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Papa: “Devemos remover do dicionário a palavra ‘proselitismo'”

POPE SWISS

DENIS BALIBOUSE I POOL I AFP

Pope Francis takes part to an ecumenical meeting at the World Council of Churches (WCC) in Geneva, on June 21, 2018. Pope Francis visits the World Council of Churches on 21 June as centrepiece of the ecumenical commemoration of the WCC's 70th anniversary. / AFP PHOTO / POOL / DENIS BALIBOUSE

Vatican News - publicado em 22/06/18

“Devemos remover do dicionário a palavra ‘proselitismo'”, se existe um, não pode existir outro. Francisco encerra a coletiva de imprensa no voo de retorno de Genebra a Roma, revelando a “bonita palavra” sobre a qual os líderes do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) concordaram na conversa durante o almoço com o chefe da Igreja Católica. Além disso, o proselitismo é, por assim dizer, o lado sombrio do que para o Papa representa a luz na relação entre as confissões cristãs, ou seja o diálogo.

A preocupação dos jovens

Sobre o dia que não esconde foi para ele “pesado” no sentido de cansaço, Francisco abriu a coletiva de imprensa com sessenta jornalistas no voo insistindo repetidamente sobre o valor do “encontro”. Com todos, admite, teve um “encontro humano” para além dos formalismos. Do Presidente da Confederação Helvética aos líderes das igrejas cristãs, com os quais, disse, se falou, não sem preocupação sobre os “jovens”. Este, refere, foi “o assunto que tomou mais tempo” e, acrescenta palavras sobre o pré-sínodo de março – com os milhares de jovens de todas as religiões e também os não crentes – que “despertou um interesse especial” .

Matrimônios interconfessionais

Em seguida Francisco passa o microfone aos jornalistas que desejam conversar sobre a atualidade. Questões já debatidas, sobre as quais o Papa volta a oferecer novos esclarecimentos. Como no caso dos bispos alemães e o confronto sobre a admissão à Eucaristia em casamentos onde há um cônjuge católico e um protestante. O Papa resume os passos dados repetindo que, tendo avaliado as várias posições, um aprofundamento da questão pareceu a melhor solução, como escreveu o prefeito da Doutrina da Fé, o cardeal Ladaria, em uma carta, afirma Francisco, escrita “com minha permissão”. O Papa elogia o documento com o qual os bispos da Alemanha iniciaram o confronto. Em síntese, observa, é preciso avaliar corretamente a responsabilidade de gerir as situações de casamentos interconfessionais – hoje prerrogativa de cada bispo – em relação a uma amplidão mais “universal” que teria uma decisão tomada em nível de Conferência Episcopal. Em suma, diz, respondendo ao jornalista, não se tratou de uma “freada”, mas de escolher o melhor caminho.

Imigração deve ser administrada pelos governos

Não falta a habitual questão sobre a imigração, com eventos que oferecem uma crônica quente em ambos os lados do Atlântico. Para mim, reafirma o Papa, para quem foge “da fome e da guerra”, se deve adotar critérios condensados ​​em quatro verbos: “acolher, acompanhar, organizar, integrar”. Francisco se diz horrorizado com as notícias que chegam daquelas que ele chama de “as prisões dos traficantes” – crueldade indescritível que fazem vítimas especialmente entre mulheres e crianças, algo que não ocorreu nem mesmo durante a Segunda Guerra Mundial. Mas insiste que os governos devem “entrar em acordo” principalmente na administração da “emergência” a curto prazo e então planejar políticas a médio prazo para resolver o fenômeno migratório em sua raiz. A ideia do Papa é bem conhecida: criar educação e trabalho nos países mais em dificuldade, sejam africanos ou latino-americanos, para acabar com o problema do “tráfico de migrantes”. “O problema das guerras é difícil de ser resolvido” como também “o da perseguição aos cristãos” e, no entanto, diz Francisco, “o problema da fome pode ser resolvido”, desde que a comunidade internacional aja em conjunto. À Itália e à Grécia reserva o adjetivo “generosíssimos” na ajuda aos migrantes e também a Turquia, o Líbano e a Espanha recebem reconhecimento. Sobre o drama da imigração nos Estados Unidos, repete com firmeza: “Eu apóio os bispos daquele país”.

Com o diálogo não como Caim

Um jornalista pergunta ao Papa sobre a doutrina da “guerra justa” e sobre o fato de que a Igreja Católica deveria de alguma forma alinhar-se às posições de algumas comunidades protestantes, as chamadas “igrejas da paz”. Francisco responde recordando a causa das guerras que hoje ensanguentam em pedaços o mundo na “crise dos direitos humanos”. Tudo é “relativo”, reconhece, e o tema dos direitos perdeu esmalte, “não existe mais”, revela, “o entusiasmo de 70 anos atrás, mas nem mesmo de 20 anos atrás”. Cita a famosa máxima de Einstein de que uma quarta guerra mundial será combatida “com paus” e ainda crítica o “dinheiro que se gasta em armas” e pede para “resolver todos os conflitos,” não “como Caim”, mas “com a negociação, diálogo, mediação”. E contra os “fundamentalistas”, isto é, as facções extremistas que se escondem nas religiões, incluindo católicos, devemos reafirmar, disse, repetindo as palavras de um pastor protestante, “o primeiro direito humano”, “o direito à esperança.”

A última vez de Dom Becciu

Último momento, a surpresa, Francisco reserva ao substituto e próximo cardeal Angelo Becciu, na última viagem ao lado do Papa antes de seu novo cargo como prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. Um bolo da Sardenha como as origens do prelado aparece no corredor do avião, acolhido com gratidão por Dom Becciu: foi “uma experiência magnífica – disse – ver o Santo Padre espalhar corajosamente a Palavra de Deus. O meu serviço – concluiu – foi apenas esse”, tê-lo ajudado nesta missão.

(Vatican News)

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