A AFP conversou com os eleitores de ambos os lados e estes são seus testemunhos
O Brasil viverá neste domingo as eleições mais polarizadas das últimas décadas, entre o deputado de extrema direita Jair Bolsonaro e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT, esquerda).
O que pensam aqueles que votam em um nostálgico da ditadura (1964-1985), do porte de armas e da “família tradicional”?
E aqueles que preferem Haddad, cuja referência é a era Lula (2003-2010), quando uma economia dinâmica permitiu promover programas de distribuição de renda que tiraram milhões de pessoas da pobreza extrema?
Lula cumpre desde abril uma pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. O líder, que era favorito nas pesquisas, afirma inocência e denuncia uma conspiração para impedir que a esquerda retorne ao poder.
A AFP conversou com os eleitores de ambos os lados e estes são seus testemunhos.
– Bolsonaro: Deus, segurança, ‘antichavismo’ –
“Eu acredito que o salvador da pátria é Deus. Não é que [Bolsonaro] seja o salvador da pátria, mas acho que ele é a pessoa melhor encaminhada, a pessoa mais correta para liderar o nosso país, porque é uma pessoa rígida. Neste momento, precisamos de uma pessoa que tenha atitudes radicais.
Eu apoio Bolsonaro porque ele é a favor de castrar os estupradores, de militarizar as escolas, de que o os professores sejam respeitados e de não ser atacado dentro da sala de aula”.
– Carlos Alberto da Silva, 50 anos, motorista de táxi no Rio de Janeiro
“Os brasileiros realmente estão cansados dessa violência e eu, como policial militar, sei muito bem disso. São incontáveis as perdas aqui no estado (do Rio de Janeiro). Perdi as contas de quantos enterros eu fui, de amigos, de colegas”.
– Ericky Tostes, subtenente da Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro
“Eu acredito que ele veio para somar, não para dividir. Quer governar o país de maneira que tenha um pouco mais de decência, um pouco mais de transparência, e eu acredito que ele vai conseguir”.
– Mônica Mantelli, 46 anos, advogada em São Paulo
“Se você for analizar os políticos atuais, só resta o Bolsonaro. Para você ter uma ideia, o Lula, em quem sempre votei, hoje tem um discurso chavista, um discurso alinhado com nossos vizinhos (venezuelanos) que acabaram se dando muito mal com a situação política, e o Lula apoia totalmente”.
– Marcelino Oliveira Pontes, 46 anos, vendedor de eletrônicos em uma feira no estado de Roraima
– Haddad… é Lula! –
“Para mim e para os estudantes que, como eu, entraram em programas sociais que nos deram acesso à universidade, os oito anos do governo Lula foram os melhores na história do país”.
– Artur Sampaio, 25 anos, estudante de Políticas Públicas para o desenvolvimento econômico e social do Rio de Janeiro
“As pessoas das classes média e baixa não tinham condições de vida. Vivíamos de restos e fomos reconhecidos como cidadãos. Pudemos estudar, ter um emprego, se aposentar”.
– Malvina Joana de Lima, aposentada
“Agora temos (à frente) um processo de reconstrução do país, porque estes dois anos de golpe [impeachment de Dilma Rousseff e do governo de Michel Temer] causaram estragos, transformaram o país em uma terra arrasada, pior do que quando Lula chegou à presidência”.
– João Martins, 53 anos, funcionário público do interior de São Paulo
“Lula foi condenado, mas não havia provas contra ele, eu o considero um prisioneiro político”.
(AFP)