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O perfeccionismo não é o que parece

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Calah Alexander - publicado em 08/10/18

A maioria de nós associa perfeccionismo a realização, mas eles não são a mesma coisa

Qual é a primeira coisa que vem à mente quando você pensa sobre alguém que é perfeccionista? É alguém com uma casa impecável, ou com um ótimo trabalho? Alguém com obsessão em realização, ou um super-especialista em sua área? Você provavelmente pensa em termos de sucesso. A maioria de nós associa perfeccionismo a realização.

Mas o contrário que é verdadeiro, de acordo com três psicólogos clínicos: o perfeccionismo na verdade impede o sucesso. Esses psicólogos pesquisaram o perfeccionismo nas últimas três décadas e escreveram um livro sobre isso, apropriadamente intitulado Perfectionism (Perfeccionismo). Como eles explicaram ao Thrive Global.

“O perfeccionismo não tem a ver com aperfeiçoar coisas: seu trabalho, um projeto específico, a maneira como você olha, ou um relacionamento. Em um nível fundamental, trata-se de aperfeiçoar o eu, e esse impulso não vem de um lugar saudável: ‘Todos os componentes e dimensões do perfeccionismo envolvem tentativas de aperfeiçoar um eu imperfeito’, escrevem os autores”.

O artigo detalha o que os pesquisadores descobriram sobre a evolução do perfeccionismo, particularmente como ele está enraizado no estilo de apego de uma criança e passa de uma geração para outra. Os pesquisadores também concluem que a terapia comportamental cognitiva é de uso limitado em pacientes com perfeccionismo, e a psicoterapia é mais útil para ajudá-los a mudar sua relação consigo mesmos.

Paul Hewitt, um dos psicólogos responsáveis pela pesquisa, disse a Thrive Global que mudar a narrativa interna que seus pacientes perfeccionistas têm consigo mesmos é um objetivo principal na terapia. Ele explica que esta narrativa interna é indicativa do relacionamento que eles têm consigo mesmos, e que a dureza dessa relação pode ser “de tirar o fôlego”.

Mas mudar essa narrativa interna pode ser uma tarefa difícil se as interações externas do paciente parecem confirmar o que ele acredita sobre si. Se sua vida for medida por seus entes queridos em termos de sucesso ou fracasso, e ninguém se importou o suficiente para entender por que ele luta e o que teme, como ele pode esperar fazer o mesmo?

O que acho fascinante é o efeito potencial que esta compreensão do perfeccionismo poderia ter em nossa dinâmica social se fosse amplamente reconhecida e abraçada. E se, ao invés de ver uma adolescente que luta com a procrastinação e a ansiedade como preguiçosa e nervosa, seus pais a vissem como lutando contra sentimentos de ódio de si mesma e desespero? Como seria a reação e a relação deles com ela? Como ela poderia mudar?

Do mesmo modo, como essa compreensão do perfeccionismo como um relacionamento com você mesmo impactará as relações sociais? Como uma sociedade, falamos muito sobre o “autocuidado” e, muitas vezes, proclamamos ousadamente a necessidade de “tratar você mesmo”.

Mas se pudéssemos mudar a nossa compreensão de “tratar” nós mesmos de uma forma mais verdadeira de autocompaixão, não começaríamos a nos tornar seres humanos mais livres, mais fortes e menos medrosos?

No nível micro, mudar o relacionamento consigo mesmo pode efetivamente libertar o indivíduo do perfeccionismo. Mas, no nível macro, essa mudança poderia ter um efeito em cascata que liberta mais de nós coletivamente da fragilidade e do medo que se tornou endêmico. E tudo se resume a uma coisa: a compaixão. Por nós mesmos e pelo outro.

Tags:
Psicologia
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