Unidade, que proclamei beata no dia 25 de janeiro de 1983. A Irmã Maria Gabriela, chamada pela sua vocação a estar fora do mundo, dedicou a existência à meditação e à oração, centradas no capítulo 17 do Evangelho de S. João, oferecendo-as pela unidade dos cristãos. Está aqui o fulcro de toda a oração: a oferta total e sem reservas da própria vida ao Pai, pelo Filho, no Espírito Santo. O exemplo da Irmã Maria Gabriela ensina e faz-nos compreender como não haja tempos, situações ou lugares particulares para rezar pela unidade. A oração de Cristo ao Pai é modelo para todos, sempre e em qualquer lugar” (Ut unun sint, 1995, n. 27).

Agora, foi a vez do Papa Francisco mencioná-la: “Nos processos de beatificação e canonização, tomam-se em consideração os sinais de heroicidade na prática das virtudes, o sacrifício da vida no martírio e também os casos em que se verificou um oferecimento da própria vida pelos outros, mantido até à morte. Esta doação manifesta uma imitação exemplar de Cristo, e é digna da admiração dos fiéis. Lembremos, por exemplo, a Beata Maria Gabriela Sagheddu, que ofereceu a sua vida pela unidade dos cristãos” (Gaudete et exsultate, 2018, n. 5).

Deus seja louvado pela vida dessa monja da “Unidade” e dos “Papas”.

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