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Mulheres sauditas assumem o volante após o fim da proibição de conduzir

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Human Rights Watch

Agências de Notícias - publicado em 24/06/18

A proibição a que as mulheres possam dirigir na Arábia Saudita, vigente durante décadas, chegou ao fim neste domingo, e as novas motoristas, emocionadas e orgulhosas, começaram a circular por Riad com um sentimento de maior liberdade.

A partir de agora, milhares de mulheres poderão dirigir automóveis no reino, que também passa a permitir que as mulheres dirijam motos.

Assim que a proibição foi levantada, várias mulheres assumiram o volante para percorrer as iluminadas avenidas da capital e de outras cidades do reino. Algumas colocaram música no volume máximo.

“É um momento histórico para todas as mulheres sauditas”, declarou Sabika Al Dosari, uma apresentadora de televisão, antes de cruzar a fronteira com o Bahrein em um sedan.

Logo após a meia-noite, Samar Almogren girou a chave na ignição, um momento inesquecível para esta mulher que já havia dirigido no exterior, mas não em seu próprio país.

“Sinto calafrio por todo o corpo. Estar ao volante depois de anos no assento traseiro é inacreditável. Agora a responsabilidade é minha e estou mais pronta do que nunca para assumi-la”, declarou Samar, vestida toda de branco.

Alguns homens também comemoraram o momento. “É uma grande conquista”, declarou um príncipe saudita, o bilionário Al Walid bin Talal, em um vídeo com sua filha Reem dirigindo uma 4×4, com suas netas aplaudindo no banco traseiro.

– Sistema patriarcal –

Anunciada em setembro de 2017, esta decisão promovida pelo príncipe herdeiro Mohammad bin Salman faz parte de um amplo plano de modernização do país, e põe fim a uma proibição que se tornou símbolo do status de inferioridade que é dado às mulheres.

“As mulheres vivem num sistema patriarcal na Arábia Saudita. Então este é um passo importante e uma etapa essencial para a mobilidade das mulheres”, resumiu Hana al Jamri, autora de um livro que será publicado em breve sobre as mulheres no jornalismo na Arábia Saudita.Para muitas mulheres, sauditas e estrangeiras, a medida permitirá reduzir sua dependência de motoristas privados ou dos homens de sua família.

Muitas sauditas compartilharam nas redes sociais seus planos para este momento tão importante em suas vidas. Afirmam que levarão suas mães para tomar um café ou um sorvete, uma experiência banal para o resto do mundo mas excepcional na Arábia Saudita.

Do ponto de vista econômico, o fim da proibição poderia estimular o emprego entre as mulheres. E, segundo uma estimativa da Bloomberg, poderia somar 90 bilhões de dólares para a economia até 2030.

A proibição de dirigir suscitava críticas há algum tempo das organizações pró-direitos humanos. Muitas mulheres da elite saudita, que podiam dirigir em lugares como Londres ou Dubai, haviam tentado evitar essa proibição em seu país, mas foram detidas.

Durante décadas, os conservadores se apoiaram em interpretações rígidas do islã para justificar a proibição de dirigir, alguns alegando inclusive que as mulheres não eram inteligentes o suficiente para se colocarem atrás do volante.

Mas muitas mulheres temem continuar sendo alvo dos conservadores, neste país onde os homens mantém o status de “tutores”.

Efetivamente, as sauditas devem sair com véu e continuam sujeitas a restrições importantes: não podem viajar, estudar ou trabalhar sem autorização de seus maridos ou dos homens da sua família.

O governo adotou recentemente medidas contra os abusos, punindo o assédio sexual com cinco anos de prisão e uma multa de 300.000 rials (69.000 euros).

Sob o impulso do príncipe Mohamed, que se tornou herdeiro do trono há um ano, o país também autorizou a abertura de cinemas e shows mistos, um sinal de sua intenção de voltar ao “Islã moderado”.

Mas o entusiasmo despertado pelo anúncio de suas reformas foi marcado por uma onda de repressão contra ativistas que, entre outras coisas, lutavam há muito tempo contra a proibição de condução.

Segundo as autoridades, nove das mais de uma dúzia de pessoas detidas, incluindo mulheres, seguem presas.

(AFP)

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