Os social-democratas provavelmente continuarão sendo o primeiro partido do país
As pesquisas antecipam um grande crescimento da extrema-direita anti-imigração nas eleições legislativas de 9 de setembro na Suécia, em detrimento dos partidos tradicionais, ameaçados por um voto de punição.
Os social-democratas provavelmente continuarão sendo o primeiro partido do país se, junto com os outros dois partidos de esquerda (ex-comunistas e ecologistas), ultrapassarem a aliança de direita.
Mas o Partido Social-Democrata, que tem dominado a política sueca nas últimas décadas, poderia obter o seu pior resultado em mais de um século, à frente do Partido Moderado (conservador) e da formação de extrema-direita Democratas da Suécia (SD).
De acordo com uma pesquisa do instituto Skop publicada no domingo, os social-democratas devem alcançar 23,8% dos votos, superando o SD (20%) e os conservadores (17%). Outras pesquisas apontam a formação anti-imigração em terceiro lugar.
Com 40,6% dos votos, a esquerda superaria a direita por quatro pontos.
O que acontece nesse reino luterano sedento de igualdade e consenso para que um partido que emergiu do movimento neonazista “imponha sua agenda”, segundo as palavras do cientista político Ulf Bjereld?
A Suécia de 2018 continua a apresentar seu retrato habitual com seu grande número de carrinhos de bebê empurrados por pais jovens, seus ciclistas e suas onipresentes bandeiras amarelas e azuis nas varandas e vitrines das lojas.
Mas os cartazes da campanha refletem uma mudança de tom no debate público, com lemas como “Não ao chamado para a oração”, “Fale sueco para ser sueco, não é óbvio?” ou “Odiar-se ou falar-se?”
Qualquer que seja o resultado, serão necessárias intensas negociações para alcançar uma coalizão de governo, que provavelmente será minoritária e deverá procurar apoios no Parlamento.
– Voto de castigo –
O SD pretende aproveitar a situação, embora não tenha chance de entrar em um governo enquanto resistirem os partidos tradicionais.
“Vamos fazer valer nossas condições e destacar nossos pontos de vista sobre a política de imigração, a luta contra o crime, a saúde”, advertiu Jimmie Åkesson, líder do partido de extrema direita, em entrevista à AFP.
Sua formação atrai tanto os eleitores conservadores quanto os social-democratas e membros da poderosa confederação sindical LO.
Trabalhadores com seus baixos salários, aposentados e pessoas que votam pela primeira vez acusam o primeiro-ministro Stefan Löfven de ter hipotecado seu bem-estar ao abrir as fronteiras aos requerentes de asilo, considerados “como uma ameaça econômica e cultural”, analisa o sociólogo Jens Rydgren.
A Suécia, um país de 10 milhões de habitantes, recebeu 400.000 requerentes de asilo desde 2012, primeiro sob o governo de centro-direita de Fredrik Reinfeldt, e depois com o executivo de centro-esquerda de Löfven.
Longe das cidades, focos de crescimento e inovação, mais e mais eleitores são seduzidos pelo discurso nacionalista dos Democratas da Suécia que querem tirar o país da União Europeia, um ‘Svexit’.
“Pertencem sobretudo aos setores do transporte e da construção, que empregam muitos trabalhadores europeus deslocados aos quais pagam o salário mínimo do setor”, explica o sociólogo Anders Kjellberg. “Mas esse salário é muito inferior ao fixado por acordos coletivos”.
Até um terço dos filiados ao LO se diz disposto a votar na extrema-direita, indicam várias pesquisas.
– Crise de identidade –
Após oito anos de políticas liberais, Stefan Löfven se apresentou em 2014 como um homem de consenso, capaz de reconciliar o país, de acordo com os cânones da social-democracia sueca, a competitividade e a justiça social.
Quatro anos depois, o primeiro-ministro apresenta um balanço com luzes e sombras. Embora o desemprego esteja em seu nível mais baixo nos últimos 10 anos e o crescimento seja forte, o sistema de saúde se deteriora, as desigualdades sociais crescem e a segregação aumenta nos subúrbios, onde ajustes de contas entre gangues rivais deixaram 40 mortos ano passado.
“O centro do poder foi deslocado por causa da UE, da globalização e da digitalização, e os social-democratas não podem mais cumprir suas promessas”, assegura o prestigioso jornal liberal Dagens Nyheter.
O principal rival de Löfven nas eleições será certamente o líder conservador Ulf Kristersson.
(AFP)