Ele estava de férias na Tailândia, mas não se importou em renunciar ao descanso, às diárias de hotel já pagas, à diversão que tinha planejado para espairecer. Assim que ouviu a notícia de que os 12 meninos e seu treinador tinham sido encontrados vivos depois de uma semana desaparecidos no interior da inóspita caverna Tham Luang, ele resolveu colocar as suas habilidades a serviço do resgate que ainda manteria o mundo inteiro de coração na mão durante mais uma longa semana.
O australiano Richard Harris é médico anestesista, mas também é reconhecido pela experiência como mergulhador… em cavernas.

(Pausa para pensarmos em “casualidades“… Parece que não foi à toa que a própria Marinha tailandesa postou um desabafo de alívio, no final da operação, comentando não saber se tudo aquilo foi ciência ou foi milagre).
Sue Crowe, amiga do médico, afirmou à BBC World, também após o encerramento da missão, que ele era o homem ideal para fazer a operação dar certo:
“Ele é brilhante com as crianças e com certeza se certificou de que os meninos estavam preparados para mergulhar numa caverna (…) Ele era a pessoa perfeita para apoiá-los”.
O homem-certo-no-lugar-certo-no-tempo-certo se tornou essencial para as chances de sucesso da delicada missão que estava prestes a ser executada. Após enfrentar a árdua jornada de 6 horas caverna adentro até chegar à cavidade em que estavam os meninos, foi Richard Harris quem pôde examiná-los e, no momento oportuno, dar “luz verde” para o início do resgate ao confirmar que, do ponto de vista médico, eles teriam condições suficientes de mergulhar.
A operação histórica será lembrada para sempre como um êxito extraordinário, apesar da trágica morte de um dos heróis resgatistas, o mergulhador Saman Kunan.

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Entretanto, enquanto o mundo aplaudia a entrega dos socorristas após o final feliz que fez o planeta suspirar de alívio e emoção, ainda haveria uma tragédia pessoal a golpear o coração de Richard Harris, já desafiado pela alta tensão física e emocional daquela operação de resgate: pouco após a bem-sucedida conclusão da epopeia dos meninos da Tailândia, o pai de Richard havia falecido, a centenas de quilômetros dali, na sua Austrália natal.
O governo tailandês declarou que Richard Harris foi peça-chave para que tudo desse certo. Na Austrália, muitos já pedem que ele seja oficialmente reconhecido como o “australiano do ano”.
Agora, no mundo inteiro, os aplausos ao herói se transformam em abraço de solidariedade e em mãos que se unem na oração, para que Deus dê conforto ao seu coração generoso e receba em seus braços um pai que, talvez, tenha literalmente morrido de felicidade ao testemunhar que o filho ajudou a resgatar das trevas a esperança de todo um planeta.

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