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Fantasmas, almas penadas ou vagantes: é possível?

DUCH, ZJAWA

Unsplash | CC0

Livres de todo mal - publicado em 03/12/18

Será que é possível que almas penadas ou vagantes estejam “soltas por aí"?

Já quero iniciar dizendo que esta questão nada tem a ver com espiritismo ou reencarnação. Pois não estamos tratando da possibilidade de almas encarnarem por uma segunda, terceira ou quarta vez, que é o conceito da reencarnação. Isso para nós já esta claro que não há nenhuma possibilidade e que a doutrina da Igreja “bateu o martelo” e encerrou o assunto sobre esta questão.

Mas estamos falando do que “popularmente” as pessoas chamam de almas penadas ou vagantes; outras pessoas ainda chamam isso de fantasmas e etc… É a questão de pessoas vivas, aqui na terra, dizerem terem visto almas de pessoas ou almas de parentes que morreram e coisas do tipo…

A doutrina da Igreja é bem clara nesta questão no sentido de que, quando alguém morre, imediatamente acontece o seu julgamento pessoal, julgamento este em que há a possibilidade de 3 destinos: o céu, o inferno ou o purgatório. Lembrando que o Purgatório não é um destino definitivo, é um período de purificação que a alma passará, e passado este tempo, o céu será seu destino eterno.

O Catecismos em seu número 1022s diz:

“Cada homem recebe em sua alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, num Juízo Particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja através de uma purificação. (Conc. de Lião II, DS 856; Conc. de Florença, DS 1384; Conc. de Trento, DS 1820), seja para entrar de imediato na felicidade do céu (Con. de Lião II, DS 857; João XXII, DS 991; Bento XII, Benedictus Deus; Conc. de Florença, DS 1305), seja para condenar-se de imediato para sempre. (Conc. de Lião II, DS 858; Bento XII, Benedictus Deus; Conc. de Florença, DS 1306).”

Até aqui está perfeitamente entendido, assim espero eu…

A questão é que pessoas ainda insistem em dizer que viram “almas penadas“, que viram almas de algum ente querido…

E o que dizer para estas pessoas? Simplesmente que estão loucas? Que o que viram foi fruto da sua imaginação? Foi algo que o seu estado psicológico as fez imaginar?

Certamente a questão do estado psicológico e emocional da pessoa precisa ser questionada, pois existem pessoas que após a morte de um ente querido entram num certo grau de desespero, e que é possível estarem realmente projetando e vendo certas “aparições” que na realidade são fruto do seu emocional abalado.

Para o falecido exorcista Padre Gabriele Amorth, essa questão ainda é algo que a Igreja e os teólogos precisam se debruçar com maior cuidado e dedicação. Ele relata que, em um exorcismo, o espírito de quem dizia estar possuindo aquela pessoa não era em si um demônio, mas era uma alma condenada.

Mas Padre Gabriele Amorth diz que, com o passar do tempo e com mais exorcismos, foi verificado que se tratava realmente de demônios que estavam possuindo aquela pessoa e mentindo dizendo que era a alma de um condenado que estava a possuí-la.

Em um de seus livros, Padre Gabriele Amorth dedicou um capitulo a esta questão das experiências que os exorcistas já fizeram durante o ritual do exorcismo, e na qual se depararam com a realidade de não ser um demônio a possuir uma pessoa, e sim a alma de um condenado… As opiniões são bem diversas pelos exorcistas, mas a grande maioria não acredita que possa haver esta possibilidade.

Em um dos encontros de Cura e Libertação aqui na Canção Nova, eu perguntei ao Padre Rufus Pereira sobre esta questão, e ele disse que realmente existiam muitos debates sobre esta realidade, mas que a experiência dele no que se refere a exorcismos e libertação, ele acreditava que é sempre o Demônio a possuir uma pessoa. Ainda que o espirito insistisse em dizer que é era alma condenada, seria sempre uma mentira do Demônio.

Padre Jose Fortea, exorcista espanhol, que defendeu há algum tempo sua tese de doutorado sobre exorcismo na Espanha, disse que, “quanto a esta questão não há argumentos incontestáveis“, e afirma que, portanto, os “teólogos precisam ainda apresentar mais estudos sobre esta realidade”.

Tive ainda a oportunidade de conversar sobre isso pessoalmente com Padre Duarte Sousa Lara, exorcista em Portugal, e ele também me afirmou que isso tem sido muito discutido nos encontros da Associação Internacional de Exorcistas, Associação esta que teve na data de 13 de junho de 2014 seu estatuto jurídico aprovado pela Congregação para o Clero.

Portanto, o que fica claro para nós depois de todos estes relatos, juntamente com a doutrina da Igreja, é termos a certeza que uma vez que a pessoa morreu, acontece de forma imediata o seu Juízo Particular. Neste Juízo a pessoa vai para o Céu, Inferno ou Purgatório… Portanto, não ficam de forma nenhuma vagantes por aí, sem nenhum tipo de destino, soltas… Há um juízo e definição de estado…

Agora, o que realmente ainda é um mistério é a possibilidade de algum tipo de ação destas almas no estado/lugar em que se encontram…

Sabemos, dos relato de alguns santos, como por exemplo Santa Margarida Maria Alacoque, Santa Gertrudes e outros mais, que tiveram a experiência de ver algumas almas, e que as mesmas, afirmavam eles, eram almas do Purgatório que precisavam de orações. Uma vez que assumiram a atitude de celebrar missas e rezar por estas almas, elas pararam de aparecer à elas.

As almas que se encontram no céu se unem a nós que estamos na terra dentro da realidade que a Igreja nos ensina sobre a “Comunhão dos Santos“, que o Catecismo traz a partir do numero 946.

E as almas que se encontram no inferno, sabemos que não há mais a possibilidade de salvação para elas, mas, se existe algum outro tipo de intervenção na terra, continua sendo um mistério para nós.

Um fato bem importante sobre a questão de ver almas penadas ou de parentes que morreram é que não se pode excluir a possibilidade de uma ação do Demônio para iludir a pessoa. Fazendo assim com que ela busque meios inapropriados como o espiritismo, a psicografia e as seitas ocultas, para ter contato com tais espíritos, e aí sim isso fará com que tais pessoas tenham contatos diretamente com demônios, como afirma São Tomas de Aquino, em sua Suma Teológica.

Então, qualquer tipo de experiência que tenhamos vivido, ou que ouvimos de outras pessoas e podemos aconselhar é: devemos rezar por estas almas! A forma mais eficaz é o oferecimento de missas por elas, como nos ensina a doutrina católica.

Ainda que não tenhamos a compreensão de tantos mistérios e desígnios de Deus, podemos nos achegar a Ele como Pai e, mesmo sem as respostas que queremos, uma coisa é certa, seu amor não nos falta nunca. Isso nos basta!

(via Livres de todo mal)

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