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Por que a inteligência emocional é algo que você deveria desejar

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Inma Alvarez - publicado em 27/09/18

A inteligência emocional é mais do que “saber muito”. E, felizmente, pode ser aprendida e aperfeiçoada

A ideia de inteligência emocional está relacionada a um conceito muito importante em psicologia: a de inteligências múltiplas. Pode ser resumida da seguinte forma: a inteligência é mais do que “saber muito”.

Em seu livro de 1983 Frames of Mind: Theory of Multiple Intelligences (Estruturas da Mente: A Teoria das Inteligências Múltiplas), Howard Gardner introduziu a ideia de que os indicadores de inteligência, como o QI (quociente da inteligência), não explicam completamente a inteligência das pessoas.

Ele ressaltou que esses indicadores não levam em conta a “inteligência interpessoal” – a habilidade de entender as intenções, motivações e desejos de outras pessoas – nem “inteligência intrapessoal” – a habilidade de compreender a si mesmo, agarrando os próprios sentimentos, medos e motivações.

Este grupo de habilidades é o que é chamado de “inteligência emocional”, e inclui o autocontrole, o entusiasmo, a empatia, a perseverança e a capacidade de se automotivar.

A boa notícia é que essas habilidades não dependem apenas do caráter ou dos genes de uma pessoa: elas também podem ser aprendidas e aperfeiçoadas ao longo da vida, se os métodos apropriados forem usados.

Podemos entender e aprender a gerenciar nossas emoções

De acordo com as últimas descobertas, nossas emoções não são inteiramente imateriais; em vez disso, elas têm um aspecto bioquímico. Nosso cérebro usa um método simples para registrar memórias fortemente emocionais: nossos sistemas de alerta neuroquímicos preparam nosso corpo para lutar ou fugir, produzindo certos hormônios para registrar esse momento intensamente em nossa memória, na parte mais importante do nosso cérebro: a amígdala.

Isso explica por que, às vezes, sentimos emoções, ou temos sentimentos bastante intensos, e nem sabemos o motivo. Nosso aprendizado emocional ocorre sobretudo durante os primeiros anos de nossas vidas e seus efeitos permanecem ao longo da nossa vida, porque é algo que aprendemos antes do conhecimento intelectual.

Durante muito tempo, o papel das emoções foi subestimado. No entanto, eles são muito importantes, mesmo para o uso de nossa razão. Entre o sentimento e o pensamento, a emoção orienta nossas decisões, trabalhando com nossa mente racional e fortalecendo – ou enfraquecendo – nosso pensamento.

Mas, também é verdade – e esta é outra ótima descoberta – que a razão pode aprender a governar as emoções, canalizando-as e mantendo o cérebro emocional de assumir o controle total de nossa mente.

Canalizar emoções não significa reprimir

Por muitos anos, podemos até dizer séculos, o entendimento geral tem sido que governar nossas emoções significa reprimi-las como algo negativo. Mas a repressão é um erro: as emoções sufocadas sempre procuram uma maneira de vir à luz. Muitos desequilíbrios e sofrimentos emocionais vieram dessa maneira incorreta de entender as emoções, sem integrá-las à psique humana como um todo.

Pelo contrário, o propósito da inteligência emocional é aprender a governar nossas emoções, permitindo-lhes alguma liberdade, sem deixá-las escapar de nossas mãos. Significa ter a possibilidade de escolher como expressar nossos sentimentos. É como domesticar um cavalo selvagem: bem treinado, um cavalo é uma força controlada que pode ser aproveitada para correr corridas; sem controle, é uma besta furiosa.

Como podemos definir a inteligência emocional? É a capacidade de se automotivar, perseverar em nossos esforços, apesar das possíveis frustrações, controlar nossos impulsos, adiar a gratificação, regular nossos estados de ânimo, impedir que a ansiedade interfira em nossas faculdades racionais, simpatizar e confiar nos outros.

Também é muito importante que aprendamos a aproveitar nossas emoções negativas. Um mau humor, por exemplo, também pode ser útil; a irritação, a melancolia e o medo podem se tornar fontes de criatividade, energia e comunicação. A raiva pode ser uma forte fonte de motivação, especialmente quando surge a necessidade de corrigir injustiças ou abusos. A tristeza compartilhada pode fazer com que as pessoas se sintam mais unidas, e a urgência que vem da ansiedade – desde que não nos oprima – pode encorajar a criatividade.

Atualmente, a inteligência emocional não é importante apenas para relacionamentos pessoais; também é muito procurada no mundo do trabalho e das organizações. A inteligência emocional é o fundamento de uma liderança verdadeira e saudável em nossa vida profissional e em nossas vidas sociais e pessoais. As emoções controladas corretamente trabalham em conjunto com a nossa inteligência.

Este artigo foi escrito em colaboração com Javier Fiz Pérez, psicólogo, professor de psicologia e delegado para o desenvolvimento da pesquisa internacional na Universidade Europeia de Roma e Diretor de Pesquisa Científica do Instituto Europeu de Psicologia Positiva (IEPP, de sua abreviatura em espanhol).

Tags:
Inteligencia emocionalPsicologia
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