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Congresso dos EUA adia votação de reforma migratória para próxima semana

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Peg Hunter-(CC BY-NC 2.0)

Agências de Notícias - publicado em 24/06/18

A Câmara de Representantes do Congresso americano adiou para a semana que vem uma votação crucial sobre reforma migratória, em meio à polêmica sobre os mais de 2.000 menores separados de seus pais na fronteira, onde a primeira-dama Melania Trump fez, na quinta-feira, uma visita surpresa.

A viagem da primeira-dama, que visitou sorridente e acolhedora um abrigo para crianças, aconteceu em meio às críticas ao presidente Donald Trump, acusado de provocar as dramáticas separações.

Enquanto isso, no Congresso, os representantes rejeitaram, em uma primeira votação, um projeto de lei claramente conservador, e as negociações afundaram antes da consideração de outro texto, de perfil mais moderado.

Diante desse cenário, os líderes das várias tendências na bancada do Partido Republicano iniciaram uma reunião a portas fechadas, aparentemente em uma tentativa de chegar a algum tipo de consenso.

Nas últimas duas semanas, o presidente Trump e vários membros do gabinete repetiram, como um mantra, que a chave para a solução para a crise de separação de famílias está no Congresso, que devia aprovar uma lei migratória.

Em incontáveis mensagens e declarações, Trump responsabilizou diretamente os congressistas do Partido Democrata, os quais acusou de obstruir o caminho para uma solução. Na verdade, as negociações afundaram por divisões entre os republicanos.

A discussão de uma lei de reforma do sistema migratório se movia com avanços e recuos no Congresso, há algum tempo, mas o tema se acelerou significativamente a partir de maio, logo após a adoção da política de “tolerância zero” com a imigração ilegal.

Definida pelo procurador-geral Jeff Sessions, essa política determina que todos os adultos que entrarem de modo ilegal nos EUA devem ser detidos e processados criminalmente.

Para milhares de famílias, isso significa que seus filhos menores de idade são separados e retidos em albergues dispersos por todo país.

– Melania na fronteira –

Como um sinal da gravidade da situação, a primeira-dama americana fez uma visita surpresa à cidade de McAllen, no Texas, onde visitou um albergue para crianças imigrantes administrado pela igreja luterana.

“Quero saber como podemos ajudar essas crianças a se reunirem com suas famílias o quantos antes”, disse a primeira-dama aos auxiliares do albergue.

De acordo com informações da assessoria da primeira-dama, o albergue reúne atualmente cerca de 60 crianças com idades entre 5 e 17 anos, provenientes de Honduras e de El Salvador.

No início da semana, Melania surpreendeu ao apontar, em uma nota oficial, que o país precisa de um governo que faça as leis serem aplicadas, mas que também use “o coração”.

A mensagem foi considerada uma crítica velada a seu marido, presidente Trump, pela rigidez de sua política de “tolerância zero” e pela onda de indignação causada com a separação de pais e filhos.

De acordo com dados oficiais, entre 5 de maio e 9 de junho, 2.342 menores de idade foram separados de suas famílias e são mantidos detidos pelas autoridades em centros temporários de acolhida divididos por grades que se parecem com jaulas.

A visita de Melania Trump foi ofuscada, porém, pelas imagens que mostravam a primeira-dama, usando uma parca com a seguinte frase: “Realmente não me importo, e você?”.

As redes sociais reagiram, e seu porta-voz teve de dizer que “não havia qualquer mensagem oculta” na roupa. Depois, em um tuíte, o presidente Trump afirmou que a frase se referia à imprensa que divulga “notícias falsas” (“fake news”).

– Reforma migratória em discussão –

Na quarta-feira, Trump assinou um decreto, pondo fim à separação de famílias na fronteira, mas, até agora, não está claro como essa decisão será aplicada e quando se permitirá a reunificação das famílias agora separadas.

O projeto de lei que falta ser analisado no Congresso reforça, consideravelmente, a segurança na fronteira – uma exigência dos mais conservadores -, mas inclui dispositivos que são aceitáveis para os democratas.

Entre essas iniciativas, este projeto determina a proibição da separação de famílias de imigrantes e também formula uma solução definitiva para jovens que chegaram ao país quando crianças e que regularizaram sua situação durante o governo de Barack Obama – os chamados “dreamers”.

Estimados em cerca de 700 mil em todo país, esses imigrantes em situação legal caíram em um limbo jurídico, depois que o presidente Trump decidiu não renovar seus vistos de residência.

A iniciativa inclui ainda um mecanismo para destinar recursos para a construção de um muro na fronteira com o México e põe um ponto final à migração de familiares de residentes.

Por enquanto, o Departamento de Saúde solicitou ao Pentágono que se prepare para abrigar em suas bases militares mais de 20.000 crianças que entraram desacompanhadas ao país, disse à AFP um funcionário do alto escalão.

(AFP)

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