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“Fake news” transformaram coro de fiéis em suposto protesto contra Francisco

POPE FRANCIS GENERAL AUDIENCE

Antoine Mekary | ALETEIA | I.MEDIA

Vatican News - Reportagem local - publicado em 30/08/18

Notícia vergonhosamente manipulada deu a volta ao mundo nesta quarta-feira

A partir de artigo de Alessandro Gisotti para o Vatican News

A cena é a habitual das quartas-feiras na Praça São Pedro. O Papa conclui a sua catequese, concede a sua bênção e cumprimenta pessoas. Da praça ergue-se um coro: são os fiéis que festejam alguém querido a eles e que naquele momento está saudando pessoalmente o Santo Padre.

Na manhã desta quarta-feira, 29, os crismandos da diocese italiana de Lucca entoaram em coro o nome “Italo”: trata-se do seu bispo, dom Italo Castellano, que, naquele instante, estava cumprimentando o Papa Francisco na Praça São Pedro.

Uma notícia de primeira página – mas falsa

Tudo normal se não fosse pelo fato de que alguém se disse convicto de ter ouvido um coro que exaltava “Viganò”, o ex-núncio nos EUA, autor de um recente documento de acusação contra o Papa.

A notícia é daquelas que fazem clamor, de primeira página. Mas é falsa.

Para constatar isto seria suficiente ouvir com atenção o vídeo do Vatican News no Youtube, acessível a todos gratuitamente: pode-se notar muito bem, mesmo quando não se sabe que o coro era para “Italo”, que, certamente, ele não era para “Viganò”.

O caso é que, em poucos minutos, a “notícia” se tornou viral nas mídias sociais e, a partir delas, como acontece cada vez mais, passou para veículos da “grande mídia”. Aparentemente, sem checagem de fatos.

Fake news desmascaradas

Em alguns sites de jornais, portanto, lemos que o Papa “foi contestado” pelos fiéis na Praça São Pedro, que exaltavam o “grande acusador” Carlo Maria Viganò.

A verdadeira notícia surge em breve, graças ao profissionalismo daqueles que se dão ao trabalho de ouvir novamente o áudio e “descobrir” a presença na Praça São Pedro do grupo de fiéis da cidade de Lucca – eles que, durante algumas horas, graças a esta fake news, se tornaram “famosos” sem querer.

A história, que tem aspectos surrealistas e até mesmo cômicos, é na verdade o sintoma perturbador de um sistema midiático que, na busca exasperada do “furo de reportagem”, não analisa os fatos, mas os molda ao que acha que é a expectativa do seu público.

O próprio Papa já explicou a dinâmica das notícias falsas

Precisamente o Papa Francisco, na sua última Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, explicou eloquentemente quais são as dinâmicas que levam à propagação de falsas notícias como esta. A eficácia das fake news, observa o Papa,

“…é devido principalmente à sua natureza mimética, isto é, à capacidade de parecer plausível. Em segundo lugar, essas notícias falsas, falsas mas prováveis, são cativantes, no sentido de que são capazes de capturar a atenção dos destinatários”.

O Papa observa em seguida um “uso manipulador das redes sociais“: as notícias falsas “ganham tal visibilidade que até mesmo as desmentidas com autoridade dificilmente conseguem conter os danos“.

O que está em jogo? O que preocupa o Papa?

Para Francisco, as “razões econômicas e oportunistas da desinformação estão enraizadas na sede de poder” que “nos faz vítimas de um imbróglio muito mais trágico de cada singular manifestação: o do mal, que se move de falsidade em falsidade para nos roubar a liberdade do coração“.

Confiança no bom jornalismo

Desde o início de seu Pontificado, Francisco manifestou grande confiança nos operadores da informação. Uma confiança reafirmada ano após ano, concedendo numerosas entrevistas também a meios de comunicação que não têm nenhum poder – como a revisita dos sem-casa de Milão ou à rádio de uma favela argentina – e nunca evitando as perguntas dos jornalistas, mesmo as mais desconfortáveis. Um ato de confiança (e de responsabilidade) que renovou aos jornalistas precisamente no caso do documento de Viganò: “Vocês têm a capacidade jornalística suficiente para tirar as conclusões“, disse o Papa no voo de volta da Irlanda: “é um ato de confiança“.

Uma confiança que recorda a essência da profissão jornalística, que busca a verdade e não a fabrica.

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A partir de Vatican News

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