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Melhor carreira para o futuro? Saber pensar

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By Phonlamai Photo | Shutterstock

Nikola Krestonosich - publicado em 29/07/18

Inteligência artificial e a relevância renovada da filosofia no mercado de trabalho

Desde seus primeiros dias na costa leste do Mediterrâneo, mais especificamente na costa do que hoje é a Turquia, a filosofia teve que enfrentar a acusação de ser inútil. Repetidamente, os filósofos tiveram que se defender contra a acusação de não contribuir com nada para a sociedade como um todo. E desde a história de Thales de Mileto de cair num poço enquanto olhava para as estrelas, nunca faltaram histórias de filósofos desajeitados, e eles quase constituem todo um gênero literário dentro da história da filosofia.

Mas, apesar dessa representação usual, a filosofia tem sido um fator-chave na formação da história. Não apenas no sentido de que os filósofos tiveram um papel ativo em momentos importantes (apenas temos que pensar em Brutus e Cássio tramando contra César, John Locke participando da fundação do partido inglês Whig ou John Stuart Mill como um oficial administrativo da Companhia Britânica das Índias Orientais), mas também no sentido de que os trabalhos dos filósofos na verdade moldaram as ideias da sociedade ocidental. As pessoas tendem a esquecer, mas a verdade é que o que hoje entendemos por pesquisa científica, economia e até política, só para citar as primeiras coisas que vêm à mente, são o produto final de um processo de pensamento que foi iniciado por filósofos.

E todos os sinais atuais apontam para uma época em que a filosofia voltará a ser crucial na formação da opinião pública. Os desenvolvimentos em inteligência artificial (IA) são de tal magnitude e estão ocorrendo em ritmo tão rápido que eles estão pressionando por uma reavaliação de conceitos fundamentais, e é o filósofo, e seus colegas humanistas, que estão em uma posição melhor para fazer, ou pelo menos iniciar este processo de reavaliação.

Todas as empresas de tecnologia que trabalham no campo parecem entender isso. Elas estão contratando dramaturgos, poetas e até mesmo comediantes para ajudá-las a melhorar seus assistentes pessoais baseados em inteligência artificial, e estão cortejando filósofos para ajudá-las a entender a natureza dessas invenções.

É em conexão com esses desenvolvimentos que o bilionário e empreendedor de tecnologia Mark Cuban tem afirmado ultimamente que, em um futuro próximo, a graduação em filosofia será mais valiosa do que uma graduação em ciência da computação ou engenharia:

“Eu vou fazer uma previsão; em 10 anos, um diploma de artes liberais em filosofia valerá mais do que uma graduação tradicional de programação… O que está acontecendo agora com a inteligência artificial é que começaremos a automatizar a automação. A inteligência artificial não precisará de você ou de mim para fazer isso, ela será capaz de descobrir como automatizar as tarefas nos próximos 10, 15 anos. Agora, a parte difícil não é se mudará ou não a natureza da força de trabalho. A questão é, durante o período em que isso acontece, quem será deslocado?

Os analistas veem o mercado de trabalho como algo que mudará radicalmente nos próximos anos e até mesmo afirma que os empregos que são mais lucrativos agora (contabilidade e programação de computadores, por exemplo) estarão sujeitos aos poderes da automação. Para se manter competitivo, ele aconselha os jovens a se formarem em cursos que ensinam a pensar de uma maneira geral, como filosofia:

“Saber como pensar criticamente e avaliar a partir de uma perspectiva global, eu acho, será mais valioso do que o que vemos como carreiras do momento, como a programação”.

Tags:
Filosofiatecnologia
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