Vaticano: "Há sérios problemas em texto de bispos alemães sobre comunhão para protestantes"
Tem havido discussões em países europeus, principalmente na Alemanha, a respeito da proposta de se permitir que os cônjuges protestantes de fiéis católicos recebam a Sagrada Eucaristia ao participarem da Santa Missa em família.
Esta possibilidade, porém, não tem apresentado amparo teológico sólido e, à primeira vista, se baseia principalmente numa visão do Corpo de Cristo como uma espécie de “direito” – o que não é o caso nem sequer para os católicos que já fizeram toda a preparação para a Primeira Comunhão e que, ao longo da vida toda, precisam continuar a cuidar delicadamente de uma série de requisitos espirituais para comungarem dignamente e com plena consciência de estarem recebendo o Corpo de Cristo de modo real, não meramente simbólico.
Comunhão não é como “bolo com cerveja”
Na semana passada, o cardeal nigeriano Francis Arinze foi enfático ao se opor a uma “relativização” da importância da preparação individual para receber a Eucaristia, destacando que é imprescindível respeitar os princípios elementares de dignidade e consciência sobre este sacramento. Ele declarou inclusive que os protestantes que queiram receber a Comunhão devem se tornar católicos e acrescentou que a Sagrada Eucaristia não pode ser compartilhada com os cônjuges protestantes como se fossem “amigos que compartilham cerveja ou bolo”. Veja mais sobre o seu pronunciamento aqui.
A questão dos matrimônios interconfessionais
Os matrimônios interconfessionais são uma possibilidade reconhecida pelo Direito Canônico em determinadas condições. O assunto foi contemplado em fevereiro passado pelos bispos alemães no documento pastoral “Caminhar com Cristo – nas pegadas da unidade. Matrimônios mistos e participação comum na Eucaristia”. O texto, votado por dois terços da assembleia, abria a possibilidade ao cônjuge protestante de receber a comunhão durante a missa católica depois de um aprofundado diálogo com o pároco.
O debate entre os bispos alemães
Sete bispos alemães, em sede plenária, não expressaram parecer favorável a essa possibilidade. Eles escreveram uma carta expressando as suas perplexidades ao Papa Francisco, que, em 3 de maio, pediu análise do tema pela Congregação da Doutrina da Fé e pelos dicastérios para a Unidade dos Cristãos e para os Textos Legislativos. Enquanto se aguardam os aprofundamentos sobre a questão, o bispo diocesano permanece com a possibilidade de avaliar caso a caso e estabelecer as medidas necessárias.