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Espiritualidade
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“Os lobos são mais temíveis, mas as moscas perturbam mais”

SAINT FRANCIS OF ASSISI

Jim McIntosh | CC BY 2.0

Reportagem local - publicado em 23/11/18

Um dos maiores mestres da espiritualidade em toda a história nos recorda o óbvio: é mais fácil resistir às grandes tentações do que às pequenas

São Francisco de Assis é o protagonista de uma das mais clássicas histórias católicas nas quais aparece a figura do lobo: o caso do lobo de Gubbio, que ele teria amansado (cf. imagem ilustrativa). Mas a mesma figura do lobo, em outro contexto, é usada por outro Francisco em uma frase que também se tornou clássica em nossa espiritualidade:

“Os lobos e os ursos são mais temíveis do que as moscas; mas as moscas perturbam mais e desafiam mais a nossa paciência”.

Esse outro Francisco é São Francisco de Sales, um dos maiores mestres da espiritualidade católica em todos os tempos. Sua obra mais conhecida é “Filoteiaou Introdução à Vida Devota“, e é dela que vem essa frase e a seguinte explicação:

Os lobos e os ursos, sem dúvida, são mais temíveis do que as moscas; mas as moscas perturbam mais e desafiam mais a nossa paciência. É fácil não cometer um homicídio; mas é difícil repelir continuamente os pequenos ímpetos de raiva, que nos surgem em todas as ocasiões. É fácil para um homem ou para uma mulher não cometer adultério; mas não há a mesma facilidade em conservar a pureza dos olhos, em não dizer nem ouvir com prazer adulações, galanteios, em não dar nem receber amor ou pequeninas provas de amizade. É bem fácil não dar rival ao marido, nem rival à mulher, no tocante ao corpo. Mas não é tão fácil não o dar no tocante ao coração. É bem fácil não manchar o tálamo nupcial, mas bem difícil manter ileso o amor conjugal. É fácil não furtar os bens do próximo; mas é árduo não os desejar nem cobiçar. É fácil não levantar falsos testemunhos em juízo; mas é difícil não mentir em simples conversas; é fácil não embriagar-se, mas difícil ser sempre sóbrio; é bem fácil não desejar a morte ao próximo, mas difícil não desejar a sua incomodidade; é fácil não difamar alguém, mas difícil não desprezar. Enfim, essas pequenas tentações de cólera, de suspeitas, de ciúmes, de invejas, de amizades tolas e vãs, de duplicidades, de vaidade, de afetação, de artifícios, de maus pensamentos, tudo isso forma o exercício cotidiano, mesmo das almas mais devotas e resolvidas a viver santamente. Por isso, Filoteia, ao mesmo tempo em que devemos mostrar-nos generosos em combater as grandes tentações quando aparecem, também é muito necessário nos prepararmos cuidadosamente para as pequenas tentações, convictos de que as vitórias que assim obtivermos sobre os nossos inimigos acrescentarão outras tantas pedras preciosas à coroa que Deus nos prepara no paraíso.

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