Fama e dinheiro podem ser grandes sonhos de alguns que acham que, ao obtê-los, serão mais felizes. No entanto…Três suicídios de celebridades em apenas uma semana acabam de chamar a atenção do mundo, causando preocupação em muita gente.
Por que alguém tira a própria vida?
Fama e dinheiro podem parecer sinônimo de felicidade. No entanto, muita gente rica e famosa, tragicamente, tem chegado ao extremo de dar fim à própria vida. Algumas celebridades se afundam no submundo das drogas, outras sofrem sérios transtornos psicológicos, outras não conseguem suportar o vazio que escondem no seu interior.
Será que não receberam a atenção médica mais adequada? Se não foi isto o que lhes faltou, o que então lhes faltou? Teria sido diferente a trajetória dessas pessoas se elas tivessem vivido uma experiência intensa da sua dimensão espiritual, descobrindo um sentido mais profundo para a sua existência? O seu “por quê?” e “para quê?” na vida não era apaixonante, não era realizador? Estas perguntas, entre muitas outras, estão na lista de questionamentos que surgem nas mentes quando se noticia um suicídio, em particular o de uma celebridade.
Tem havido um aumento global dos casos de suicídio, sem grandes discrepâncias entre os sexos e as faixas etárias. E importante: sem grandes diferenças nos motivos do suicídio entre os diversos grupos, incluindo os grupos de mais alto patrimônio financeiro.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os últimos 45 anos viram os índices aumentarem 65% e chegarem aos atuais 800.000 suicídios por ano no mundo. A OMS observa que a depressão, cujos casos mais graves estão associados à conduta suicida, caminha para se tornar a doença mais comum no planeta – mas a depressão sozinha, na grande maioria dos casos, não leva ao suicídio. As causas do suicídio são muito mais complexas – e, ao mesmo tempo, muito mais simples: elas têm a ver com uma grave ausência de percepção de sentido na vida.
Algumas causas que podem levar a este dramático final
- Estilo de vida acelerado e “fluido”, desenraizado, sem identidade, à mercê do fluxo dos acontecimentos e sujeito à ditadura das modas, do efêmero, de coisas exteriores;
- Enfraquecimento de fatores-chave que protegem o bem-estar mental, como seriam um propósito de vida aberto aos outros, uma clara hierarquia de valores e pontos de referência, relações familiares e de amizade sólidas e sinceras, equilíbrio entre as dimensões pessoal, profissional, familiar, social, espiritual…;
- Faltando esses fatores-chave para uma vida mais rica em sentido, cai-se num círculo individualista, egocêntrico, focado em prioridades banais, fúteis, principalmente de tipo material, que se revelam uma decepção;
- Sofre-se também de uma frágil educação e preparação para enfrentar os momentos de crise;
- Há crescente desconexão das pessoas entre si e consigo mesmas e, por decorrência, uma constante sensação de solidão;
- Há um afã exacerbado pela produtividade, com o seu consequente estresse permanente…
Além desses exemplos, também costuma haver a presença de transtornos mentais multicausais, ou seja, que não podem ser reduzidos ao problema da depressão. De novo: na grande maioria dos casos, a depressão não leva ao suicídio. Existem muitas circunstâncias particulares que podem levar, de início, a estados pouco conscientes de depressão que vão se agravando por não serem tratados adequadamente. Entre essas circunstâncias pode haver casos de bullying, assédio moral e/ou sexual, a perda de entes queridos, doenças graves etc. Por si sós, esses fatores não são suficientes para o suicídio, mas se transformam em motivos para ele quando chegam a compor um quadro geral em que se perdeu o sentido da própria existência, conseguindo-se enxergar apenas desilusão, vazio, sofrimento. Este é o quadro que precisa ser cuidado e evitado.
Conselhos concretos diante de situações desse tipo
- Deve-se explorar a presença ou ausência de pensamentos suicidas, a origem de tais ideias, seu grau de atividade e a existência ou não de um plano a ser executado. Como, quando e por que são perguntas necessárias, que permitem formar uma ideia da gravidade da situação. Quanto maior o planejamento concreto, maior o risco de suicídio.
- Em casos de ideação suicida é necessário um tratamento rápido que permita atuar no núcleo do problema.
- Apoio social, familiar e afetivo. Não há dúvida de que, salvo em caso clínico de enfermidade, um dos remédios mais eficazes para superar os momentos críticos da vida e evitar consequências dramáticas é ter uma vida afetiva sadia, em que o apoio dos amigos e familiares é o melhor recurso para superar o risco de atitudes extremas como o suicídio.
Mas, afinal, por que tanta gente famosa se suicida?
Pelas mesmas razões que gente não famosa também se suicida. Quando faltam os fatores-chave para uma vida sadia, equilibrada e rica em propósito existencial, a fama e o dinheiro perdem a máscara e se revelam incapazes de produzir realização.
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Aleteia Brasil, a partir de texto de Javier Fiz Pérez em Aleteia Espanhol