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O que eu aprendi com o luto

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Mongkol_Chuewong/Shutterstock

Talita Rodrigues - publicado em 18/09/18

Para toda dor, um propósito

A perda de um ente querido é a prova mais dolorosa que nossa alma enfrenta em sua breve passagem pela Terra. Como entender um fato que parece fechar todas as portas à esperança? Como conviver sem a presença física de quem tanto estimamos? Como controlar a saudade dos mínimos gestos? Saudade essa que, ao contrário do que dizem, parece aumentar com o tempo.

Como suportar a voz que se calou, trazendo um terrível silêncio? E o que fazer para conter as lágrimas diante das fotografias de um passado que não retornará mais?
Recentemente, aprendi muito sobre a vida e sobre o que é viver de fato, através da dor de um conhecido meu. Dor essa que doeu em mim de um modo que eu nunca imaginei que iria doer.

Até o momento, com a correria do dia-a-dia, eu já não me lembrava mais de que a vida é e que se vai com um sopro. Um conhecido passou por uma grande perda ao ver alguém que ama muito indo embora para sempre.

Como um grande ser humano que é (como sua mãe o ensinou a ser), me ensinou e me lembrou de algumas lições valiosas através da sua própria dor: me lembrou a importância de honrar pai e mãe, de demonstrar amor, carinho e misericórdia enquanto estão aqui.

Me lembrou o quanto a simplicidade é a coisa mais valiosa que podemos ter. Me ensinou a amar mais, a sorrir mais e a prestar mais atenção a tudo e a todos que estão à minha volta, para que não saiam da minha presença sem que se sintam mais amados do que já são.

Me lembrou que a vida se vai como um sopro, e que assim que se vai, não há mais nada que possamos fazer. A única coisa que nos sobra são as lembranças e tudo o que aprendemos.

Me ensinou sobre o que é coragem, mesmo sentindo a falta dela. Foi capaz de me ensinar que, apesar de doer, temos que enfrentar o momento de tristeza com a firmeza e com a confiança de que tudo ficará bem.

Com todo o aprendizado adquirido através de suas lágrimas, eu confesso que a minha vida ganhou um novo sentido, sentido esse que me permitiu a enxergar a vida com o valor inestimável que merece.

A sua perda, meu amigo, me ensinou muitas coisas, dentre elas, a admirar cada dia mais a simplicidade das coisas e das pessoas que mais amamos.

Eu sei que neste momento você está despedaçado e que a dor que está sentindo parece te tirar o ar. Ambos sabemos que levará um um tempo para que ela passe e para que você sinta apenas saudades de quem te deixou.

Eu quero que você se lembre de que todas as coisas que acontecem conosco possuem um propósito, inclusive a perda que continua a despedaçar o seu coração pouco a pouco e que tanto dói em você.

Quero que saiba que a sua dor transformou a forma com que eu enxergo a vida e a prioridade que eu dou para as coisas mais importantes.

Aos poucos, começamos a entender que a vida não para em prol do nosso sofrimento, que o mundo não deixa de girar para dar-nos tempo de sofrer e que tudo permanece como está.

Gradativamente vamos nos adaptando, até que voltamos finalmente a viver.

Voltamos a viver de forma mais consciente, aprendemos que o tempo é curto, que o verdadeiro amor é raro, que Deus existe, que amar exige compaixão e que o destino nos leva a cumprir a nossa missão na terra até mesmo através da dor.

Porém, a maior de todas as coisas que aprendemos com a perda de quem amamos é que se mil vidas nós tivéssemos, mil vidas aceitaríamos enfrentar essa dor que devasta, apenas pelo prazer, pela felicidade e pelo aprendizado de tudo o que vivemos ao lado daquele que amamos, e que nos amou.

E digo mais: se ter a história que você teve, se ter tido o privilégio de viver todos os momentos de alegria ao lado de quem se foi, exige com que você carregue esta dor agora, tenho certeza de que você a carregaria mil vezes sem a menor dúvida!

Afinal, é com a dor e a devastação que o luto muitas vezes causa, que você sempre se lembrará de que amou muito e de que jamais se arrependerá de ter amado verdadeiramente, da forma como amou. E esse aprendizado meu amigo, não é para qualquer um.

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