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Nunca lhe deram crédito, mas ela é a mais importante cientista do século XX

LISE MEITNER

Public Domain

Adriana Bello - publicado em 29/08/18

Einstein chamou Lise Meitner de “nossa Marie Curie”

Lise Meitner nasceu na Áustria em novembro de 1878, no coração de uma família judaica. Ela entrou na Universidade de Viena em 1901 para estudar física e obteve seu doutorado cinco anos depois, uma grande conquista considerando que a academia não queria aceitar mulheres naquele momento.

Formada, ela decidiu ir a Berlim para procurar maiores oportunidades e continuar aprendendo com o químico Otto Hahn, com quem iniciou um projeto de pesquisa sobre radioatividade, que continuaria por quase 30 anos.

Colocando suas experiências em física e química, Meitner e Hahn descobriram o protactínio, uma espécie de metal, em 1918. Cinco anos depois, Meitner também descobriu um “fenômeno físico em que a emissão de um elétron de um átomo causa a emissão de um segundo elétron”, mas um homem, o cientista francês Pierre Victor Auger, recebeu o crédito – em honra ao seu nome esse fenômeno ficou conhecido como Elétron Auger ou Emissão Auger. Ele supostamente “descobriu” isso dois anos depois (não há provas de plágio). Sua descoberta foi publicada em uma revista mais famosa e influente.

Em 1938, sob a pressão da perseguição nazista aos judeus, Meitner deixou a Alemanha e foi para a Suécia, onde continuou sua pesquisa atômica no Instituto Manne Siegbahn, da Universidade de Estocolmo, com os poucos recursos que seu pai conseguiu dar a ela. Meses depois, ela conseguiu se encontrar clandestinamente com Hahn em Copenhague (eles haviam se correspondido por carta todo esse tempo), e eles planejaram uma série de novas experiências que finalmente levaram ao primeiro teste de fissão nuclear.

Hahn publicou esses resultados (os experimentos foram feitos em seu laboratório) e, em seguida, Meitner, juntamente com o químico alemão Fritz Strassmann, fez a demonstração física, introduzindo o termo “fissão nuclear”.

Outros cientistas notificaram Albert Einstein (que se referiu a Meitner como “nossa Marie Curie” – ela foi uma cientista polonesa com naturalização francesa que conduziu pesquisas pioneiras no ramo da radioatividade) sobre o experimento, e foi quando ele decidiu escrever aquela famosa carta sobre a nova descoberta ao presidente Franklin D. Roosevelt – uma carta que ele mais tarde se arrependeu de ter escrito, uma vez que levou à criação do Projeto Manhattan, que foi o esforço para construir uma bomba atômica antes que os nazistas e os soviéticos pudessem fazê-lo.

Otto Hahn recebeu o Prêmio Nobel de Química em 1944 por “sua” descoberta de fissão nuclear e Meitner foi completamente ignorada como coautora. Alguns disseram que era um “erro compreensível” porque, como judia, Meitner costumava estar em segundo plano. Outros dizem que o nome dela era suficientemente conhecido em círculos científicos e que ela foi ignorada porque era mulher.

Mais de 20 anos passaram para Lise Meitner receber o Prêmio Enrico Fermi (um reconhecimento concedido no mundo da física) nos Estados Unidos, em 1966, junto com seus colegas, Strassmann e Hahn.

Ela foi recebida com aplausos prolongados e eles se referiram a ela como “a mulher que deixou a Alemanha com a bomba na bolsa”. Esta não era uma referência que Meitner apreciava, pois era a única cientista (homem ou mulher) que se recusou a participar do Projeto Manhattan, uma vez que não queria fazer parte da criação de uma bomba.

No final, ela se aposentou para viver na Inglaterra, onde morreu em 1968, permanecendo a mais importante cientista do século XX. Em 1992, o elemento 109, o mais pesado do universo, foi nomeado “Meitnério” em sua homenagem.

Em sua lápide, seu sobrinho colocou: “Lise Meitner: uma física que nunca perdeu sua humanidade”.

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