Será que a felicidade pode ser reduzida a fórmulas e ideologias?A Assembleia Geral das Nações Unidas instituiu, em 2012, o dia 12 de março como Dia Internacional da Felicidade. A ONU reconheceu, assim, a importância de uma nova visão sobre o crescimento econômico, dando mais espaço a conceitos como desenvolvimento sustentável, eliminação da pobreza, felicidade e bem-estar da população mundial. A instituição, portanto, colocou em evidência que a felicidade é um objetivo primário para o ser humano, um direito individual e coletivo.
Mas a grande pergunta é: o que é felicidade?
Cada pessoa tem a própria definição de felicidade. Afinal, o importante é nos reconhecermos como pessoas felizes ou não.
Dos antigos pensadores e filósofos gregos até os dias atuais, passando pelas diferentes correntes de pensamentos, o ser humano vem tentando entender a felicidade.
A Revolução Francesa, levando em conta os direitos do homem e do cidadão, redigiu algo sobre o conceito de felicidade: “O objetivo da sociedade é a felicidade comum”.
Para o atual pensamento liberal, felicidade é ser livre para realizar as próprias ambições pessoais. É o espelho moderno da satisfação dos desejos do homem, que encontra seu sentido no consumismo.
Podemos medir nosso nível de felicidade?
O relatório mundial sobre a felicidade da ONU (World Happiness Report) apresenta uma lista de países que, segundo critérios específicos, seriam mais felizes que outros.
De acordo com o relatório, estes seis fatores determinariam o quão feliz é uma sociedade:
- O produto interno bruto (PIB) per capita;
- A expectativa de vida;
- O grau de apoio social;
- O nível de confiança econômica;
- A liberdade dos cidadãos e o poder de tomar decisões sobre a própria vida;
- A dimensão social da generosidade.
Existe felicidade sem a dimensão social e espiritual?
Nossa felicidade está vinculada ao sentido que cada um consegue dar à própria existência. Felicidade sem relação é algo tão efêmero quanto fumaça sem fogo. Minha felicidade pressupõe que você seja feliz. Esta dimensão humanística e existencial é mais completa e satisfatória para o ser humano.
Felicidade requer liberdade e responsabilidade, dois grandes valores que podemos sentir e demonstrar quando entramos em relação com os outros. Não é uma questão de fórmulas ou ideologias, é uma questão de amor.
Existe felicidade verdadeira sem o amor verdadeiro?
O ser humano nasce e se realiza no amor. Tem necessidade existencial de amar e ser amado. Nossa vocação para a felicidade se manifesta por meio da nossa vocação para o amor. Por isso, a felicidade não pode ser reduzida a uma mera satisfação de nossas necessidades fisiológicas – como se o ser humano fosse somente um composto biológico.
Claro que o cenário mundial, em que milhões de pessoas não conseguem satisfazer suas necessidades vitais, nos dá uma tristeza enorme.
É por isso que o amor nos abre a todos os temas do desenvolvimento social, começando pela nossa família e seguindo para todas as outras famílias de diversas culturas e sociedades.
Meu valor, minha felicidade e minha estabilidade são equivalentes ao amor que eu tenho em meu coração. É o mesmo que dizia Santo Agostinho no século IV: “Pondus meum amor meus”.
Num mundo em que a prioridade parecer ser a sede de consumir, deveria soar mais em nossos ouvidos a frase lapidária: “Há mais alegria em dar do que em receber”.