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México se prepara para nova era política com López Obrador no poder

MEXICO

Javier Garcia - Shutterstock

Agências de Notícias - publicado em 02/07/18

O México se prepara para uma nova era politica liderada por Andrés Manuel López Obrador, que no domingo obteve uma contundente vitória nas eleições gerais, levando a esquerda ao poder da segunda economia latino-americana.

“Sou muito consciente de minha responsabilidade histórica”, disse López Obrador, de 64 anos, ao lado da esposa e dos filhos, diante de dezenas de milhares de simpatizantes na emblemática praça central da capital mexicana.

“Quero entrar para a história como um bom presidente do México”, afirmou, enquanto a multidão gritava “Sim, foi possível”.

Em sua terceira tentativa consecutiva de chegar à presidência, AMLO, como é conhecido entre os mexicanos, se apresentou como o candidato antissistema e recebeu mais de 53% dos votos, de acordo com estimativas oficiais baseadas em uma mostra cuja tendência é irreversível.

López Obrador tem mais de 30 pontos de vantagem sobre Ricardo Anaya, candidato apoiado por uma coalizão de direita e esquerda (PAN, PRD e Movimento Cidadão). José Antonio Meade, aspirante do governista Partido Revolucionário Institucional (PRI), aparece muito atrás em terceiro lugar.

O Regeneração Nacional (Morena), partido liderado por López Obrador, conseguiu, além disso, a maioria dos governos (seis de nove), entre eles o da Cidade do México. Este triunfo implica uma mudança radical no mapa político dos 32 estados do país e que até agora eram governados majoritariamente por uma alternância das bancadas tradicionais, como o governista Partido Revolucionário Institucional (PRI) e o conservador PAN.

A apuração dos votos avança lentamente e continuará nesta segunda-feira.

“Necessitávamos de uma verdadeira mudança”, celebrou José Gutiérrez, de 44 anos, no quartel-general da campanha de López Obrador.

AMLO conseguiu capitalizar o cansaço da população após seis anos de governo de Enrique Peña Nieto, um mandato marcado pela corrupção e por denúncias de violações dos direitos humanos.

– Trump x AMLO –

Em seu projeto de nação para 2018-2024, que começará em sua posse no dia 1o. de dezembro, o candidato eleito destaca o apoio ao campo, a revisão dos contratos milionários da reforma energética, um governo “austero, sem luxos ou privilégios” e a redução dos salários dos altos funcionários públicos em até 50%.

Tudo para estimular programas sociais e reduzir a pobreza no México, que afeta mais de 53 milhões de pessoas, com mais de sete milhões de cidadãos na pobreza extrema.

O problema é que muitos mexicanos e analistas criticam a falta de propostas concretas e o que chamam de retórica “populista”.

“O principal desafio genérico de López Obrador é cumprir o que ofereceu e ofereceu uma utopia (…) Não vai conseguir fazer milagres”, disse o historiador mexicano José Antonio Crespo.

Muitos mexicanos que votaram nele expressam dúvidas sobre seu programa, ao mesmo tempo que ressaltaram a necessidade de uma mudança.

Uma das maiores dúvidas diz respeito à relação de AMLO com o presidente americano Donald Trump e, sobretudo, como dois modelos tão antagônicos conviverão dos dois lados do Rio Bravo, em temas vitais como a migração e as negociações de um renovado Tratado de Livre-Comércio.

Trump disse que “está ansioso para trabalhar” com o novo presidente mexicano.

“Há muito trabalho por fazer que beneficiará Estados Unidos e México”, tuitou Trump, cuja política anti-imigração e contra o livre comércio abalou a relação bilateral.

López Obrador afirmou que buscará uma relação de “amizade e cooperação” com os Estados Unidos.

Para os analistas o panorama é incerto.

“AMLO não pagará pelo muro, isto é certo. Mas AMLO deu mostras claras de que deseja ter uma boa relação com os Estados Unidos. Ele não fez campanha contra Trump. Do lado de Trump é muito imprevisível”, opina Mark Weisbrot, codiretor do Centro de Pesquisas em Economia e Política.

– Campanha eleitoral violenta –

As eleições encerraram a campanha eleitoral mais violenta da história recente do México, com pelo menos 145 políticos assassinados desde setembro (48 eram pré-candidatos, ou candidatos).

Um número significativamente maior do que o registrado em 2012, quando nove políticos e um candidato foram assassinados.

Durante o dia de votação, uma militante do Partido do Trabalho (PT) foi assassinada no estado de Michoacán (oeste) e dois membros do PRI morreram no estado de Puebla.

– Alianças –

Além do presidente, quase 89 milhões de mexicanos estavam registrados para escolher governadores, prefeitos e deputados locais e federais, entre os mais de 18.000 cargos em disputa.

De acordo com o instituto Mitofsky, Morena e seus aliados, o Partido do Trabalho e o conservador Encontro Social, conseguiriam juntos mais de 250 das 500 cadeiras na Câmara, o que significa a maioria entre os deputados. No Senado, entre 56 e 70 das 128 cadeiras, o que não garante a maioria até o momento.

López Obrador precisará, portanto, estabelecer alianças em um país dividido.

(AFP)

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