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Dezenas de sul-coreanos contam as horas para ver familiares norte-coreanos

KOREA BORDER

Ed JONES I AFP

Korean People's Army soldiers stand beneath the entrance to a pavillion before the Military Demarcation Line (MDL) at the truce village of Panmunjom on the North Korean side of the Demilitarized Zone (DMZ) separating North and South Korea on June 11, 2018. / AFP PHOTO / Ed JONES

Agências de Notícias - publicado em 19/08/18

Embargados pela emoção, dezenas de sul-coreanos, muitos deles idosos, chegaram neste domingo (19) a Sokcho, na véspera de sua viagem ao Norte para encontrar os entes queridos dos quais foram separados na Guerra da Coreia (1950-1953).

Esta nova série de reuniões de famílias divididas, a primeira em três anos, é possível apenas pela distensão registrada na península desde o início do ano.

Os primeiros encontros acontecerão na segunda-feira (20), na localidade turística do Monte Kumgang.

A Guerra da Coreia separou milhões de pessoas. Lee Keum-seom, de 92 anos, é uma delas e, desde então, não viu seu filho, agora com 71 anos.

Durante a fuga, perdeu seu marido e seu filho de quatro anos. Partiu em um ferry para o Sul com sua filha, que a acompanhará na segunda-feira para vê-lo.

“Não sei o que sinto, se é positivo, ou negativo”, diz Lee. “Não sei se é real, ou um sonho”, completou.

No Sul, ela voltou a se casar e criou sete crianças, mas nunca deixou de se preocupar com aquele filho. “Onde viveu? Com quem? Quem o educou? Tinha apenas quatro anos”, relembra.

A Guerra da Coreia acabou com um armistício, sem a assinatura de um tratado de paz, pelo qual Norte e Sul ainda estão tecnicamente em estado de guerra, e as comunicações civis estão proibidas.

Desde 2000, os dois países organizaram 20 séries de reuniões de famílias divididas, geralmente graças à melhoria das relações bilaterais. Mas o tempo está contado, devido à idade dos sobreviventes.

Um total de 130 mil sul-coreanos se apresentou como candidatos a essas reuniões, mas a grande maioria morreu, e muitos estão com mais de 80 anos, um deles, inclusive, com 101.

– ‘Adeus’ –

No último momento, alguns cancelaram a viagem por motivos de saúde. Neste domingo, eram 89, acompanhados de familiares em Sokcho, onde passarão a noite antes de viajar ao Norte.

Lee Keum-seom é uma das poucas que verá um filho.

Alguns sul-coreanos escolhidos aleatoriamente para a reunião deste ao ano desistiram ao saber que seu pai, mãe, irmão, ou irmã do outro lado da fronteira havia falecido e conheceriam somente parentes distantes.

Lee Kwan-joo, de 93 anos, é uma exceção. Quer conhecer sobrinhos para ter ideia da vida que seus pais e seus seis irmãos levaram no Norte antes de morrerem. Em 1945, Lee foi enviada para uma escola no Sul, e a guerra selou a separação para sempre.

“Fico feliz de saber que poderei conhecer meu sobrinho e minha sobrinha, embora eu sequer tenha visto seus rostos”, declara. “Quero apenas perguntar como morreram meus irmãos, irmãs e pais”, acrescentou.

De segunda a quarta-feira, os participantes passarão cerca de 11 horas com seus familiares do Norte, sob supervisão de agentes norte-coreanos.

Na quarta-feira, voltam a se separar. Desta vez, provavelmente para sempre.

(AFP)

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