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O “Museu da Tortura” e a Inquisição: detonando um post mentiroso

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Por VladKol/Shutterstock

O Catequista - publicado em 06/12/18

Recentemente viralizou uma postagem sobre supostos instrumentos de tortura que teriam sido usados na Inquisição - e nós vamos esclarecer a verdade

Recentemente viralizou uma postagem sobre supostos instrumentos de tortura que teriam sido usados na Inquisição. Uma página no Facebook apresentou 25 imagens de cenários do Museu da Tortura (que fica na Califórnia), e disse que aquelas imagens horrendas seriam de uma exposição sobre tipos de tortura aplicados pela Inquisição.

Mentira! E vamos provar aqui.

A primeira evidência de fake news está na foto abaixo, que mostra um homem (um boneco) com a língua perfurada por um prego. Note que placa que descreve a cena diz, em inglês: “Língua pregada era a punição por espalhar fofoca, calúnia ou piadas sobre os governantes oficiais”.

Só indigente mental pode achar que a Inquisição investigava fofoqueiros e piadistas! A Inquisição jamais se ocupou dessas coisas: seu combate era contra as heresias. O crime descrito na placa da foto acima é obviamente um assunto de interesse meramente secular, nada a ver com religião.

A segunda evidência de fake news é a foto abaixo. Esse instrumento, chamado “dama de ferro”, não só nunca foi usado pela Inquisição, como nem mesmo existia na Idade Média!

A dama de ferro é invenção moderna. Vários museus do mundo já reconheceram que as damas de ferro que possuem em seu acervo são, na verdade, peças fraudadas por impostores do século XIX em diante (confira aqui o artigo do San Diego Museum of Man, da Califórnia).

A terceira evidência de fake news é o parecer dos mais renomados historiadores do mundo, especializados no tema das Inquisições. Entre muitos, podemos citar Henry Kamen, Agostino Borromeo, Jean Louis Biget e Cecil Roth (este último é um JUDEU, duro crítico da Inquisição Espanhola). Todos esses historiadores célebres afirmam que a tortura RARAMENTE era aplicada nas diversas Inquisições, e seus métodos eram relativamente muito brandos, se comparados aos aplicados pelos tribunais seculares.

Por meio de decretos papais, A Igreja Católica impôs fortes limites à crueldade da tortura. Era proibido derramar sangue dos réus e não se podia causar nenhum dano físico profundo ao torturado.

Por isso, durante os interrogatórios realizados pelos inquisidores, seria impossível ver cenas como as mostradas naquele post calunioso: língua mutilada, ratos roendo o ventre, cabeça decepada, afogamento em barril, olhos arrancados…

As únicas imagens daquela postagem que realmente ilustram as torturas aplicadas nos tribunais das Inquisições são duas: a flagelação e o garfo.

A imagem da moça prestes a ser queimada na fogueira também corresponde, pois o Estado estabelecia que a pena capital para crimes dessa natureza era a morte na fogueira. Mas na maioria dos casos o herege condenado era morto por estrangulamento antes de ser queimado na fogueira. Assim tinha uma morte mais rápida e menos dolorosa.

Outros tipos de tortura aplicados pela Inquisição eram: a garrucha e o strappado, a “toca”, queimaduras com carvão em brasa e o cavalete. Eram ruins? Obviamente! Mas ao menos os réus, em geral, saíam inteiros das sessões de tortura, sem nenhum membro inválido ou mutilado. É por isso que, segundo Henry Kamen, havia detentos de prisões seculares que faziam de tudo para serem reconhecidos como hereges, para assim serem transferidos para uma prisão da Inquisição, onde certamente receberiam um tratamento muito mais misericordioso.

(via Catequista)

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