Celebra-se em 31 de agosto a devoção que recorda este milagre: lágrimas “de dor e de esperança pelo mundo”, como disse São João Paulo IICelebra-se em 31 de agosto uma devoção mariana surgida em Siracusa, na Itália, depois que uma imagem do Imaculado Coração de Maria derramou lágrimas “de dor e de esperança pelo mundo“, conforme a consideração do Papa São João Paulo II.
O milagre, reconhecido pela Igreja, ocorreu na casa do jovem casal Angelo Iannuso e Antonina Giusto, que esperavam então o primeiro filho. Entre os dias 29 de agosto e 1º de setembro de 1953, de uma imagem de gesso que representava o Imaculado Coração de Maria e que estava à cabeceira da cama do casal, brotaram “lágrimas humanas“, como foi confirmado pelas análises científicas.
Angelo e Antonina teriam quatro filhos, dois meninos e duas meninas. É o segundo a nascer, Enzo, quem nos guia hoje pela casa da sua infância:
“Quando Maria escolheu chorar dentro da nossa família, foi porque ela quis que a sua mensagem fosse dada dentro de uma família. Às vezes, a mamãe nos mostrava os lenços com que tinha enxugado as lágrimas que caíam da imagem”.
Um gesto espontâneo de mãe. Hoje, alguns daqueles lenços são mantidos em um relicário, junto com lágrimas que desceram do quadrinho de gesso.
Em Siracusa, na Sicília, o local onde os pais e um tio de Enzo viviam se tornou um oratório, lugar de peregrinação e oração. Ainda é preservada, em uma sala, a cama do casal. No quarto original, local do milagre, há hoje um altar em que todo dia é celebrada a missa.
Voltar a esses lugares “de família” é motivo de gratidão para Enzo:
“Parece quase impossível estar envolvido em uma história como esta, mas esta é a realidade, e o sentimento é de serenidade e gratidão (…) Não tivemos nenhum mérito para que isto acontecesse conosco. Não é vaidade. Recebemos a dádiva de ser instrumentos, e, depois disso, podemos ficar de lado”.
Antonina contava aos filhos sobre aquela manhã de sábado em que tinha notado as lágrimas escorrendo pelo rosto de Maria.
Poucas palavras, porque, mais que palavras, reflete Enzo,
“…era um clima que se respirava dentro de casa. Um clima de serenidade. Havia também problemas, como em qualquer família, mas nós respirávamos serenidade”.
Marinheiro profissional, ele se mudou de Siracusa para a Apúlia, se casou e teve três filhos.
“Tive uma vida movimentada, mas isso não me impediu de viver e me envolver com a escolha de ser pai e marido”.
Enzo e a esposa levam, em suas palavras, “uma vida normal, como a de qualquer casal, com momentos de lágrimas e risos, com sacrifícios, mas, quando se vive uma alegria dessas, dá para enfrentar tudo com paz interior”.
Para viver bem, diz ele, “você tem que acordar todos os dias e decidir recomeçar. Temos um Pai e Nossa Senhora sempre perto; só precisamos ter um pouco de confiança”.
E, tal como ele respirou a fé e a serenidade dos pais quando menino, também seus filhos foram criados imersos nesse ambiente:
“Não é contando coisas que se transmite a fé, é vivendo. É uma riqueza que você tem e que você compartilha com naturalidade”.
Quando o relicário com as lágrimas de Maria chega a alguma paróquia da Apúlia, ele vai até lá:
“É como se viesse a minha mãe. E eu vou encontrá-la”.