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Cientistas apresentam diagnóstico sobre clima

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Thomas Hafeneth | Unsplash

Agências de Notícias - publicado em 01/10/18

Agora estamos na encruzilhada. Olhar para 1,5 ºC é olhar o que vai acontecer com a gente, na nossa vida, não à geração seguinte

Reunidos na Coreia do Sul, os delegados dos Estados da ONU estudam, a partir desta segunda-feira (1º), o último informe dos cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), um balanço implacável dos efeitos da mudança climática e do atraso para enfrentá-la.

O informe se baseia em 6.000 estudos científicos e adverte sobre o forte impacto do aumento de 1,5 ºC das temperaturas no planeta. Também coloca as opções, limitadas, para agir e manter o mundo abaixo desse limite.

Em 2015, na cúpula COP21 realizada em Paris, a ONU encarregou o IPCC de fazer um informe sobre a meta de 1,5 ºC.

Os países tinham acabado de se comprometer com reduzir suas emissões para permanecerem “muito abaixo dos 2 ºC” em relação à era pré-industrial.

O compromisso ampliado de “prosseguir com os esforços para limitar o aumento a 1,5 ºC” foi obtido no último minuto e era uma reivindicação dos Estados mais vulneráveis, como as ilhas menores.

Desde então, os pesquisadores revisaram os riscos, em um mundo afetado pelo aumento das ondas de calor e dos incêndios florestais.

“Há três anos, não havia muita literatura científica sobre um aquecimento de 1,5 ºC”, lembra Jim Skea, professor do Imperial College de Londres e copresidente do IPCC.

O informe, de 400 páginas, descreve uma clara diferença de impacto entre 1,5 ºC e 2 ºC, em todos os âmbitos, seja em relação ao nível das ondas de calor, à extinção de espécies, ou à produtividade agrícola.

“Isso é importante, pois esclarece a questão: sim, marca uma grande diferença [1,5 ou 2]”, afirma Laurence Tubiana, arquiteta do Acordo de Paris.

“Lembro de conversas com muitos países antes de Paris. Nos diziam: ‘por que 2 ºC? Por que não 2,5 ºC?'”, completou.

– Possível? –

Há dúvidas, porém, sobre a viabilidade da meta de +1,5 ºC. A pergunta não é irrelevante, caso se leve em conta que, em 2017, as emissões mundiais fruto da energia fóssil voltaram a crescer.

“Não damos uma resposta simples”, avisa a climatologista Valérie Masson-Delmotte, que copresidirá esta sessão coreana do IPCC.

Mas, “agora estamos na encruzilhada. Olhar para 1,5 ºC é olhar o que vai acontecer com a gente, na nossa vida, não à geração seguinte”.

Estabilizar o aumento em 1,5 ºC exige neutralidade nas emissões de CO2 na metade do século, aponta o projeto submetido ao IPCC.

A publicação do informe chega dois meses antes das negociações sobre o clima da COP24, prevista para acontecer na Polônia. Os países devem iniciar um processo de revisão de seus compromissos de 2015, insuficientes, já que implicaria um aumento de 3 ºC.

Não se espera que os Estados modifiquem a base do informe, mas pode haver um forte debate sobre sua formulação. Além disso, resta a incógnita americana.

“Os Estados Unidos poderiam apoiar a ciência, como fizeram no passado, ou obstruí-la”, afirmou um autor, que pediu para não ser identificado.

Segundo o Departamento de Estado americano, Trigg Talley, um veterano da diplomacia sobre o clima, foi o encarregado de liderar a delegação – algo que os autores avaliaram como “tranquilizador”.

Cerca de 60 governos proferiram 3.600 comentários sobre a versão preliminar, segundo Valérie masson-Delmotte. “Até o momento, está sendo construtivo”, afirmou.

Em princípio, a reunião vai até sexta, mas o informe deve ser tornado público, oficialmente, na segunda-feira, dia 8.

(AFP)

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