A devoção aos anjos é legítima e reconhecida pela Igreja, mas também existem nela certos riscos de desvios que é preciso entender e evitar
A Igreja acredita e ensina que todo ser humano é acompanhado por um anjo da guarda desde o instante da sua concepção e, por consequência, reconhece a devoção popular aos anjos da guarda como legítima.
Em seu número 328, o Catecismo da Igreja Católica define os anjos como “seres espirituais, não corporais”, e acrescenta que eles “são dotados de inteligência e vontade: são criaturas pessoais (Pio XII, Enc. Humani generis: DS 3891) e imortais (Lc 20,36). Excedem em perfeição todas as criaturas visíveis”.
No entanto, a Igreja também observa que existe na devoção aos anjos da guarda certo risco de “desvios“, em particular no sentido de “adorá-los” indevidamente ou de deturpar a devoção a eles em meras práticas supersticiosas.
Um desvio em particular é mencionado no Diretório sobre a Piedade Popular e a Liturgia, publicado em 2002 pela Congregação para o Culto Divino e para a Disciplina dos Sacramentos: o costume que algumas pessoas têm de dar um nome particular ao seu anjo da guarda.
As Sagradas Escrituras mencionam explicitamente os nomes dos arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael, omitindo inclusive os dos outros quatro arcanjos cuja existência também é mencionada.
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Na relação devocional de cada fiel com o seu anjo da guarda o que se destaca, em essência, é a presença amorosa e protetora de Deus, que cuida de nós diretamente e também mediante os Seus anjos.
Ao “inventarmos” um nome subjetivo e sem embasamento para o nosso anjo da guarda, estamos desviando essa devoção de modo a torná-la superficial, ignorando a natureza própria desse anjo e “criando” uma visão em que o reduzimos ao alcance do nosso “capricho”, da nossa “livre interpretação” sobre quem ele é.
Na própria oração ao anjo da guarda fica bem claro que ele é um anjo “do Senhor”, a quem a divina piedade nos confiou para que nos acompanhe e zele por nós:
Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, guarda, governa e ilumina. Amém. Em latim: Ángele Dei, qui cústos es mei, me, tíbi commíssum pietáte supérna, hódie illúmina, custódi, rége et gubérna. Ámen.

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